sábado, 29 de março de 2014

Lampedusa Americana: Nogales (Arizona)

El propósito de este viaje es resaltar el sufrimiento humano causado por un sistema migratorio fallido, un aspecto del debate nacional sobre inmigración que es frecuentemente pasado por desapercibido. (Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos)


Lampedusa soma hoje a condição de ser símbolo de primeiro ponto de sonhada chegada, de entrada de pessoas que deixam sua pátria em busca de melhores condições de vida para si e para seus familiares em países mais abastados. E vez por outra lugar de tragédias para essas pessoas. Ou, mesmo à semelhança do Muro de Berlim, símbolo de separação ou de divisão.

A Ilha de Lampedusa ganhou destaque internacional em razão da presença do Papa Francisco no local numa situação de tragédia. O Papa acorreu a esse local para dar conforto, ser solidário ao sofrimento de tantos emigrantes que perderam suas vidas sem antes alcançar Lampedusa. Aí, no dia 8 de julho de 2013, o Papa Francisco celebrou Missa pelas vítimas dos naufrágios, cuja homilia pode ser lida aqui.

Os Estados Unidos da América do Norte, o eldorado sonhado, também tem a sua Lampedusa. Cuida-se de Nogales, no Estado do Arizona. Nogales é a Lampedusa Americana. Ou, como lá se diz: "Nossa  Lampedusa" ('Our Lampedusa').

O Estado do Arizona nos Estados Unidos faz divisa com o de Sonora no México, e a cidade de Nogales fica na fronteira entre os dois países. Ou melhor, a Nogales americana faz limite com a Heroica Nogales (ou, simplesmente, Nogales) mexicana. E um grande muro as separa, assemelhando-se ao de Berlim.

Na esteira pastoral do Papa Francisco, Bispos dos Estados Unidos e do México irão encontrar-se em Nogales entre os dias 30 de março e 1º de abril de 2014, e irão caminhar na fronteira entre os dois países (Estados Unidos e México) e celebrar uma Missa em memória dos aproximadamente 6.000 emigrantes que, desde 1998, perderam a vida no deserto.

Tudo isso tem um significado simbólico profundo e importante, ou seja, é a Igreja que se faz próxima dos que sofrem, se faz companheira, e conforta.


Fonte da imagem:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Entering_Arizona_on_I-10_Westbound.jpg

terça-feira, 25 de março de 2014

Vigília Pascal: símbolos e significado


O padre José Manuel Garcia Cordeiro, ou simplesmente Padre José Cordeiro, hoje Bispo da Diocese Bragança-Miranda (Portugal), escreveu excelente artigo sobre a "Vigília Pascal: símbolos e significado", divulgado pela Agência Ecclesia em abril de 2011.

Aproxima-se a celebração da Vigília Pascal, que Santo Agostinho considera "a mãe de todas as santas vigílias". É, pois, oportuna a leitura do artigo do Padre José Cordeiro que continua atual, cujo texto reproduzo:

Vigília Pascal: símbolos e significado

Celebração central do calendário litúrgico é a mais importante na Igreja Católica


Na noite, em que Jesus Cristo passou da morte à vida, a Igreja convida os seus filhos a reunirem-se em vigília e oração. Na verdade, a Vigília pascal foi sempre considerada a mãe de todas a vigílias e o coração do Ano litúrgico. A sensibilidade popular poderia pensar que a grande noite fosse a noite de Natal, mas a teologia e a liturgia da Igreja adverte que é a noite da Páscoa, «na qual a Igreja espera em vigília a Ressurreição de Cristo e a celebra nos sacramentos» (Normas gerais sobre o Ano litúrgico, 20). No texto do Precónio pascal, chamado o hino “Exsultet” e que se canta nesta celebração, diz-se que esta noite é «bendita», porque é a «única a ter conhecimento do tempo e da hora em que Cristo ressuscitou do sepulcro! Esta é a noite, da qual está escrito: a noite brilha como o dia e a escuridão é clara como a luz». Por isso, desde o início a Igreja celebrou a Páscoa anual, solenidade das solenidades, com um vigília noturna.

A celebração da Vigília pascal articula-se em quatro partes: 1) a liturgia da luz ou “lucernário”; 2) a liturgia da Palavra; 3) a liturgia batismal; 4) a liturgia eucarística.

1) A liturgia da luz consiste na bênção do fogo, na preparação do círio e na proclamação do precónio pascal. O lume novo e o círio pascal simbolizam a luz da Páscoa, que é Cristo, luz do mundo. O texto do precónio evidencia-o quando afirma que «a luz de Cristo (...) dissipa as trevas de todo o mundo» e convida a «celebrar o esplendor admirável desta luz (...) na noite ditosa, em que o céu se une à terra, em que o homem se encontra com Deus!».

2) A liturgia da Palavra propõe sete leituras do Antigo Testamento, que recordam as maravilhas de Deus na história da salvação e duas do Novo Testamento, ou seja, o anúncio da Ressurreição segundo os três Evangelhos sinópticos, e a leitura apostólica sobre o Batismo cristão como sacramento da Páscoa de Cristo. Assim, a Igreja, «começando por Moisés e seguindo pelos Profetas» (Lc 24,27), interpreta o mistério pascal de Cristo. Toda a escuta da Palavra é feita à luz do acontecimento-Cristo, simbolizado no círio colocado no candelabro junto ao Ambão ou perto do Altar.

3) A liturgia batismal é parte integrante da celebração. Quando não há Batismo, faz-se a bênção da fonte batismal e a renovação das promessas do Batismo. Do programa ritual consta, ainda, o canto da ladainha dos santos, a bênção da água, a aspersão de toda a assembleia com a água benta e a oração universal. A Igreja antiga batizava os catecúmenos nesta noite e hoje permanece a liturgia batismal, mesmo sem a celebração do Batismo.

4) A liturgia eucarística é o momento culminante da Vigília, qual sacramento pleno da Páscoa, isto é, a memória do sacrifício da Cruz, a presença de Cristo Ressuscitado, o ápice da Iniciação cristã e o antegozo da Páscoa eterna.

Estes quatro momentos celebrativos têm como fio condutor a unidade do plano de salvação de Deus em favor dos homens, que se realiza plenamente na Páscoa de Cristo por nós. Por consequência, a Ressurreição de Cristo é o fundamento da fé e da esperança da Igreja.

Gostaria de destacar dois elementos expressivos desta solene vigília: a luz e a água.

A Vigília na noite santa abre com a liturgia da luz, evocando a ressurreição de Cristo e a peregrinação de Israel guiado pela coluna de fogo. A liturgia salienta a potência da luz, como o símbolo de Cristo Ressuscitado, no círio pascal e nas velas que se acendem do mesmo, na iluminação progressiva das luzes da igreja, ao acender das velas do altar e com as velas acesas na mão para a renovação das promessas batismais. O símbolo mais iluminador é o círio, que deve ser de cera, novo cada ano e relativamente grande, para poder evocar que Cristo é a luz dos povos. Ao acender o círio pascal do lume novo, o sacerdote diz: «A luz de Cristo gloriosamente ressuscitado nos dissipe as trevas do coração e do espírito» e depois apresenta o círio como «lumen Christi - a luz de Cristo». Quando alguém nasce, costuma-se dizer que «veio à luz» ou que «a mãe deu à luz». Podemos, por isso dizer que a Igreja veio à luz na Páscoa de Cristo. De facto, toda a vida da Igreja encontra a sua fonte no mistério da Páscoa de Cristo.

A água na liturgia é, igualmente, um símbolo muito significativo. «A água é rica de mistério» (R. Guardini). Ela é simples, pura, limpa e desinteressada. Símbolo perfeito da vida, que Deus preparou, ao longos dos tempos, para manifestar melhor o sentido do Batismo. A oração da bênção da água faz memória da ação salvífica de Deus na história através da água. Com efeito, a água é benzida, para que o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, «no sacramento do Batismo seja purificado das velhas impurezas e ressuscite homem novo pela água e pelo Espírito Santo». Na tradição eclesial, a fonte batismal é comparada ao seio materno e a Igreja à mãe que dá à luz

O simbolismo fundamental da celebração litúrgica da Vigília é o de ser uma “noite clara”, ou melhor «a noite que brilha como o dia e a escuridão é clara como a luz». Esta noite inaugura o “Hodie - Hoje” da liturgia, como se tratasse de um único dia de festa sem ocaso (o dia da celebração festiva da Igreja que se prolonga pela oitava pascal e pelos cinquenta dias do Tempo pascal), no qual se diz «eis o dia que fez o Senhor, nele exultemos e nos alegremos» (Sl 118).

Padre José Cordeiro, Reitor do Pontifício Colégio Português (Roma)


Na Vigília Pascal, o Círio é um dos símbolos mais expressivos, razão pela qual recomendo a leitura do que já postamos a respeito - Círio Pascal: Eis a luz de Cristo!

Para preparar as celebrações da Semana Santa, inclusive a Vigília Pascal, recomendo, como já postado, a leitura do Pequeno Manual para a  Semana Santa.


Leia mais:

Semana Santa e Tríduo Pascal

A Teologia do Círio Pascal


Fonte do texto reproduzido:
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=85314

Fonte da primeira imagem:
http://www.pnsps.com.br/2012/04/vigilia-pascal-ano-b.html

Fonte da segunda imagem:
http://www.sbjesus.com.br/o-cirio-pascal/

sexta-feira, 21 de março de 2014

Padre J. B. Libanio: Migração e tráfico de seres humanos

As pessoas fogem da vida dura e penosa do campo. Não têm as comodidades que a vitrine da cidade ostenta. Nas cidades, o trabalho, o melhor salário, as cores e luzes do consumismo e do prazer, as possibilidades culturais, a experiência de liberdade seduzem altamente. E as migrações aumentam. (Padre J. B. Libanio)


O Padre João Batista Libanio, com seu olhar de teólogo, deixou-nos um precioso artigo sobre a migração e o tráfico de seres humanos publicado em 16/4/2010.

A Campanha da Fraternidade de 2014 (CF-2014), que tem como tema "Fraternidade e Tráfico Humano", acaba de coincidir com a mesma preocupação que já tivera o Padre Libanio, em abril de 2010, ao escrever o artigo "Migração e tráfico de seres humanos".

Por sua pertinência com a CF-2014, reproduzo, em sua inteireza, o artigo:

Migração e tráfico de seres humanos
A migração data do início da hominização. Os primeiros humanos se nomadizaram. Iam à cata de frutos selvagens e de caça. Esgotavam-se esses recursos, caminhavam então para frente. Assim viveram milhões de anos. Por volta dos anos 8000 a.C., acontece a revolução agrícola. O nômade se fixa no cultivo da terra e na domesticação de animais para o trabalho. Tal fato provoca o sedentarismo com moradia fixa em aldeias.
Daí para frente a migração e a estabilidade disputam as pessoas. Sempre houve aventureiros que se lançaram a navegar pelos oceanos e a caminhar pelas terras. A sociedade rural, porém, manteve certa estabilidade. Vivia-se onde se trabalhava. As grandes movimentações aconteciam em momentos de catástrofes.
A revolução industrial desequilibrou a balança. Demandava mão de obra e começava a formar aglomerados urbanos. Esses atraiam cada vez mais os camponeses que migraram massivamente para as cidades. Até hoje o fenômeno continua. No Brasil, as metrópoles incham desordenadamente com o êxodo rural.
Somam vários fatores. As pessoas fogem da vida dura e penosa do campo. Não têm as comodidades que a vitrine da cidade ostenta. Nas cidades, o trabalho, o melhor salário, as cores e luzes do consumismo e do prazer, as possibilidades culturais, a experiência de liberdade seduzem altamente. E as migrações aumentam.
O sistema capitalista industrial deslocou pessoas do campo, mas, de certa maneira, fixou-as na cidade. O êxodo se fazia contínuo do espaço rural para o urbano. A transformação do capitalismo por obra da eletrônica, informática, alta tecnologia está a produzir outro desequilíbrio. As massas urbanas caem no desemprego. E elas começam a mover-se das regiões, cidades, países e até continentes pobres para outros lugares que acenam para futuro melhor. Os habitantes de países ricos refugam trabalhos braçais, de baixo salário e sujos. Então contratam estrangeiros de países pobres para executá-los. De novo, voltam as migrações já de outra natureza.
Mais: o capitalismo neoliberal aumenta a brecha entre os Mundos Primeiro e Terceiro. Então gera imensas massas de miseráveis que se deslocam à busca de sobrevivência que não encontram onde moram. A Europa e a América do Norte surgem como a meca de tantos famintos. Mas elas cerram as fronteiras reforçando o policiamento contra os migrantes. Imensa tragédia humana que tende a crescer. O sistema econômico comete, ao mesmo tempo, dois crimes. Aumenta o número das vítimas e cerra-lhes as portas de saída.
Soma-se a essa monstruosidade social o nefando tráfico humano sexual que alimenta a vida perversa de grandes centros urbanos tanto nacionais como estrangeiros. Acenam a presas carentes o dinheiro fácil do comércio sexual. E a ética naufraga por todos os lados.


Leia mais:

O legado do padre João Batista Libanio


Fonte do artigo reproduzido:
http://www.jblibanio.com.br/modules/wfsection/article.php?articleid=576

Fonte da imagem:
http://www.domtotal.com.br/colunas/detalhes.php?artId=4058

domingo, 16 de março de 2014

Transfiguração: subir com a oração e descer com a caridade fraterna

“É muito importante este convite do Pai. Nós, discípulos de Jesus, somos chamados a ser pessoas que escutam a sua voz e tomam a sério as suas palavras. Para tal, há que seguir Jesus como faziam as multidões do Evangelho…” (Papa Francisco)

Segundo Domingo da Quaresma do Ano A - São Mateus (2013/2014), 16 de março de 2014. Neste Domingo está sendo proclamado o Evangelho da Transfiguração de Jesus (Mt 17,1-9).

Vamos nos deter na Oração do Angelus - Regina Coeli, deste Domingo (16/3/2014), ou melhor, nas palavras do Papa Francisco, em primeira mão veiculadas, em tradução resumida, pela Rádio Vaticano. A montanha é esse símbolo da proximidade com Deus, é onde nos abastecemos para, descendo, trabalhar na planície, no mundo do nosso dia a dia.

O Papa exorta-nos a captar (e a viver) o sentido da Transfiguração:

“Temos necessidade de ir para um lugar à parte, de subir à montanha a um espaço de silêncio, para nos reencontrarmos a nós próprios e captar melhor a voz do Senhor.
Mas não podemos permanecer ali! O encontro com Deus na oração impulsiona-nos novamente a ‘descer da montanha’ regressando à planície, onde encontramos tantos irmãos afligidos por dificuldades, injustiças, pobreza material e espiritual.”
 

Isso e muito mais pode ser lido nos links mencionados e, oportunamente, em tradução oficial para o português, selecionando (Angelus, 16 de março de 2014) aqui.


Fonte da imagem:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Transfigurationbloch.jpg

sexta-feira, 14 de março de 2014

O legado do padre João Batista Libanio

A fonte da vocação encontra-se no desejo, no entusiasmo e na alegria de servir o povo de Deus. Nada faz o ser humano ser tão feliz como colaborar no crescimento interior e espiritual das pessoas. (J. B. Libanio)


Dono de farta cultura, o escritor e palestrante padre João Batista Libanio, SJ, deixou um legado teológico invejável para a presente e futuras gerações. Já próximo de completar 82 anos, ele esteve sempre ativo.

Como Deus apronta surpresas, fomos colhidos pelo inesperado falecimento (infarto fulminante) do grande teólogo jesuíta, no dia 30 de janeiro de 2014, na cidade de Curitiba, onde estava orientando um retiro para professores.

O noticiário (como o Estado de Minas Gerais), inclusive a News.Va (agência de notícias do Vaticano), já se ocupou sobre informar o falecimento do padre João Batista Libanio.

Vou me ocupar apenas de algo mais ameno, focalizando algumas colocações feitas pelo próprio padre Libânio.

Ao tempo da visita do Papa Francisco ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, o padre Libanio declarou ao jornal Estado de Minas Gerais, edição de 29 de julho de 2013:

“A novidade, em comparação com João Paulo II e Bento XVI, é que ele não chegou com um discurso pronto como simples reafirmação da doutrina, mas falou com base na realidade, improvisando com mensagens curtas e simples”.

E, depois, veio a escrever sobre o Papa Francisco:

“Conheceu de perto a triste figura das grandes cidades latino-americanas e assim adquiriu conhecimento e compreensão do mundo dos pobres. Falará dele não por informação acadêmica, mas a partir da experiência vivida no cotidiano. Não lhe cabem adjetivos de conservador ou de tradicional. Vale mais dizer que lhe habitam o coração vivências que o aproximam dos pobres. E daí haurirá luzes e força pela presença do Espírito para ajudar a Igreja no caminho em direção aos pobres.”

Padre Libanio deixa uma vasta obra em livros, não só de teologia mas também de formação. Deixa os lições, os ensinamentos das palestras e homilias, bem como as mais coisas ligadas à espiritualidade. Neste aspecto, observe-se que ele faleceu por ocasião em que orientava um retiro de professores. 

A sua atividade literária (livros, homilias, artigos vários, recensões) podem ser conferidos aqui.

Da vasta e preciosa bibliografia, menciono: A arte de formar-se; Eu creio - Nós cremos. Tratado da fé; Introdução à Teologia, perfil, enfoques, tarefas (em parceria com Afonso Murad); Teologia  da Libertação: roteiro didático para um estudo; e Teologia da Revelação a partir da Modernidade.


Leia mais:

"Acolhi a vida como um dom". Morre, aos 81 anos, João Batista Libânio

João Batista Libanio - Colunas Dom Total


Fonte da imagem:
http://www.arquidiocesebh.org.br/site/noticias.php?id_noticia=7349

quinta-feira, 13 de março de 2014

Um ano do Pontificado do Papa Francisco, Bispo de Roma

Queremos tornar-nos santos?
 Sim ou não? (Papa Francisco)


O Cardeal Jorge Mário Bergoglio, S.J, Arcebispo do Arcebispado de Buenos Aires, foi escolhido Bispo de Roma e, por conseguinte, Papa da Igreja Católica Apostólica Romana, em 13 de março de 2013, sucedendo ao Papa Bento XVI (conferir Declaratio aqui).

Ao ser eleito, escolheu o nome Francisco com referência direta a São Francisco de Assis, o santo dos pobres, reconstrutor da Igreja. Conta-se que o Cardeal Dom Frei Cláudio Hummes, O.F.M., Arcebispo Emérito da Arquidiocese de São Paulo, teve influência na escolha do nome, posto que lembrou ao eleito que não se esquecesse dos pobres (conferir vídeo abaixo). Ambos os Cardeais são de ordem religiosa: Cardeal Bergoglio é um jesuíta, enquanto Cardeal Hummes é franciscano.
 
Para o aniversário de um ano de pontificado do Papa Francisco, o Vaticano publicou um álbum digital com fotografias e citações do Papa.

Muito atraente e bonito, o álbum, em português, pode ser conferido aqui.

 


Leia mais:

1º aniversário: Papa tuíta pedindo orações aos fiéis

Papa Francisco - um ano de pontificado nos comentários transmitidos pela RV em língua portuguesa 

O meu primeiro ano com o Papa Francisco - Mons. Xuereb, secretário particular do Santo Padre

Padre Lombardi e o primeiro ano de Francisco


Fonte da imagem:
http://papa.cancaonova.com/a-reforma-da-igreja-no-pontificado-de-francisco/

sábado, 8 de março de 2014

Dia Internacional da Mulher - 2014

"Mas agradecer não basta, já sei. Infelizmente, somos herdeiros de uma história com imensos condicionalismos que, em todos os tempos e latitudes, tornaram difícil o caminho da mulher, ignorada na sua dignidade, deturpada nas suas prerrogativas, não raro marginalizada e, até mesmo, reduzida à escravidão." (João Paulo II)

 
Comemora-se hoje, dia 8 de março de 2014, sábado, o Dia Internacional da Mulher.

As palavras do saudoso Papa João Paulo II são apropriadas para expressar a devida homenagem a todas as mulheres:

"O obrigado ao Senhor pelo seu desígnio sobre a vocação e a missão da mulher no mundo, torna-se também um concreto e directo obrigado às mulheres, a cada mulher, por aquilo que ela representa na vida da humanidade.

Obrigado a ti, mulher-mãe, que te fazes ventre do ser humano na alegria e no sofrimento de uma experiência única, que te torna o sorriso de Deus pela criatura que é dada à luz, que te faz guia dos seus primeiros passos, amparo do seu crescimento, ponto de referência por todo o caminho da vida.

Obrigado a ti, mulher-esposa, que unes irrevogavelmente o teu destino ao de um homem, numa relação de recíproco dom, ao serviço da comunhão e da vida.

Obrigado a ti, mulher-filha e mulher-irmã, que levas ao núcleo familiar, e depois à inteira vida social, as riquezas da tua sensibilidade, da tua intuição, da tua generosidade e da tua constância.

Obrigado a ti, mulher-trabalhadora, empenhada em todos os âmbitos da vida social, económica, cultural, artística, política, pela contribuição indispensável que dás à elaboração de uma cultura capaz de conjugar razão e sentimento, a uma concepção da vida sempre aberta ao sentido do «mistério», à edificação de estruturas económicas e políticas mais ricas de humanidade.

Obrigado a ti, mulher-consagrada, que, a exemplo da maior de todas as mulheres, a Mãe de Cristo, Verbo Encarnado, te abres com docilidade e fidelidade ao amor de Deus, ajudando a Igreja e a humanidade inteira a viver para com Deus uma resposta «esponsal», que exprime maravilhosamente a comunhão que Ele quer estabelecer com a sua criatura.

Obrigado a ti, mulher, pelo simples facto de seres mulher! Com a percepção que é própria da tua feminilidade, enriqueces a compreensão do mundo e contribuis para a verdade plena das relações humanas".


Leia mais:



Fonte do texto reproduzido:
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/letters/1995/documents/hf_jp-ii_let_29061995_women_po.html

Fonte da imagem:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/dia-internacional-da-mulher/dia-internacional-da-mulher.php

quarta-feira, 5 de março de 2014

CF-2014: Mensagem do Papa Francisco

A pessoa humana não se deveria vender e comprar como uma mercadoria. (Papa Francisco)


Por ocasião da Campanha da Fraternidade-2014, cuja abertura oficial acontece nesta Quarta-Feira de Cinzas, o Papa Francisco enviou Mensagem aos brasileiros, que, na íntegra, reproduzo:

"MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
AOS FIÉIS BRASILEIROS
POR OCASIÃO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2014

Queridos brasileiros

Sempre lembrado do coração grande e da acolhida calorosa com que me estenderam os braços na visita de fins de julho passado, peço agora licença para ser companheiro em seu caminho quaresmal, que se inicia no dia 5 de março, falando-lhes da Campanha da Fraternidade que lhes recorda a vitória da Páscoa: «É para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gal 5,1). Com a sua Paixão, Morte e Ressurreição, Jesus Cristo libertou a humanidade das amarras da morte e do pecado. Durante os próximos quarenta dias, procuraremos conscientizar-nos mais e mais da misericórdia infinita que Deus usou para conosco e logo nos pediu para fazê-la transbordar para os outros, sobretudo aqueles que mais sofrem: «Estás livre! Vai e ajuda os teus irmãos a serem livres!». Neste sentido, visando mobilizar os cristãos e pessoas de boa vontade da sociedade brasileira para uma chaga social qual é o tráfico de seres humanos, os nossos irmãos bispos do Brasil lhes propõem este ano o tema “Fraternidade e Tráfico Humano”. 

Não é possível ficar impassível, sabendo que existem seres humanos tratados como mercadoria! Pense-se em adoções de criança para remoção de órgãos, em mulheres enganadas e obrigadas a prostituir-se, em trabalhadores explorados, sem direitos nem voz, etc. Isso é tráfico humano! «A este nível, há necessidade de um profundo exame de consciência: de fato, quantas vezes toleramos que um ser humano seja considerado como um objeto, exposto para vender um produto ou para satisfazer desejos imorais? A pessoa humana não se deveria vender e comprar como uma mercadoria. Quem a usa e explora, mesmo indiretamente, torna-se cúmplice desta prepotência» (Discurso aos novos Embaixadores, 12 de dezembro de 2013). Se, depois, descemos ao nível familiar e entramos em casa, quantas vezes aí reina a prepotência! Pais que escravizam os filhos, filhos que escravizam os pais; esposos que, esquecidos de seu chamado para o dom, se exploram como se fossem um produto descartável, que se usa e se joga fora; idosos sem lugar, crianças e adolescentes sem voz. Quantos ataques aos valores basilares do tecido familiar e da própria convivência social! Sim, há necessidade de um profundo exame de consciência. Como se pode anunciar a alegria da Páscoa, sem se solidarizar com aqueles cuja liberdade aqui na terra é negada?

Queridos brasileiros, tenhamos a certeza: Eu só ofendo a dignidade humana do outro, porque antes vendi a minha. A troco de quê? De poder, de fama, de bens materiais… E isso – pasmem! – a troco da minha dignidade de filho e filha de Deus, resgatada a preço do sangue de Cristo na Cruz e garantida pelo Espírito Santo que clama dentro de nós: «Abbá, Pai!» (cf. Gal 4,6). A dignidade humana é igual em todo o ser humano: quando piso-a no outro, estou pisando a minha. Foi para a liberdade que Cristo nos libertou! No ano passado, quando estive junto de vocês afirmei que o povo brasileiro dava uma grande lição de solidariedade; certo disso, faço votos de que os cristãos e as pessoas de boa vontade possam comprometer-se para que mais nenhum homem ou mulher, jovem ou criança, seja vítima do tráfico humano! E a base mais eficaz para restabelecer a dignidade humana é anunciar o Evangelho de Cristo nos campos e nas cidades, pois Jesus quer derramar por todo o lado vida em abundância (cf. Evangelii gaudium, 75). 

Com estes auspícios, invoco a proteção do Altíssimo sobre todos os brasileiros, para que a vida nova em Cristo lhes alcance, na mais perfeita liberdade dos filhos de Deus (cf. Rm 8,21), despertando em cada coração sentimentos de ternura e compaixão por seu irmão e irmã necessitados de liberdade, enquanto de bom grado lhes envio uma propiciadora Bênção Apostólica.

Vaticano, 25 de fevereiro de 2014.

Franciscus PP. "


Muitas coisas sobre a pessoa humana Francisco já as enfrentou na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, e também estas palavras do Papa concorrem para encorpar o tema da Campanha da Fraternidade de 2014 (Fraternidade e Tráfico Humano):

“Sempre me angustiou a situação das pessoas que são objecto das diferentes formas de tráfico. Quem dera que se ouvisse o grito de Deus, perguntando a todos nós: «Onde está o teu irmão?» (Gn 4, 9). Onde está o teu irmão escravo? Onde está o irmão que estás matando cada dia na pequena fábrica clandestina, na rede da prostituição, nas crianças usadas para a mendicidade, naquele que tem de trabalhar às escondidas porque não foi regularizado? Não nos façamos de distraídos! Há muita cumplicidade... A pergunta é para todos! Nas nossas cidades, está instalado este crime mafioso e aberrante, e muitos têm as mãos cheias de sangue devido a uma cómoda e muda cumplicidade.” (n. 211)


Leia mais:

Iniciemos a Quaresma, por Dom Orani João Tempesta


Fonte da Mensagem reproduzida:
http://www.vatican.va/holy_father/francesco/messages/pont-messages/2014/documents/papa-francesco_20140225_messaggio-fraternita_po.html

Fonte da imagem:
http://regiaoipiranga.com.br/brasil-e-fonte-e-destino-do-trafico-humano-segundo-oim.html

terça-feira, 4 de março de 2014

Jejum para além da Quaresma

aprendam a fazer o bem: busquem o direito, socorram o oprimido, façam justiça ao órfão, defendam a causa da viúva (Is 1,17).


Jejum, como ato de amor, ultrapassa o Tempo da Quaresma, ponto forte do comprometimento com a sua prática. 

Na definição do glossário de A Bíblia TEB, na tradução ecumênica, “jejum consiste em abster-se de comer e de beber durante um prazo determinado”.

Trocando em miúdos, o Secretariado Nacional de Liturgia, órgão executivo da Comissão Episcopal de Liturgia da Conferência Episcopal Portuguesa, registra :

O jejum é a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. Na disciplina tradicional da Igreja, a concretização do jejum fazia-se limitando a alimentação diária a uma refeição, embora não se excluísse que se pudesse tomar alimentos ligeiros às horas das outras refeições.

Ainda que convenha manter-se esta forma tradicional de jejuar, contudo os fiéis poderão cumprir o preceito do jejum privando-se de uma quantidade ou qualidade de alimentos ou bebidas que constituam verdadeira privação ou penitência.

Leia mais aqui.

Porém, para o profeta Isaías, jejum não é simples e tão somente privação de alimentos. Isaías vai além. Eis o jejum que Deus prefere:

O jejum que eu quero é este: acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer jugo; repartir a comida com quem passa fome, hospedar em sua casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu, e não se fechar à sua própria gente. (Isaías 58, 6-7)

O Cardeal Jorge Mário Bergoglio, então Arcebispo de Buenos Aires, hoje Papa Francisco, não pensa e não age diferente. A sua Mensagem “Jejuar é Amar” - Gesto Solidário da Quaresma 2009, com início na Quarta de Feira de Cinzas (25 de fevereiro de 2009), guarda semelhança com as pegadas do profeta Isaías. Dizia o Arcebispo:

Uno de los pilares de nuestro camino de preparación cuaresmal es el ayuno; pero éste debe partir del amor y llevarnos a un amor más grande. El ayuno que Dios quiere sigue siendo “partir nuestro pan con el hambriento, albergar al pobre sin abrigo, vestir al desnudo y no dar la espalda al hermano”.

Ou, em tradução livre:

“Um dos pilares de nosso caminho de preparação quaresmal é o jejum; porém este deve partir do amor e levar-nos a um amor ainda maior. O jejum que Deus quer continua sendo: “partir nosso pão com o esfomeado, albergar o pobre sem abrigo, vestir o despido e não dar as costas para o irmão”.”

Na íntegra, esta Mensagem “Jejuar é Amar”, em castelhano, pode ser lida aqui.

Por sua atualidade e importância, o L'Osservatore Romano, na edição de 28 de fevereiro de 2014, se reporta à Mensagem do então Cardeal, hoje Papa Francisco, com a manchete: A quaresma de Bergoglio: Assim pregava aos fiéis o arcebispo de Buenos Aires, cujo texto, em português, pode ser lido aqui.

Tomo a liberdade de ir um pouco mais além. Por que não um jejum das palavras, da língua? Nesse sentido, ouso dizer que convergem as palavras do Papa Francisco na Oração do Angelus, domingo, 9 de fevereiro de 2014, que, a certa altura, diz:

Chegamos às indiscrições: também os mexericos podem matar, porque matam a reputação das pessoas! É tão feio falar mal! No início pode parecer uma coisa agradável, até divertida, como comer um rebuçado. Mas no final, enche-nos o coração de amargura, e envenena também a nós. Digo-vos a verdade, estou certo de que se cada um de nós fizesse o propósito de evitar os mexericos, tornar-se-ia santo! É um bom caminho! Queremos tornar-nos santos? Sim ou não? [Praça: Sim!] Queremos viver apegados aos mexericos como costume? Sim ou não? [Praça: Não!] Então estamos de acordo: nada de indiscrições! A quem o segue, Jesus propõe a perfeição do amor: um amor cuja única medida é não ter medida, ir além de qualquer cálculo. O amor ao próximo é uma atitude tão fundamental que Jesus chega a afirmar que a nossa relação com Deus não pode ser sincera se não quisermos fazer as pazes com o próximo.

Leia mais aqui.


Fonte da imagem:
http://blog.cancaonova.com/padreluizinho/2013/03/04/esmola-ou-caridade-o-que-sao-e-como-veve-las/

sábado, 1 de março de 2014

Cardeal Seán O'Malley: Francisco está abrandando o tom, não a posição da Igreja



O Cardeal Seán Patrick O'Malley, Arcebispo da Arquidiocese de Boston e um dos religiosos mais próximos do Papa Francisco, deu uma entrevista ao The Boston Globe no dia 9 de fevereiro de 2014, objeto de divulgação pelo Vatican Insider, em edição no mesmo dia.

Em 28 de setembro de 2013, o Papa Francisco, por quirógrafo, instituiu o Conselho de Cardeais para ajuda-lo no governo da Igreja Universal e para a revisão da Constituição Apostólica "Pastor Bonus" sobre a Cúria Romana. E, desse Conselho de Cardeais, faz parte o Cardeal O'Malley, como pode ser lido aqui.

Nesse sentido, o Cardeal O'Malley, além de ser pessoa próxima ao Papa Francisco, se afigura ser autoridade eclesiástica credenciada a falar sobre a administração da Santa Sé e a vida da Igreja Universal. 

A entrevista divulgada pelo Vatican Insider, na tradução feita pela Agência Zenit (MEM) para o português, pode ser lida aqui.

Em resumo, o Evangelho, em seu conteúdo, não muda, mudam as tonalidades de como anunciá-lo, buscando facilitar, para hoje, a compreensão da mensagem evangélica proclamada há dois mil anos. Cristo e seu Evangelho estão em busca do homem e da mulher, sobremodo da ovelha desgarrada (Lc 15,3-7). A seu banquete, ele chama, manda buscar os enjeitados, os pobres, os que estão pelas esquinas da vida (Lc 14,15-24). O reino anunciado é para todos, Cristo quer a casa cheia (O senhor ordenou: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga todos a entrar, para que se encha a minha casa). O Senhor quer que os espaços sejam ocupados. E a casa cheia é sinal de festa, de alegria, de encontros e reencontros. É a alegria da Boa Nova!

E confira, ainda, o blog do Cardeal O'Malley clicando aqui.


Leia mais:

Cresce o murmurinho em Roma sobre O'Malley, de Boston

Sean Patrick O'Malley: o cardeal de hábito marrom
 
"Devemos amar a todos, inclusive aos que advogam pelo aborto", afirma o cardeal O'Malley


Fonte da imagem:
http://www.bostoncatholic.org/Cardinals-Corner/Default.aspx