sábado, 4 de junho de 2011

Deus é o "Tu" com quem dialogo



A concepção antiga do modo de olhar o universo, como ilustra a figura de cosmovisão acima, contribuiu para a visão de Deus morando distante, com a agenda sempre cheia e com tantas mil coisas a ocupar-se. Essa cosmovisão - pode-se dizer - era, de regra, comum aos povos da antiguidade. Esse Deus assim entendido, com grande peso criador, não podia estar "antenado" com o dia a dia do homem.

Deus, com sua corte celeste, morava acima da Terra, além das águas do Firmamento. O Xeol (em hebraico), ou Hades (em grego) situava-se abaixo da Terra. Em latim, Infernus (Inferno, em português), que quer dizer região inferior, cujo sentido se equivale aos termos hebraico e grego.

Não obstante essa velha e generalizada concepção do Universo que coloca Deus - se assim podemos dizer - fisicamente distante do habitat humano, o homem da Bíblia vive, entretanto, uma proximidade com Deus. J. Castellano, apoiado em M. Magrassi, diz que "Os homens da Bíblia são os amigos de Deus e tratam a Deus de "tu". Conhecem-no e sentem-se conhecidos por ele. Amam-no e sentem-se amados. Para eles, Deus não vive na estratosfera: é personagem familiar que entra na trama de suas vidas."

Para Roger Lenaers, "[...] o nome de Deus indica um Tu que apenas ama, alguém indescritível [...]. Um Tu amante que nada tem de frio nem distante, com um rosto intensamente humano."

Os Salmos estão aí para demonstrar essa proximidade entre Deus e o homem. Em Mateus, lê-se que àquela mulher que sofria de hemorragias bastava ao menos tocar no manto de Jesus, para ficar curada (Mt 9,18-26). Aproximar-se e tocar. E isso é, entre nós, tão próprio do modo de ser do homem e da mulher.

O modo de ver e entender o universo (cosmovisão) é obra da inteligência humana, e não de Deus. Passar ao largo de qualquer cosmovisão, prisioneira e limitativa de Deus ou indiferente a Deus, é um bom começo. Na medida em que sinto ou experimento Deus como o Tu que ama, fica fácil achegar-se e travar o diálogo, simples e direto, desde que eu também me proponha a amar, a escutar.

Esta antiga canção expressa bem a proximidade do Tu (Deus) e eu:


Basta que me toques, Senhor

Basta que me toques, Senhor

Minha alma fortelecerá

Se a noite escura está

Tua presença me guiará

Basta que me toques, Senhor


Basta que me olhes, Senhor...

Basta que me ames, Senhor...

Basta que eu te busque, Senhor...

Basta que eu te encontre, Senhor...

Basta que eu te fale, Senhor...

Basta que te ame, Senhor...

Basta que eu te siga, Senhor...


Afinal, Deus é amor - afirma o apóstolo (1Jo 4,8)


Fonte da imagem:
http://meucursobiblico.zip.net/arch2010-11-01_2010-11-30.html

2 comentários:

Anônimo disse...

Achei o artigo bem interessante e pelo licença para uso da ilustração.
Um abraço.
Pr. Antonio Carlos

Guedes disse...

Agradeço-lhe a visita e o comentário.

A ilustração não é minha. A fonte/crédito da ilustração se encontra no final do post.

Abraço,
Guedes.