quinta-feira, 21 de junho de 2012

Igreja: A falência do "Corpo de Deus"



Há valores na sociedade ou que precedem ao Estado como hoje constituído ou que são naturalmente inerentes à pessoa humana. A religião é um desses valores. O Estado não a institui, mas, inevitavelmente, a reconhece, ou deveria reconhecê-la também na plenitude de suas manifestações culturais.

Ao contrário, um certo relativismo vai tomando conta da sociedade, e, progressivamente, vai marginalizando da esfera pública a religião.

Atualmente, o que se passa - e de modo específico -, em Portugal bem revela nuance da face econômico-financeira do Estado. Em Portugal, não obstante possua um povo tradicionalmente católico, a solenidade de Corpus Christi, ou do Santíssimo Sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, deixará de ser feriado nacional.

A Agência Ecclesia comenta a matéria sob o título Igreja: A falência do "Corpo de Deus", onde se lê que a partir de 2013 a solenidade do Corpo e Sangue de Cristo será celebrada no domingo seguinte à quinta-feira em que se celebrava a solenidade.

Evidencia-se que questões econômicas, como produção e consumo, se sobrepõem aos tradicionais valores da sociedade. Nessa vertente estatal, os dias festivos religiosos passam a assumir papel secundário na sociedade civil.

O Estado intervem para regular: corta feriado e, com tal medida, acrescenta mais um dia de produção e consumo de bens e serviços no ciclo anual. A economia (e a política a ela se dobra) dita o comportamento.

A retirada do feriado nacional a partir de 2013 deve-se a um acordo entre, de um lado, a própria Igreja Católica em Portugal e a Santa Sé e, de outro, o Governo de Portugal. Por esse mesmo Acordo, a solenidade de Todos os Santos ficou mantida no mesmo dia - 1º de novembro -, mas sem o caráter de feriado.

Elias Couto faz restrições ao critério adotado para retirada do feriado como se feriado e dia santo (dia  festivo) tivessem a mesma equivalência. Não há um feriado que tanto pode ser civil quanto religioso com a mesma identidade de valor. O dia santo (dia festivo) não está condicionado à existência de feriado decretado pelo Estado. E afirma Elias Couto, "porque tais dias são "santos" (separados dos restantes) por razões que dizem respeito à vida da Igreja".

E, por fim, conclui o articulista: "O caminho escolhido foi outro e continuou de pé a ideia da equivalência entre "feriado" e "dia santo". Não admira, assim, se até os domingos deixam de ser tratados, por muitos católicos, como "dias santos". Com tanta gente a trabalhar aos domingos, haverá certamente católicos nessas circunstâncias. E para estes, na ausência do "feriado", não deve ser fácil viver o "dia santo", sobretudo quando a mesma Hierarquia da Igreja insiste na confusão entre um e outro."

Não é só em Portugal, há no Brasil um movimento legislativo que pretende abolir os poucos restantes feriados religiosos.


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Fonte da imagem:
http://portugal.blog.arautos.org/

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