!El habito no hace el monje, y es cierto, mas el monje sin el habito no es tan monje!
Antropologicamente, o hábito é um meio de linguagem corporal. Da perspectiva da comunicação, o hábito fala por si mesmo. É uma comunicação muito importante.
A nova edição do Diretório para o Ministério e a Vida dos Presbíteros, datado de 11 de fevereiro de 2013, da Congregação para o Clero, dispõe sobre a importância do hábito eclesiástico nestes termos que reproduzo:
Importância e obrigatoriedade do hábito eclesiástico61. Numa sociedade secularizada e de tendência materialista, em que também os sinais externos das realidades sagradas e sobrenaturais tendem a desaparecer, sente-se particularmente a necessidade de que o presbítero – homem de Deus, dispensador dos seus mistérios – seja reconhecível pela comunidade, também pelo hábito que traz, como sinal inequívoco da sua dedicação e da sua identidade de detentor de um ministério público [247]. O presbítero deve ser reconhecido antes de tudo pelo seu comportamento, mas também pelo vestir de maneira a ser imediatamente perceptível por cada fiel, melhor ainda por cada homem [248], a sua identidade e pertença a Deus e à Igreja.O hábito talar é sinal exterior de uma realidade interior: «efetivamente, o presbítero já não pertence a si mesmo, mas, pelo selo sacramental por ele recebido (cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 1563 e 1582), é “propriedade” de Deus. Este seu “ser de Outro” deve tornar-se reconhecível por parte de todos, através de um testemunho límpido. [...] No modo de pensar, falar, julgar os acontecimentos do mundo, servir e amar, e de se relacionar com as pessoas, também no hábito, o presbítero deve haurir força profética da sua pertença sacramental»[249].Por este motivo, o clérigo, bem como o diácono transitório, deve[250]:a) trazer o hábito talar ou «um hábito eclesiástico decoroso, segundo as normas emanadas pela Conferência Episcopal e segundo os legítimos costumes locais»[251]; isto significa que tal hábito, quando não é o talar, deve ser diverso da maneira de vestir dos leigos e conforme a dignidade e sacralidade do ministério. O feitio e a cor devem ser estabelecidos pela Conferência dos Bispos.b) Pela sua incoerência com o espírito de tal disciplina, as praxes contrárias não possuem a racionalidade necessária para que se possam tornar costumes legítimos[252] e devem ser removidas pela autoridade eclesiástica competente[253].Salvas situações excepcionais, o não uso do hábito eclesiástico por parte do clérigo pode manifestar uma consciência débil da sua identidade de pastor inteiramente dedicado ao serviço da Igreja[254].Além disso, a veste talar – também pela forma, cor e dignidade – é especialmente oportuna, porque distingue claramente os sacerdotes dos leigos e dá a entender melhor o caráter sagrado do seu ministério, recordando ao próprio presbítero que, sempre e em qualquer momento, é sacerdote, ordenado para servir, para ensinar, para guiar e para santificar as almas, principalmente pela celebração dos sacramentos e pela pregação da Palavra de Deus. Vestir o hábito clerical serve, ademais, para a salvaguarda da pobreza e da castidade.
Nos tempos atuais, inicialmente o hábito apresenta-se como contraponto a uma sociedade secularizada e de tendência materialista, em que também os
sinais externos das realidades sagradas e sobrenaturais tendem a
desaparecer, como a ele se refere o sobredito Diretório.
O Código de Direito Canônico, de 25 de janeiro de 1983, estabelece:
Cân. 284 — Os clérigos usem trajo eclesiástico conveniente, segundo as normas estabelecidas pela Conferência episcopal, e segundo os legítimos costumes dos lugares.
Em Apêndice, a Legislação complementar ao Código de Direito Canônico, texto da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, regulamentou quanto ao cânone 284:
Usem os clérigos um traje eclesiástico digno e simples, de preferência o "clergyman" ou "batina".
Tanto o cânone quanto o adendo da CNBB são normas imperativas (usem), e não facultativas (podem usar).
No Brasil, o clérigo está sujeito ao uso de traje eclesiástico, preferencialmente o clergyman ou a batina. Em outras palavras, a batina, que também se chama sotaina, ou calça e camisa com colarinho romano (clergyman).
Entretanto, não se pode fazer uma generalização como se tudo que o clérigo ou o religioso usem seja uma só coisa, com única denominação. Nesse sentido, cabem os esclarecimentos de Rafael Vitola Brodbeck, em seu artigo Da obrigatoriedade do uso do traje eclesiástico:
Ao contrário do que muitos pensam, o Vaticano II não aboliu o hábito dos religiosos. “O hábito religioso, sinal que é da consagração, seja simples e modesto, pobre e ao mesmo tempo decente (…).”[18]
Traje eclesiástico, traje clerical, hábito religioso.Façamos um esclarecimento de alguns termos utilizados.Traje eclesiástico é o gênero que engloba as espécies traje clerical e hábito religioso. Entende-se por hábito religioso a veste apropriada prescrita pelas regras e constituições de cada instituto. Assim, há o hábito dos carmelitas, dos franciscanos, dos beneditinos, dos cistercienses, dos redentoristas, dos capuchinhos, dos agostinianos, dos maristas, dos lassalistas etc., um diferente do outro, justamente pela simbologia e espiritualidade próprias. Por sua vez, o traje clerical é o utilizado pelos clérigos seculares (e seminaristas seculares também) e pelos religiosos que não possuem hábito próprio (como os jesuítas, os salesianos e os legionários de Cristo, por exemplo).A forma do hábito depende de cada instituto, e o traje clerical pode ser batina – também chamada sotaina – ou calça e camisa com colarinho romano – clergyman.Não podemos confundir, ademais, o traje eclesiástico com os paramentos litúrgicos, utilizados na celebração da Santa Missa, do Ofício Divino e dos diversos sacramentos e sacramentais, nem com a veste talar ou coral a ser usada pelos religiosos e clérigos no coro ou quando assistem as cerimônias litúrgicas sem celebrá-las.[18] Concílio Ecumênico Vaticano II. Decreto Perfectae Caritatis, de 28 de outubro de 1965, 17
Richard M. Gula, S.S., em sua obra Ética no Ministério Pastoral (Edições Loyola, 2ª ed., 2001, pp. 84 e 89), ao falar sobre o uso responsável do poder no relacionamento pastoral, diz que até a maneira de se vestir pode ter influência. Dele estas palavras:
Até a nossa maneira de se vestir pode ter influência. Vestir-se formalmente ou não pode ampliar ou reduzir o poder que temos sobre os outros.(...)A diferença está em trazermos "alguma coisa mais" ao ministério além de nós próprios. (...)Por sermos representantes de Quem dá sentido e objetivo à vida, há o "peso do sagrado" que acrescenta mais seriedade ao que dizemos e fazemos.
Além do universo clerical ou de profissão religiosa, pode-se acrescentar que, para as profissões laicas, o vestir-se formalmente está muito ligado à liturgia do cargo ou da função.
O hábito não faz o monge, e é certo, mas o monge sem o hábito não é tão monge!
Leia mais:
História do Hábito Eclesiástico desde suas origens até o Concílio de Trento, por Dom Marcello Stanzione
?Por qué los sacerdotes llevan clergyman o sotana?
El hábito hace al monje, por Antonio Esquivias
Colarinho Romano e clergyman: diferenças
O uso do cabeção, por Edson Sampel
Sim, o hábito faz o monge, mostra pesquisa
Fonte da primeira imagem:
https://pluralesingulares.files.wordpress.com/2011/11/images-monges-e1321574308721.jpg
Fonte da segunda imagem:
https://pt.zenit.org/articles/o-uso-do-cabecao/
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