sábado, 25 de março de 2017

Presbitério: vitrine litúrgica para o povo e como reverenciar o Evangelho de Cristo proclamado



Numa clássica definição de A. Nosetti e C. Cibien (Dicionário de Liturgia, organizado por Domenico Sartore e Achille M. Triacca), presbitério é o:

Espaço em torno do altar reservado ao bispo e ao clero.

Para o Cerimonial dos Bispos, presbitério é "o espaço em que o Bispo, presbíteros e ministros exercem o seu ministério" (n. 50). Para a Instrução Geral do Missal Romano - IGMR (3ª edição típica), presbitério "é o lugar onde se encontra localizado o altar, onde é proclamada a Palavra de Deus, e nele o sacerdote, o diácono e os demais ministros exercem seu ministério." (n. 295)

As normas preveem que o presbitério deve distinguir-se do todo da igreja, ser suficientemente amplo e ter uma estrutura mais elevada, de modo que os atos ali realizados possam ser vistos e participados, presenciados e acompanhados por todos.

Para José de Leão Cordeiro "o presbitério é o lugar onde os presbíteros e todos os ministros litúrgicos (...) realizam o seu ministério", como se lê em seu "O Livro do Acólito".

Na igreja ou na catedral, como área "reservada ao corpo presbiteral e a outros ministérios envolvidos da direção e presidência das celebrações" (José Aldazábal), o presbitério é a vitrine de toda a assembleia reunida, cujos membros se espelham naqueles que estão no presbitério para absorção de gestos litúrgicos comuns uns aos outros.

Na verdade, a celebração requer, para a sua beleza, unidade de gestos e posições corporais. Por isso, a Instrução Geral do Missal Romano exalta o valor e a finalidade dos gestos e posições do corpo: 

42. Os gestos e posições do corpo tanto do sacerdote, do diácono e dos ministros, como do povo devem contribuir para que toda a celebração resplandeça pelo decoro e nobre simplicidade, se compreenda a verdadeira e plena significação de suas diversas partes e se favoreça a participação de todos. Deve-se, pois, atender às diretrizes desta Instrução Geral e da prática tradicional do Rito romano e a tudo que possa contribuir antes para o bem comum espiritual do povo de Deus, do que atender  ao seu próprio gosto ou arbítrio. A posição comum do corpo, que todos os participantes devem observar é sinal da unidade dos membros da comunidade cristã, reunidos para a sagrada Liturgia, pois exprime e estimula os pensamentos e os sentimentos dos participantes. (negritos não são do original)

Das leituras bíblicas, o Evangelho é o ponto alto, assim o realça a referida Instrução Geral - IGMR:

60. A leitura do Evangelho constitui o ponto alto da liturgia da palavra. A própria Liturgia ensina que se lhe deve manifestar a maior veneração, uma vez que a cerca mais do que as outras, de honra especial, tanto por parte do ministro delegado para anunciá-la, que se prepara pela bênção ou oração; como por parte dos fiéis que pelas aclamações reconhecem e professam que o Cristo está presente e lhes fala, e que ouvem de pé a leitura; ou ainda pelos sinais de veneração prestados ao Evangeliário.

Com o canto de aleluia ou de aclamação antes da proclamação do Evangelho, todos ficam de pé, segundo dispõe a IGMR:

62. Após a leitura que antecede imediatamente o Evangelho, canta-se o Aleluia ou outro canto estabelecido pelas rubricas, conforme exigir o tempo litúrgico. Tal aclamação constitui um rito ou ação por si mesma, através do qual a assembleia dos fiéis acolhe o Senhor que lhe vai falar no Evangelho, saúda-o e professa sua fé pelo canto. É cantado por todos, de pé, primeiramente pelo grupo de cantores ou cantor, sendo repetido, se for o caso; o versículo, porém, é cantado pelo grupo de cantores ou cantor. (negritos não são do original)

De pé é a posição corporal e litúrgica para a escuta do Evangelho proclamado. 

A propósito, reproduzimos a imagem acima para ilustrar o que se diz por palavras. Os dois ministros de castiçais que ladeiam o ambão estão de pé, voltados para o ambão, e não para o corpo da assembleia reunida. A posição dos ministros litúrgicos situados à extrema esquerda da imagem acima é de pé, mas: "As mãos ficam juntas uma contra a outra à altura do peito" (Giuseppe Carlo Cassaro). Ou, como melhor explicita L. Trimeloni: "as palmas com os dedos unidos e estendidos tocam-se; mas o polegar direito deve sobrepor-se ao esquerdo em forma de cruz. Evitem os extremos de ter as mãos  completamente horizontais ou totalmente verticais; faça-se de modo que somente a ponta esteja ligeiramente afastada do peito."


Mais adiante a IGMR complementa:

133. [Sacerdote] Toma, então, o Evangeliário, se estiver no altar e, precedido dos ministros leigos, que podem levar o turíbulo e os castiçais, dirige-se para o ambão, conduzindo o Evangeliário um pouco elevado. Os presentes voltam-se para o ambão, manifestando uma especial reverência ao Evangelho de Cristo. (negritos não são do original)

A beleza da liturgia está na harmonia dos gestos e das posições do corpo,  que expressam a unidade e propiciam viva participação. E, para isso, concorrem, com bastante visibilidade, todos os que ocupam o presbitério, uma escola de liturgia.


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Fonte da imagem:
http://ars-the.blogspot.com.br/2014/03/de-que-lado-deve-ficar-o-ambao.html