quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A Cátedra de São Pedro está vaga



O Papa Bento XVI, que declarara a sua renúncia em 11 de fevereiro de 2013 (segunda-feira), deixou hoje, às 20,00 horas de Roma (16,00 horas em Brasília - Brasil), o pontificado, ou ministério petrino, para o qual fora eleito em 19 de abril de 2005 (terça-feira).

A Cátedra de São Pedro, ou Sé Apostólica, está vacante, vaga. Aguarda-se o novo ocupante.

Em outras palavras, a Igreja Católica Apostólica Romana está sem o Bispo de Roma, Sucessor do Apóstolo Pedro, como explicitamente está na declaração de renúncia de Bento XVI (renuncio ao ministério de Bispo de Roma). Na renúncia ao ministério de Bispo de Roma está, congenitamente, a renúncia ao pontificado. A Igreja está, portanto, sem Papa.

Além da morte do Papa, a renúncia é uma das formas de vacância da Sé Apostólica.

Nesse cenário de vacância da Sé Apostólica (renúncia do Papa) e de eleição de novo Papa, entram em destaque duas figuras: o Decano e o Camerlengo.

Atualmente, o Camerlengo é o Secretário do Estado da Cidade do Vaticano Cardeal Tarcísio Bertone, 78 anos. E o Decano é o Cardeal Angelo Sodano, 85 anos.


No caso, em linhas gerais, segundo a mesma Constituição, cabe ao Cardeal Camerlengo:

"[...] é atribuição do Camerlengo da Santa Igreja Romana, durante o período de Sé vacante, cuidar e administrar os bens e os direitos temporais da Santa Sé, com o auxílio dos três Cardeais Assistentes, precedido - uma vez para as questões menos importantes, e todas as vezes para as mais graves - do voto do Colégio dos Cardeais." (n. 16)

Como visto, entre outras atribuições, a administração das coisas temporais da Santa Sé fica a cargo do Cardeal Camerlengo.

A presidência das Congregaçõese gerais dos Cardeais cabe ao Cardeal Decano, assim como fazer as comunicações oficiais e convocar os cardeais eleitores.


Leia mais:

Constituição Apostólica Pastor Bonus sobre a Cúria Romana

O decano e o camerlengo: as duas Igrejas de Sodano e Bertone


Fonte da imagem:
http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/renuncia-do-papa/teologos-divergem-sobre-permanencia-de-bento-xvi-no-vaticano,fc76383d77fcc310VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Mensagem de Bento XVI para a Campanha da Fraternidade - 2013



O Papa Bento XVI enviou à Igreja, no Brasil, a Mensagem por ocasião da Campanha da Fraternidade de 2013, cujo texto em português pode ser lido aqui

É interessante e oportuno notar que o Papa, ao se reportar ao Discurso aos jovens brasileiros, está fazendo presentes aqueles belos dias da sua visita ao Brasil, especialmente o encontro com os jovens no Estádio Municipal do Pacaembu, em São Paulo, na noite do dia 10 de maio de 2007.


Fonte da imagem:
http://www.diocese-sjc.org.br/bento-xvi-envia-mensagem-aos-brasileiros-no-inicio-da-campanha-da-fraternidade/

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Carência de fé e união matrimonial não válida



No Ano da Fé, focando mais precisamente o matrimônio nos tempos atuais, o Papa Bento XVI inaugurou o Ano Judiciário do Tribunal da Rota Romana, em 26 de janeiro de 2013, com um discurso proferido na Sala Clementina, cujo texto reproduzo abaixo:


"DISCURSO DO PAPA BENTO XVI POR OCASIÃO DA INAUGURAÇÃO DO ANO JUDICIÁRIO DO TRIBUNAL DA ROTA ROMANA
Sala Clementina 
Sábado, 26 de Janeiro de 2013 

Queridos componentes
do Tribunal da Rota Romana!

É para mim motivo de alegria encontrar-me de novo convosco por ocasião da inauguração do ano judiciário. Agradeço ao vosso Decano, Mons. Pio Vito Pinto, os sentimentos expressos em nome de todos vós e que retribuo de coração. Este encontro oferece-me a oportunidade de reafirmar a minha estima e consideração pelo alto serviço que prestais ao Sucessor de Pedro e à Igreja inteira, assim como de vos estimular a um compromisso cada vez maior num âmbito certamente difícil, mas precioso para a salvação das almas. O princípio de que a salus animarum é a suprema lei da Igreja (cf. CIC, cân. 1752) deve estar muito presente e encontrar, todos os dias, no vosso trabalho, a resposta devida e rigorosa. 

1. No contexto do Ano da fé, gostaria de analisar, de modo especial, alguns aspectos da relação entre fé e matrimónio, observando como a actual crise da fé, que atinge várias partes do mundo, traz consigo uma crise da sociedade conjugal, com toda a carga de sofrimento e de privações que isto comporta também para os filhos. Podemos tomar como ponto de partida a raiz linguística comum que, em latim, as palavras fides e foedus têm, termo, o segundo, com o qual o Código de Direito Canónico designa a realidade natural do matrimónio, como pacto irrevogável entre homem e mulher (cf. cân. 1055 § 1). De facto, o confiar-se recíproco é a base irrenunciável de qualquer pacto ou aliança. 

A nível teológico, a relação entre fé e matrimónio assume um significado ainda mais profundo. De facto, o vínculo esponsal, mesmo sendo realidade natural, entre os baptizados foi elevado por Cristo à dignidade de sacramento (cf. ibidem). O pacto indissolúvel entre homem e mulher não exige, para fins da sacramentalidade, a fé pessoal dos nubentes; o que é exigido, como condição mínima necessária, é a intenção de fazer o que a Igreja faz. Mas se é importante não confundir o problema da intenção com o da fé pessoal dos contraentes, contudo não é possível separá-los totalmente. Como fazia notar a Comissão Teológica Internacional num Documento de 1977, «no caso em que não seja perceptível vestígio algum da fé como tal (no sentido do termo “crença”, disposição para crer), nem desejo algum da graça e da salvação, apresenta-se o problema de saber, na realidade, se a intenção geral e verdadeiramente sacramental da qual falámos, está ou não presente, e se o matrimónio é ou não contraído validamente» (A doutrina católica sobre o sacramento do matrimónio [1977], 2.3: Documenti 1969-2004, vol. 13, Bolonha 2006, p. 145). O beato João Paulo II, dirigindo-se a este Tribunal, há dez anos, esclareceu contudo que «uma atitude dos nubentes que não tenha em conta a dimensão sobrenatural no matrimónio só o pode tornar nulo se incide sobre a validade a nível natural no qual é colocado o próprio sinal sacramental» (ibidem). Sobre esta problemática, sobretudo no contexto actual, será preciso promover ulteriores reflexões. 

2. A cultura contemporânea, marcada por um acentuado subjectivismo e relativismo ético e religioso, apresenta desafios urgentes à pessoa e à família. Em primeiro lugar, face à questão sobre a própria capacidade do ser humano de se unir, e se um vínculo que dure toda a vida seja deveras possível e corresponda à natureza do homem, ou, antes, não esteja, ao contrário, em contraste com a sua liberdade e auto-realização. Com efeito, faz parte de uma mentalidade difundida pensar que a pessoa se torna ela mesma permanecendo «autónoma» e entrando em contacto com o outro só mediante relações que se possam interromper em qualquer momento (cf. Alocução à Cúria Romana [21 de Dezembro de 2012]: L’Osservatore Romano, ed. port. de 22 de Dezembro, pp. 8/9). A ninguém passa despercebido como sobre a escolha do ser humano de se unir com um vínculo que dure toda a vida influa sobre a perspectiva de base de cada um, isto é, se for ancorada num plano meramente humano, ou se abra à luz da fé no Senhor. De facto, só abrindo-se à verdade de Deus é possível compreender, e realizar concretamente também na vida conjugal e familiar, a verdade do homem como seu filho, regenerado pelo Baptismo. «Quem permanecer em Mim e Eu nele, dará muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer» (Jo 15, 5): assim ensinava Jesus aos seus discípulos, recordando-lhes a incapacidade substancial do ser humano de realizar sozinho o que é necessário para a consecução do bem verdadeiro. A recusa da proposta divina, com efeito, conduz a um desequilíbrio profundo em todas as relações humanas (cf. Discurso à Comissão Teológica Internacional [7 de Dezembro de 2012] L’Osservatore Romano, ed. port. de 15 de Dezembro, p. 11), incluída a matrimonial, e facilita uma compreensão errada da liberdade e da auto-realização que, unida à fuga face à suportação paciente do sofrimento, condena o homem a fechar-se no seu egoísmo e egocentrismo. Ao contrário, o acolhimento da fé torna o homem capaz da doação de si, unicamente na qual, «abrindo-se ao outro, aos outros, aos filhos, à família... deixando-se plasmar no sofrimento, descobre a amplitude do ser pessoa humana» (Discurso à Cúria Romana [21 de Dezembro de 2012]: L’Osservatore Romano, ed. port. de 22 de Dezembro, pp. 8/9). 

Por conseguinte, a fé em Deus, apoiada pela graça divina, é um elemento muito importante para viver a dedicação mútua e a fidelidade conjugal (Catequese na Audiência geral [8 de Junho de 2011]: Insegnamenti VII/1 [2011], pp. 792-793). Não se pretende afirmar com isto que a fidelidade, como as outras propriedades, não são possíveis no matrimónio natural, contraído entre não-baptizados. De facto, ele não está privado dos bens que «provêm de Deus Criador e inserem-se de modo incoactivo no amor esponsal que une Cristo e a Igreja» (Comissão Teológica Internacional, A doutrina católica sobre o sacramento do matrimónio [1977], 3.4: Documenti 1969-2004, vol. 13, Bolonha 2006, p. 147). Mas certamente o fechamento a Deus ou a recusa da dimensão sagrada da união conjugal e do seu valor na ordem da graça torna árdua a encarnação concreta do modelo altíssimo de matrimónio concebido pela Igreja segundo o desígnio de Deus, podendo chegar a minar a própria validade do pacto quando, como assume a consolidada jurisprudência deste Tribunal, se traduz numa recusa de um princípio da mesma obrigação conjugal de fidelidade, ou seja, dos outros elementos ou propriedades essenciais do matrimónio. 

Tertuliano, na célebre Carta à esposa, falando da vida conjugal que se distingue pela fé, escreve que os cônjuges cristãos «são deveras dois numa só carne, e onde a carne é única, único é o espírito. Juntos rezam, juntos se prostram e juntos jejuam: um ensina ao outro, um honra o outro, um ampara o outro» (Ad uxorem libri duo, II, IX: PL 1, 1415b-1417a). Com termos semelhantes se expressa são Clemente Alexandrino: «Se de facto para ambos um só é Deus, então para ambos um só é o Pedagogo — Cristo — uma é a Igreja, uma a sabedoria, um o poder, em comum temos o alimento, o matrimónio nos une... E se comum é a vida, comum é também a graça, a salvação, a virtude, a moral» (Paedadogus, I, IV, 10.1: PG 8, 259b). Os Santos que viveram a união matrimonial e familiar, na perspectiva cristã, conseguiram superar também as situações mais adversas, um amor sempre fortalecido por uma sólida confiança em Deus, por uma sincera piedade religiosa e por uma intensa vida sacramental. Precisamente estas experiências, marcadas pela fé, fazem compreender como, ainda hoje, é precioso o sacrifício oferecido pelo cônjuge abandonado ou que tenha sido vítima de divórcio, se — reconhecendo a indissolubilidade do vínculo matrimonial válido — consegue não se deixar «envolver numa nova união... Neste caso o seu exemplo de fidelidade e coerência cristã assume um particular valor de testemunho diante do mundo e da Igreja» (João Paulo II, Exort. ap. Familiaris consortio [22 de Novembro de 1981], 83: AAS 74 [1982], p. 184). 

3. Por fim, gostaria de analisar brevemente o bonum coniugum. A fé é importante na realização do autêntico bem conjugal, que consiste simplesmente em querer sempre e contudo o bem do outro, em função de um verdadeiro e indissolúvel consortio vitae. Na realidade, no propósito dos esposos cristãos de viver uma verdadeira communio coniugalis há um dinamismo próprio da fé, motivo pelo qual a confessio, a resposta pessoal sincera ao anúncio salvífico, envolve o crente no mote de amor de Deus. «Confessio» e «caritas» são «os dois modos em que Deus nos envolve, nos faz agir com Ele e para a humanidade, para a sua criatura... A “confessio” não é algo abstracto, é “caritas”, é amor. Só assim é realmente o reflexo da verdade divina, que como verdade é inseparavelmente também amor» (Meditação na primeira Congregação Geral da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos [8 de Outubro de 2012]: L’Osservatore Romano, ed. port. de 13 de Outubro, p. 14). Só através da chama da caridade, a presença do Evangelho já não é só uma palavra, mas realidade vivida. Por outras palavras, se é verdade que «a fé sem a caridade não dá fruto e a caridade sem a fé seria um sentimento à mercê constante da dúvida», deve-se concluir que «fé e caridade se reclamam mutuamente, de tal modo que consente à outra realizar o seu caminho» (Carta ap. Porta fidei [11 de Outubro de 2011], 14: L’Osservatore Romano, ed. port. de 22 de Outubro, pp. 4-9). Se isto é válido no amplo contexto da vida comunitária, deve ser ainda mais válido na união matrimonial. Com efeito, é nela que a fé faz crescer e frutificar o amor dos esposos, dando espaço à presença de Deus Trindade e tornando a própria vida conjugal, assim vivida, «boa nova» diante do mundo. 

Reconhecendo as dificuldades, sob o ponto de vista jurídico e prático, de esclarecer o elemento essencial do bonum coniugum, até agora entendido predominantemente em relação às hipóteses de incapacidade (cf. CIC, cân. 1095). O bonum coniugum assume relevância também no âmbito da simulação do consenso. Certamente, nos casos submetidos ao vosso juízo, será a indagação in facto que certificará o eventual fundamento deste motivo de nulidade, prevalecente ou coexistente com outro motivo dos três «bens» agostinianos, a procriatividade, a exclusividade e a perpetuidade. Por conseguinte, não se deve prescindir da consideração que se possam verificar casos nos quais, precisamente devido à ausência de fé, o bem dos cônjuges resulte comprometido, isto é, excluído do próprio consenso; por exemplo, na hipótese de subversão de um deles, por causa de uma concepção errada do vínculo nupcial, do princípio de igualdade, ou na hipótese de rejeição da união dual que distingue o vínculo matrimonial, em relação com a possível coexistente exclusão da fidelidade e do uso da copulação realizada humano modo. 

Com estas considerações, não pretendo certamente sugerir qualquer automatismo fácil entre carência de fé e união matrimonial não válida, mas antes evidenciar como esta carência possa, mesmo se não necessariamente, ferir também os bens do matrimónio, a partir do momento que a referência à ordem natural querida por Deus é inerente ao pacto conjugal (cf. Gn 2, 24). 

Queridos irmãos, invoco de Deus sobre vós e sobre quantos na Igreja estão comprometidos na salvaguarda da verdade e da justiça em relação ao sagrado vínculo do matrimónio e, desse modo, da família cristã. Confio-vos à protecção de Maria Santíssima, Mãe de Cristo, e de são José, Guardião da Família de Nazaré, silencioso e obediente executor do plano divino da salvação, enquanto concedo de bom grado a vós e às pessoas que vos são queridas a Bênção Apostólica."


Leia mais:

A falta (carência) de fé: uma nova causa de nulidade de casamento?, por Edson Sampel

Até que a Rota vos separe


Fonte do texto reproduzido:
http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2013/january/documents/hf_ben-xvi_spe_20130126_rota-romana_po.html

Fonte da imagem:
http://www.arautos.org/artigo/3594/O-Tribunal-da-Rota-Romana.html

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Bento XVI: uma renúncia corajosa e coerente

Hoje cedo, ao acessar informações diárias, me deparei com o anúncio da renúncia do Papa Bento XVI. Imediatamente, recorri à Rádio Vaticano, para, antes de tudo saber, se era mesmo verdade aquilo que, incrédulo, vi como manchete. Fiquei surpreso, emocionado e, imediatamente, comuniquei o fato a meus filhos e à minha esposa. A partir daí, inteiramo-nos de mais notícias, todas recheadas de muitas especulações.

Efetiva e surpreendentemente, o Papa Bento XVI declarou, nesta manhã, a sua renúncia ao ministério de Bispo da Diocese de Roma e de Sucessor de São Pedro (Papa). É verdadeiramente um momento histórico para a Igreja e o mundo.

Tenho a convicção de que o Papa, com a idade avançada, renuncia por condições de saúde não idôneas para exercer adequadamente, com o vigor quer do corpo quer do espírito, o ministério petrino. E nunca pelas várias e diversificadas questões que rodeiam a Igreja Católica Apostólica Romana. 

No passado, quando se especulava sobre a renúncia do Papa, Bento XVI já, em momento efervecescente da pedofilia, afirmara:

“Se o perigo é grande, não se deve fugir dele. Por isso, certamente não é hora de renunciar. Justamente em um momento como este, é preciso permanecer firme e encarar a situação difícil. Esta é a minha concepção. Pode-se renunciar em um momento sereno ou quando a pessoa já não pode mais. Mas não se deve fugir no perigo e dizer: que outro faça isso”.

Dessa afirmação deduz-se que a renúncia não é algo contrário ao exercício petrino, mas de ocorrência rara. Pode-se renunciar em um momento sereno ou quando a pessoa já não pode mais - esclarece o próprio Papa.

A Bento XVI a renúncia lhe pareceu um direito e um dever, como se lê:

"Na entrevista “Luz do mundo”, publicada em 2010, em resposta ao jornalista Peter Seewald, Bento XVI declarou: “Se o Papa chega a reconhecer com clareza que, física, psíquica e mentalmente, já não pode suportar a carga do seu ofício, tem o direito e, em certas circunstâncias, também o dever de renunciar”."

A renúncia de Papa é prevista no Código de Direito Canônico, como dispõe o canône 332, § 2, que abaixo reproduzo:

"Cân. 332 — § 1. O Romano Pontífice, pela eleição legítima por ele aceite juntamente com a consagração episcopal, adquire o poder pleno e supremo na Igreja. Pelo que, o eleito para o pontificado supremo se já estiver dotado com carácter episcopal, adquire o referido poder desde o momento da aceitação. Se, porém, o eleito carecer do carácter episcopal, seja imediatamente ordenado Bispo.
§ 2. Se acontecer que o Romano Pontífice renuncie ao cargo, para a validade requer-se que a renúncia seja feita livremente, e devidamente manifestada, mas não que seja aceite por alguém."

A renúncia de Bento XVI ao ministério de Bispo de Roma e de Papa é um ato de despojamento, humildade e de fé, enfim de sabedoria. E, por ser coisa incomum na vida da Igreja, é um ato de coragem e coerência!

A renúncia, ou resignação, deixa uma grande lição. O ministério petrino é, para Bento XVI, serviço e, como tal, é válido enquanto o exercente tiver condições para tal. Antes de tudo, serviço e, secundariamente, poder. Até o seu ato de renúncia é um magistério, é um ensinamento.

Ainda sob o impacto, acredito que, daqui para a frente, se crie um novo paradigma para o ministério petrino. Com a renúncia de Bento XVI, abre-se uma nova porta para que outros Papas, em situações iguais ou assemelhadas, se sintam sem constrangimentos a resignar ao pontificado.

Um grande teólogo, um grande Papa para ser lido e compreendido. O teólogo e o Papa do diálogo com a cultura. Um Papa que vive o ministério petrino, acima de tudo, como serviço, e não como poder.

O seu papado é verdadeiramente um magistério, ensinando, por exemplo, com as suas catequeses das quartas-feiras, sobremodo, atualmente, as dedicadas ao Ano da Fé.

Mas, ainda estou muito tocado pela renúncia, ainda estou por assimilá-la por completo, não obstante esteja a apreender dela edificantes lições. Sou tomado por esse estado de coisas, porque, na história da Igreja, as renúncias foram pouquíssimas. A última renúncia foi a do Papa Gregório XII (1406-1415), em 4 de julho de 1415.

Por certo, que a renúncia ocupará a grade do noticário dos meios de comunicação nesta segunda-feira de Carnaval.


Leia mais:

Vaticano: Bento XVI apresenta renúncia ao pontificado

Santa Sé desmente rumores sobre renúncia do Papa

Na história da Igreja Católica, Bento XVI é o quarto papa a renunciar


Fonte da imagem:
http://pt.radiovaticana.va/bra/Articolo.asp?c=663813

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Por que "Palavra da Salvação"?

  
Ele [Cristo] que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura (SC, n. 7)


Terminada a proclamação do Evangelho (Lc 5, 1-11), o padre inicia a homilia, fazendo à assembléia a pergunta: por que, ao término do Evangelho, se diz "Palavra da Salvação"?

E o padre o fez na celebração da Eucaristia dominical do dia 10 de fevereiro de 2013 (5º Domingo do Tempo Comum), no contexto do Ano da Fé, para estimular a assembléia a viver a vida, a pensar os fatos da vida, iluminada pela centralidade no Cristo Salvador. Cristo é o centro da nossa fé. Maria e os santos são janelas para Cristo.

É, assim, que o padre iniciou e conduziu sua homilia: a salvação vem de Cristo e a fé está centrada nele, que, ressuscitado, vive.

À pergunta do padre, não faço uma resposta pessoal, mas tomo a liberdade de reproduzir um artigo publicado na Revista "Mundo e Missão", porque, abrangente, responde à essa indagação, remete a passagens da Sacrosanctum Concilium (SC) e orienta equipes de liturgia, ou de celebração, para outros mais aspectos da Palavra proclamada na celebração da Eucaristia, ou da Missa.


"Sentir Deus falando
 um sagrado direito do povo na missa
 por Frei José Ariovaldo da Silva, Ofm

Na liturgia, sobretudo na missa, Cristo está presente de várias maneiras. Uma delas é quando se lêem as Escrituras. Quando se fazem as leituras, se canta o salmo e se proclama o Evangelho, é Cristo mesmo que se comunica com seu povo reunido. 

Não é um livro e nem são palavras que se lêem, mas é a Palavra viva (Cristo mesmo!) que se anuncia como Palavra de vida para todos. É o que nos ensina a Igreja. É só conferir os n.7 e 33 da Constituição sobre a Sagrada Liturgia (SC) do Concílio Vaticano II. Afirma textualmente o documento: "Na liturgia Deus fala a seu povo. Cristo ainda anuncia o Evangelho" (SC 33). 

Então eu pergunto: Quando você vai à missa (ou mesmo numa celebração dominical da Palavra), dá para sentir de fato que é Deus que está falando com seu povo, quando se lêem as Escrituras? Ou tem alguma coisa (algum "ruído") que atrapalha?... E olha! Você tem todo direito (e até obrigação!) de sentir Deus falando com você (veja o n.14 da citada Constituição)! 

Você está conseguindo desfrutar desse sagrado direito? Pois bem, para que você possa, na missa, desfrutar do sagrado direito de sentir Cristo falando com você e com todo o povo reunido, seguem aqui algumas recomendações para as equipes de liturgia, para os leitores, para os salmistas e para os padres: 

Quem vai ler deve preparar-se espiritualmente para a leitura. Ler antes. Meditar. Orar em cima da Palavra. Deixar ela tomar conta de todo o seu ser (corpo, mente, coração, emoções). O leitor e a leitora devem ser os primeiros ouvintes da Palavra. E também devem se preparar tecnicamente, através de ensaios, cursos e avaliações para aperfeiçoamento. É muito importante. 

Atenção equipes de liturgia! Evitar pegar pessoas na última hora para ler, em cima da hora, de improviso. Inclusive se recomenda que a leitura seja entregue pela equipe com bastante antecedência, para ser preparada com calma, até mesmo durante toda a semana. 

Recomenda-se que a proclamação da Palavra seja feita de um lugar apropriado, só para ela: de uma estante especial, grande, bonita, distinta, que oficialmente chamamos de ambão. Isso para enfatizar o "lugar" de onde Deus fala para o seu povo. Por isso, para dar distinção à Palavra, não usar este espaço para outras coisas. Comentários e avisos sejam feitos em outro lugar. 

A Igreja orienta que as leituras sejam feitas diretamente do livro de leituras (chamado de lecionário). Isso por causa de dignidade da Palavra de Deus. O folheto é uma espécie de descartável. Hoje se usa e amanhã é jogado fora, vai para o lixo. A Palavra não é "descartável". É eterna. É Cristo. Por isso, por ser eterna, convém que ela seja proclamada diretamente do livro (não-descartável). A dignidade da Palavra exige que se evite o "ruído" do uso de "descartáveis" para a sua proclamação.

Recomenda-se também que, ao ouvir a Palavra (seja nas leituras e no canto do salmo, como, sobretudo na proclamação do Evangelho), o povo não fique acompanhando pelo folheto. A Palavra é para ser "ouvida"! Deus fala e você ouve... Quando alguém fala com você (ainda mais quando é Deus quem fala!), você fica de olho grudado no jornal? Evidente que não!

É questão até de educação. Quando Deus fala para você, desgrude o olho do jornal. Apenas olhe para frente (para o leitor ou leitora) e escute, "ouça" o que o Senhor diz! O ideal seria que os folhetos nem trouxessem os textos das leituras, do salmo e do evangelho. Exatamente para ajudar as pessoas a exercer o seu sagrado direito de realmente sentir Deus falando.

Quem proclama a Palavra, ao fazer as leituras, faça-o com voz clara (para todos ouvirem!), devagar, pausadamente, respeitando as pontuações. E, sobretudo, ler com espiritualidade, vivenciando o que lê, colocando emoção no que lê. Evite-se o "ruído" da leitura rápida demais, em voz baixa, sem pontuação e, sobretudo, sem espiritualidade.

A dignidade da Palavra exige também, da parte de quem a lê, uma postura digna. O leitor (ou leitora) fique apoiado (a) sobre os dois pés, exatamente para expressar a firmeza desta rocha que é a Palavra. Por isso, evite-se o "ruído" de permanecer apoiado (a) sobre um pé só (com o outro pé para trás, ou para frente).

E mais: ao ler, olhar com carinho para os ouvintes, como Deus olha para o seu povo. No olhar de quem lê, os ouvintes querem sentir o olhar de Deus. Evite-se, portanto, o "ruído" de ficar com o olhar preso só no livro. E mais: em muitas comunidades no Brasil, quem vai fazer a leitura já coloca uma veste própria para o exercício deste ministério.

Não ler os títulos orientativos, tais como: "Primeira leitura", "Segunda leitura", "Salmo responsorial", "Evangelho". Isso não é Palavra de Deus. São apenas títulos para não se perder. Quando estes títulos são lidos, quebra-se o ritmo e a harmonia da escuta da Palavra. Evite-se também este "ruído". Nunca se diga o nome da pessoa que vai fazer a leitura.

Dizer o nome da pessoa significa dar destaque à pessoa. Na hora de fazer a leitura, quem deve estar em destaque é, acima de tudo, a Palavra! Toda a atenção tem que estar centrada é na Palavra. Assim sendo, dizer o nome de quem vai ler significa, de certa maneira, "roubar a cena" da Palavra. É um "ruído" a mais que desvia a atenção do centro, que é Cristo falando para o seu povo.

Quando termina a leitura, diga-se "Palavra do Senhor", ou "Palavra da Salvação" (no caso do Evangelho), no singular. Por quê? Porque é Cristo-Palavra que foi proclamado. Por isso, evite-se o ruído de dizer "Palavras do Senhor" ou "Palavras da Salvação" (no plural). Pois não são "palavras" que são lidas, mas é "a Palavra" (Cristo) que é proclamada. Outra coisa: faça-se uma pequena pausa antes de dizer "Palavra do Senhor" ou "Palavra da Salvação". Isso ajuda a vivenciar melhor o que foi lido e ouvido.

Enfim, que tal implementar, nas dioceses, paróquias e, até mesmo, em institutos teológicos e pastorais, escolas de preparação para leitores, como era costume em certas comunidades dos primeiros séculos do cristianismo!... Um maravilhoso sinal de que a Palavra na Liturgia é de fato levada a sério, no mesmo nível como a sério é levada a Eucaristia.

Eis algumas recomendações úteis para que o povo possa viver mais plenamente o seu sagrado direito de sentir Deus falando, quando se lêem as Escrituras na missa. Queira Deus que isso aconteça em nossas comunidades. Afinal, é o grande sonho do Concílio Vaticano II, 40 anos já passados."


Leia mais:



Fonte do texto reproduzido:
http://www.pime.org.br/mundoemissao/teologiadeus2.htm

Fonte da imagem:
http://padretelmofigueiredo.blogspot.com.br/2013/01/3-domingo-do-tempo-comum-ano-c-homilia.html

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Mensagem de Bento XVI para a Quaresma-2013


 
Foi divulgada no dia 1º de fevereiro de 2013 (sexta-feira) a Mensagem de Bento XVI para a Quaresma, que se inicia no dia 13 de fevereiro, Quarta-Feira de Cinzas, tendo como tema "Crer na caridade suscita caridade".

Por falar em caridade, soam sempre presentes as palavras do apóstolo Paulo no seu "hino à caridade" (1 Cor 12,31-13,13) que foi a segunda leitura da Missa do 4º Domingo do Tempo Comum (dia 3 de fevereiro de 2013). 

O texto completo da Mensagem, em português, pode ser lida aqui.


Fonte da imagem:
http://santateresinhacumbica.blogspot.com.br/2013/02/de-pedro-para-nos.html

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Início do Tempo da Quaresma do Ano C - Lucas (2012-2013)



O Tempo da Quaresma começa na Quarta-Feira de Cinzas, que cai no dia 13 de fevereiro de 2013, e termina no dia 28 de março de 2013, Quinta-Feira da Semana Santa, imediatamente antes de começar a celebração da Missa da Ceia do Senhor. Em outras palavras, termina na Quinta-Feira Santa, com a Missa da Ceia do Senhor, exclusive, que cai no dia 28 de março de 2013.

No Tempo da Quaresma, a cor líturgica é roxa, podendo no Quarto Domingo (dia 10 de março) ser usada a cor roxa ou rósea. O Quarto Domingo é chamado Domingo Laetare (Alegra-te!). E a expressão laetare vem de Isaías 66, 10.
 
Quarta-feira de Cinzas é dia de abstinência e jejum. À abstinência estão obrigados os que houverem completado catorze anos de idade e vai até o fim da vida. Ao jejum estão obrigados os maiores de idade (no Brasil, 18 anos completos) e vai até os sessenta anos começados (em outras palavras, até os 59 anos completos). A respeito, pode-se ler os canônes 1249 a 1253 do Código de Direito Canônico aqui.

Sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo (Sexta-Feira Santa) é também dia de abstinência e jejum, como estabelece o cânone n. 1251 do Código de Direito Canônico.

A Quaresma pode ser acompanhada no Diretório da Liturgia - 2013, às páginas 60 a 79. E, no Missal Romano (tradução da 2ª edição típica para o Brasil), Próprio do Tempo, às páginas 175 a 246.






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