quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O sinal litúrgico das cinzas - Bento XVI



O sinais na Liturgia se repetem, e até quase que mecanicamente. Nem sempre damos conta do conteúdo, significado ou do seu simbolismo.

Pois bem, o Papa Bento XVI tem-se dedicado a explicar, ou refletir sobre os sinais litúrgicos, sempre que se lhe oferece a oportunidade apropriada para tal. Verdadeiras catequeses mistagógicas.

Quem não se lembra da recente homilia de Bento XVI na Missa concelebrada com os novos Cardeais, no dia 19 de fevereiro de 2012 (Domingo), em que o Papa discorre sobre o significado da obra, ou melhor, sobre o conjunto escultório, nascido do gênio de Bernini?
 
Na Quarta-Feira de Cinzas, dia 22/4, Bento XVI fez mais uma reflexão sobre um sinal litúrgico, agora sobre o significado das cinzas. O Papa presidiu a celebração da Missa, benção e imposição das cinzas, na Basílica de Santa Sabina, em Roma. Na homilia, Bento XVI fez uma explanação sobre o sentido simbólico das cinzas, ou mais especificamente, uma reflexão sobre o sinal litúrgico das cinzas.

Diz o Papa: "Em primeiro lugar, a cinza é um daqueles sinais materiais que levam o cosmo para dentro da Liturgia. Os sinais materiais principais são, evidentemente, os dos Sacramentos: a água, o óleo, o pão e o vinho, que se tornam verdadeira matéria sacramental, instrumento mediante o qual se comunica a graça de Cristo que nos alcança. No caso da cinza trata-se, ao invés, de um sinal não sacramental, mas, mesmo assim, ligado à oração e à santificação do Povo cristão: de fato, é prevista, antes da imposição sobre a cabeça, uma bênção específica das cinzas - que faremos daqui a pouco -, com duas fórmulas possíveis. Na primeira elas são definidas "símbolo austero"; na segunda se invoca diretamente sobre elas a bênção e se faz referência ao texto do Livro do Gênesis, que pode inclusive acompanhar o gesto da imposição "Recorda-te que és pó, e em pó te hás de tornar" (Gen 3,19)."

A atual versão da homilia, em português, foi divulgada pela Rádio Vaticana, e pode ser lida aqui.

O vídeo e o original em italiano podem ser conferidos aqui.


Fonte da imagem:
http://lusmarpazleite.blogspot.com/2010/02/quaresma-tempo-de-oracao-tempo-de.html

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Tempo da Quaresma - preparando a celebração da Páscoa



No Ano Litúrgico B - Evangelista Marcos, o Tempo da Quaresma começa no dia 22 de fevereiro de 2012, Quarta-Feira de Cinzas, e termina no dia 5 de abril de 2012, Quinta-Feira Santa, antes do início da celebração da Missa na Ceia do Senhor (Missa in Coena Domini). Com a Missa na Ceia do Senhor, na Quinta-Feira Santa (5/4), tem início o Tríduo Pascal.

As Normas Universais do Ano Litúrgico e o novo Calendário Romano Geral, aprovadas pelo Papa Paulo VI, estabelecem a delimitação do tempo quaresmal:

"O Tempo da Quaresma vai de Quarta-feira de Cinzas até a Missa na Ceia do Senhor exclusive." (n. 28).

No Tempo da Quaresma, roxa é cor litúrgica, podendo usar no Quarto Domingo (Domingo Laetare), no dia 18 de março de 2012, a cor roxa ou rósea. Também se omitem o Glória e o Aleluia.

Quarta-Feira de Cinzas é dia de jejum e abstinência.

O Diretório da Liturgia - 2012 - Ano B - São Marcos fornece as orientações litúrgicas às celebrações eucarísticas das férias e dos domingos no Tempo da Quaresma, consultando as páginas 62 a 83.

O Papa Bento XVI inspirou-se na Carta aos Hebreus para o tema da Mensagem para a Quaresma de 2012:

«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e às boas obras» (
Heb 10, 24)


Leia mais:

Quaresma: a caminho do Cristo Ressuscitado


Fonte da imagem:
http://arciprestadodecarrazeda.blogspot.com/2011/03/o-tempo-da-quaresma.html

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Campanha da Fraternidade - 2012



A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, pelo seu secretário geral Dom Leonardo Ulrich Steiner, abrirá na Quarta-Feira de Cinzas, dia 22 de fevereiro de 2012, a Campanha da Fraternidade 2012, que coincide com o início do Tempo da Quaresma do Ano B - São Marcos, ou Quaresma - 2012.

A CF-2012 tem como tema Fraternidade e Saúde Pública e como lema Que a saúde se difunda sobre a terra (cf. Eclo 38,8).

A CF-2012 focaliza assunto que diz respeito à toda sociedade brasileira, com fundamentação bíblica no Livro Eclesiástico, ou Sirácida (Ben Sira), no capítulo 38, versículo 8.

Afinal, que a saúde, o bem-estar, sejam para todos, sejam difundidos sobre a face da terra (Eclo 38,8).


Fonte da imagem:
http://www.cnbb.org.br/site/campanhas/fraternidade/8726-campanha-da-fraternidade-sobre-saude-publica-sera-aberta-na-quarta-feira-de-cinzas

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Eucaristia - a grande oração de Cristo e da Igreja



A grande oração de Cristo e da Igreja é a Eucaristia, ou a Missa.

Escassa bibliografia a respeito já me chamara a atenção, mas a página na internet Coroinhas Servidores traz uma frase, com linguagem direta, sem rodeios: "A Missa é a maior, a mais completa e a mais poderosa oração da qual dispõe o católico."

Trago o tema à tona neste blog, à vista do recente pronunciamento do Papa. A alocução de Bento XVI na Audiência Geral da Quarta-Feira, em 11 de janeiro de 2012, teve como enfoque A oração de Jesus na Última Ceia.

Bento XVI explicitando o núcleo da Última Ceia, indaga e afirma: "Então, qual é o núcleo desta Ceia? São os gestos da fracção do pão, da sua distribuição aos seus e da partilha do cálice do vinho, com as palavras que os acompanham e no contexto de oração em que se inserem: é a instituição da Eucaristia, é a grande oração de Jesus e da Igreja."

J. Castellano, que foi professor de teologia sacramentária e de espiritualidade litúrgica na Pontifícia Faculdade Teológica "Teresianum", em Roma, colaborou para o Dicionário de Liturgia, organizado por Domenico Sartore e Achille M. Triacca. Dentre os verbetes a seu cargo, escreveu sobre Oração e Liturgia. Neste verbete, J. Castellano, afirma, ao falar de momentos da igreja em oração:

"A máxima expressão da igreja em oração é a eucaristia, que tem como centro a 'prece eucarística', fonte e norma de toda manifestação da igreja orante; ela não é apenas proposta  de grandes temas teológicos inseridos na ação sacramental que torna presente o Senhor e o seu sacrifício; exprime igualmente os sentimentos mais nobres da oração cristã - ação de graças, epiclese, oblação, intercessão - suscitados pelo Espírito." 

Em suma, a Eucaristia, ou a Missa, é a oração por excelência de Cristo e sua igreja.

O texto da alocução, em português, e o vídeo da Audiência Geral do dia 11 de janeiro de 2012, Quarta-Feira, podem ser conferidos aqui.


Leia mais:






Fonte da imagem:
http://it.wikipedia.org/wiki/Pala_del_Corpus_Domini

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O tempo na história da salvação



A história – comumente se diz – é a narração metódica dos fatos relevantes da vida da humanidade. Essa narração se particulariza, por exemplo, em história da Idade Média, história do Brasil, e assim por diante.

Há também a história que Deus faz para e com os homens. É a história da salvação. Não é uma história à parte. Ela coexiste com a história da humanidade. Andam juntas. Por isso, a história da salvação "ocorre em todo lugar onde está ocorrendo a história coletiva e individual do gênero humano", afirma o teólogo Karl Rahner, em seu Curso Fundamental da Fé (p. 179).

A história da salvação começa com a criação e vai até a parúsia, ou até a segunda vinda de Cristo. A história tem como núcleo a salvação.

Afinal, o que é salvação? À primeira vista, tem-se a impressão bastante aceita de que a salvação é alguma coisa que acontece no além-vida, fora desta nossa humanidade. Não é bem assim ou não é só isso. Julián López Martín, teólogo-liturgista, argumenta com precisão: "Se o homem foi criado por Deus à sua imagem e semelhança, a salvação consistirá em viver plenamente essa condição divina, usufruindo de todas as faculdades humanas, desde a saúde até a paz de espírito. A propriedade material e os bens da terra também se incluem aí, porque tudo foi criado por Deus como coisa boa e entregue ao homem para seu prazer e serviço" (No Espírito e na Verdade, volume I, p. 83, Editora Vozes, 1996).

O tempo é um referencial para o homem, sem o qual ele estaria sem condições para historiar, ou seja, fazer a história de si mesmo, da família, da sociedade, dos povos, das instituições, e assim por diante. 

O homem necessita, pois, do tempo para marcar os fatos, sobremodo aqueles a serem festejados ou celebrados. Por exemplo, sem o tempo como o homem estabeleceria a duração das coisas? O conceito de tempo traz certa complexidade. As culturas influenciam-no, mas o fazem carregado de riqueza conceitual. E até mesmo ao grande Santo Agostinho não esteve ausente essa dificuldade, como se lê em suas Confissões (XI,14:17): "Por conseguinte, o que é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; porém, se quero explicá-lo a quem me pergunta, então não sei".

Para a cosmologia o tempo é uma realidade da natureza pela qual se dimensiona, independentemente da ação humana, a marcação e a duração das coisas. Daí, os dias, nas alternâncias de luz e trevas, estações e anos.

O homem sentiu a necessidade de "intervir" no tempo (nisto, o homem difere dos outros seres da natureza). Por apropriação daquele, nasce o tempo sagrado. O homem passa a experimentar o "tempo dos deuses". Daí, as manifestações divinas – hierofanias. 

Esse tempo sagrado, o que não é indiferente à concepção helenística, é uma realidade que se projeta de forma circular, que retorna sempre ao ponto inicial. É um tempo recuperável, com a mesma hierofania.

Enquanto, os outros povos se detinham na concepção circular ou cíclica do tempo, o povo hebreu (judeu) crescia numa concepção diferenciada do tempo. Dada sua repercussão ao nosso tema, aproveitamos a denominação de tempo "bíblico-cristão". 

Mircea Eliade, em seu livro Mito do Eterno Retorno, afirma "... que os hebreus foram os primeiros a descobrir o significado da história como epifania de Deus, e essa concepção, como seria de esperar, acabou sendo assimilada e ampliada pelo cristianismo". 

Com o povo bíblico, há uma qualificação do tempo e da manifestação divina. O tempo se projeta de forma linear. É um tempo progressivo: o homem faz uma caminhada para frente, com a visão de um futuro melhor. Não é qualquer manifestação, mas é a manifestação de Deus – teofania. Deus vai se manifestando no curso do tempo, na história de um povo. O tempo passa a ter sentido, não é alguma coisa que o homem queira anular para ver-se livre. Ou, na feliz expressão do Papa Bento XVI na homilia das Primeiras Vésperas da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus e Recitação do "Te Deum", Basílica Vaticana, Sábado, 31 de Dezembro de 2011: "Desde que o Salvador desceu do Céu, o homem já não é mais escravo de um tempo que passa sem um porquê, ou que esteja marcado pela fatiga, pela tristeza, pela dor. O homem é filho de um Deus que entrou no tempo para resgatar o tempo da falta de sentido ou da negatividade, e que resgatou toda a humanidade, dando-lhe, como nova perspectiva de vida, o amor que é eterno."


Com Abraão, há o início da superação das práticas rituais com relação às de outros povos. Enquanto estes o faziam por costume, Abraão o faz por um ato de fé; fé no Deus que lhe manifesta, de forma pessoal a Abraão, em dado momento da história. É, afinal, o tempo histórico salvífico, ou tempo da salvação.

Com Jesus de Nazaré, o Cristo, a história da salvação alcança sua manifestação definitiva, ou a plena comunicação de Deus. Para o cristianismo, "o tempo litúrgico é um sinal de salvação e um modo de presença de Cristo no tempo dos homens", como afirma J. López Martín (A Celebração na Igreja, vol. 3, Dionisio Borobio [org.], p. 38). O tempo litúrgico dá continuidade à história da salvação.

O tempo litúrgico desenvolve no ano todo o mistério de Cristo, em ritmos diário, semanal e anual. O ciclo anual A (Mateus), B (Marcos) ou C (Lucas) compreende o Tríduo Pascal, o Tempo Pascal, o Tempo da Quaresma, o Tempo do Natal, o Tempo do Advento, o Tempo Comum e as Rogações e as Quatro Têmporas do Ano. Daí, o calendário litúrgico. Este é que dá, de forma orgânica, concreta visibilidade dos fatos da salvação do ano litúrgico a serem celebrados. Ou, como dizem as Normas Universais do Ano Litúrgico e Calendário Romano Geral: "A disposição das celebrações do ano litúrgico é regida pelo calendário (n. 48)". 

O Tempo Comum proporciona a celebração do mistério de Cristo de forma plena, e não de fatos, importantes, mas isolados. Sem ele não haveria a recapitulação progressiva e profunda de toda a história da salvação. E é exatamente a existência do tempo comum que assegura a dos tempos especiais, também chamados tempos fortes. O tempo comum é o mais longo do ano litúrgico, entre 33 e 34 semanas. Tem duas fases. A primeira começa no dia seguinte ao domingo do batismo de Jesus (quando termina o Tempo de Natal) e vai até terça-feira, inclusive, que antecede a Quarta-Feira de Cinzas (quando começa o Tempo da Quaresma). A segunda fase recomeça na segunda-feira após o domingo de Pentecostes (quando se encerra o Tempo Pascal) e vai até as primeiras vésperas do primeiro domingo do Advento. O tempo comum retrata a vida pública de Jesus. E o tempo em que os seguidores de Cristo põem as mãos à obra: aprofundar-se no conhecimento do mistério pascal e no pautar a vida nova pelas exigências evangélicas. Ou, como se referem as já mencionadas Normas litúrgicas tempo em que "não se celebra nenhum aspecto especial do mistério do Cristo" (n. 43).


Fonte da primeira imagem: 
http://www.bibliacatolica.com.br/img/mapas/image-13.jpg

Fonte da segunda imagem: 
http://soimagensbiblicas.blogspot.com/2009/04/ceia001.html

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Por uma Igreja que pensa - padre Zezinho



"Por uma Igreja que pensa" é o clamor de quem sabe e denuncia, ou melhor, profetiza. Profetiza no sentido de, denunciando uma realidade, apontar corretivos.

Pois bem, padre Zezinho publicou nas Paulinas Online a mensagem intitulada "Por uma Igreja que pensa", cujo texto pode ser lido aqui.


Leia mais:

Missa não é opereta - Padre  Zezinho


Fonte da imagem:
http://todos1-pantarei.blogspot.com/2010/04/arte-de-pensar.html