segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Sermão da Lua, do papa João XXIII



Dos discursos do pontificado do papa João XXIII, o mais comovente e carinhoso deles entrou para a história, e assim ficou conhecido, como o "Sermão da Lua" ou o "Discurso da Lua".

Na noite do dia 11 de outubro de 1962, quinta-feira, João XXIII saudou os numerosos fiéis que haviam participado da vigília organizada para a abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II.

Foi uma saudação marcada pela simplicidade e carinho, e a lua estava a contemplar aquele  espetáculo de fé e esperança naquela inesquecível noite.

Reproduzo abaixo essa afável saudação, conhecida como "Sermão da Lua" ou "Discurso da Lua", divulgada, em português, pela Agência Zenit, edição de 11 de outubro de 2012:

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"Caros filhinhos, ouço as vossas vozes. A minha é apenas uma, mas condensa a voz do mundo inteiro. Todo o mundo está aqui representado.

Parece que até a lua antecipou-se esta noite – observai-a no alto – para contemplar este espetáculo. É que encerramos uma grande jornada de paz. Sim, de paz: Glória a Deus e paz aos homens de boa vontade.

A minha pessoa não conta para nada, quem vos fala é um irmão, que se tornou pai por vontade de Nosso Senhor, mas tudo junto – paternidade e fraternidade – é graça de Deus, tudo, tudo. Continuemos, pois, a amar-nos, a querer-nos bem, a querer-nos bem; olhando-nos mutuamente no encontro, recolhendo aquilo que nos une, deixando de lado qualquer coisa que nos possa criar dificuldade: nada. Fratres sumus.

Esta manhã aconteceu um espetáculo que nem a basílica de São Pedro, que tem quatro séculos de história, alguma vez pôde contemplar.

Honremos as impressões desta noite. Que os nossos sentimentos permaneçam sempre como agora os manifestamos diante do Céu e da terra. Fé, esperança, caridade, amor de Deus, amor de irmãos. E assim, todos juntos, mutuamente apoiados, na santa paz do Senhor, nas obras do bem.

Quando regressardes a casa, encontrareis os vossos meninos. Fazei uma carícia às vossas crianças e dizei: «esta é a carícia do Papa». Encontrareis algumas lágrimas por enxugar, fazei alguma coisa… dizei uma boa palavra: «o Papa está conosco, especialmente nas horas de tristeza e de amargura».

E assim, todos juntos, animemo-nos, cantando, suspirando, chorando, mas sempre, sempre cheios de confiança em Cristo que nos ajuda e nos escuta, para avançarmos e retomarmos o nosso caminho.

E, agora, tende a gentileza de atender à bênção que vos dou e também ao boa-noite que me permito desejar-vos."

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Leia mais:

Discorso alla Luna (em italiano)


Fonte do texto em português:
http://www.zenit.org/article-31514?l=portuguese

Fonte da imagem:
http://padretelmofigueiredo.blogspot.com.br/2012/10/50-anos-de-concilio-vaticano-ii-analises.html

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