quarta-feira, 30 de maio de 2012

Hóstia: O que esta palavra lhe sugere?



Permito-me reproduzir o artigo de Frei José Ariovaldo da Silva, OFM, Mestre em Sagrada Liturgia e professor do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), sob o título Hóstia: O que esta palavra lhe sugere?, versando sobre o significado da palavra hóstia e a sua associação à eucaristia.

Eucaristia e hóstia são expressões recorrentes na vida dos cristãos católicos. E falar em hóstia impõe fazer referência à partícula, que é a hóstia pequena dada aos que comungam. Diz-se partícula (hóstia pequena) para distinguir da hóstia grande (aquela que o sacerdote eleva no momento da consagração e com a qual expressa a fração do pão).

Pode-se dizer que a realidade dessas duas expressões coroam-se na ou convergem para a comunhão.

É, pois, na Missa, ou celebração da Eucaristia, que se faz o encontro pessoal com o Cristo, vítima eucarística.

Boa e proveitosa leitura!


"Certa vez, pensando sobre o "Sacramento da Caridade", me fiz a seguinte pergunta: Por que será que costumamos associar "eucaristia" com "hóstia".

Fala-se em adorar a hóstia, ajoelhar-se diante da hóstia, levar a hóstia em procissão (na festa de Corpus Christi), guardar a hóstia... Uma criança chegou certa vez para a catequista e perguntou: "Tia, quanto tempo falta para eu tomar a hóstia?" (Referia-se à primeira comunhão). 

Tive então a idéia de ir atrás da origem da palavra "hóstia". Corri para um dicionário (aliás, vários), e me dei conta que esta palavra vem do latim. Descobri que, em latim, "hóstia" é praticamente sinônimo de "vítima". Ao animal sacrificado em honra dos deuses, à vítima oferecida em sacrifício à divindade, os romanos (que falavam latim) chamavam de "hóstia". Ao soldado tombado na guerra vítima da agressão inimiga, defendendo o imperador e a pátria, chamavam de "hóstia". Ligada à palavra "hóstia" está a palavra latina "hóstis", que significa: "o inimigo". Daí vem a palavra "hostil" (agressivo, ameaçador, inimigo), "hostilizar" (agredir, provocar, ameaçar). E a vítima fatal de uma agressão, por conseguinte, é uma "hóstia". 

Então, aconteceu o seguinte: O cristianismo, ao entrar em contato com a cultura latina, agregou no seu linguajar teológico e litúrgico a palavra "hóstia", exatamente para referir-se à maior "vítima" fatal da agressão humana: Cristo morto e ressuscitado. 

 Os cristãos adotaram a palavra "hóstia" para referir-se ao Cordeiro imolado (vitimado) e, ao mesmo tempo ressuscitado, presente no memorial eucarístico. 

 A palavra "hóstia" passa, pois, a significar a realidade que Cristo mesmo mostrou naquela ceia derradeira: "Isto é o meu corpo entregue... o meu sangue derramado". O pão consagrado, portanto, é uma "hóstia", aliás, a "hóstia" verdadeira, isto é, o próprio Corpo do ressuscitado, uma vez mortalmente agredido pela maldade humana, e agora vivo entre nós feito pão e vinho, entregue para ser comida e bebida: Tomai e comei..., tomai e bebei... 

 Infelizmente, com o correr dos tempos, perdeu-se muito este sentido profundamente teológico e espiritual que assumiu a palavra "hóstia" na liturgia do cristianismo romano primitivo, e se fixou quase que só na materialidade da "partícula circular de massa de pão ázimo que é consagrada na missa". A tal ponto de acabamos por chamar de "hóstia" até mesmo as partículas ainda não consagradas! 

Hoje, quando falo em "hóstia", penso na "vítima pascal", penso na morte de Cristo e sua ressurreição, penso no mistério pascal. Hóstia para mim é isto: a morte do Senhor e sua ressurreição, sua total entrega por nós, presente no pão e no vinho consagrados. Por isso que, após a invocação do Espírito Santo sobre o pão e o vinho e a narração da última ceia do Senhor, na missa, toda a assembléia canta: "Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus". 

Diante desta "hóstia", isto é, diante deste mistério, a gente se inclina em profunda reverência, se ajoelha e mergulha em profunda contemplação, assumindo o compromisso de ser também assim: corpo oferecido "como hóstia viva, santa, agradável a Deus" (Rm 12,1). Adorar a "hóstia" significa render-se ao seu mistério para vivê-lo no dia-a-dia. E comungar a "hóstia" significa assimilar o seu mistério na totalidade do nosso ser para se tornar o que Cristo é: entrega de si a serviço dos irmãos, hóstia.

E agora entendo melhor quando o Concílio Vaticano II, ao exortar para a participação consciente, piedosa e ativa no "sacrossanto mistério da eucaristia", completa: "E aprendam a oferecer-se a si próprios (grifo nosso) oferecendo a hóstia imaculada, não só pelas mãos do sacerdote, mas também juntamente com ele e, assim, tendo a Cristo como Mediador, dia a dia se aperfeiçoem na união com Deus e entre si, para que, finalmente, Deus seja tudo em todos" (SC 48)."


Fonte do texto:
http://www.portalum.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3582:hostia-o-que-esta-palavra-lhe-sugere-&catid=293:presbiteros&Itemid=415

Fonte da imagem:
http://www.aascj.org.br/home/2012/04/26/a-santa-missa-e-o-tesouro-das-almas-ligue-0800-774-7557-ou-5083-3003-para-sao-paulo-e-inscreva-seu-nome-nesta-celebracao/hostia-2/

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Cristãos ocultos no Japão - Kakure Kirishitan



Dá-se o nome de cristãos ocultos ou escondidos (Kakure Kirishitan) aos japoneses evangelizados no Japão pelos missionários da Igreja Católica Apostólica Romana que, durante o período de perseguição, praticavam a religião na clandestinidade.

Mas como assim? O início da evangelização no Japão deu-se, se não antes, com a ida do missionário São Francisco Xavier àquelas ilhas em 1549. Os japoneses eram receptivos ao anúncio do Evangelho, e o número de seguidores crescia a cada dia. Por razões políticas, o governo Tokugawa (Período Edo) a partir de 1614 desenvolveu uma violenta perseguição aos cristãos. Fechou o país à influência estrangeira, os missionários estrangeiros foram expulsos e os cristãos martirizados. Então, os que conseguiram escapar à feroz perseguição se refugiaram nas matas. Escondidos das autoridades, praticaram a religião nas condições limitativas que podiam, conservando-a sem ritos ostensivos, e a transmissão da Bíblia se fez oralmente.

A Wikipedia registra que: "Em 1614, ele [Tokugawa] assinou o Edito de Expulsão Cristã, que baniu a cristandade, todos os cristãos e estrangeiros, e proibiu os cristãos de praticarem a sua religião. Como resultado, muitos cristãos japoneses fugiram para as Filipinas Espanholas."

O Japão, porém, voltou a abrir-se para o exterior. Em 1853, começou a deixar de lado a sua política isolacionista.

Em 1863, apareceram novamente os missionários católicos. E os cristãos ocultos começaram a voltar à prática religiosa nas igrejas que vinham sendo erguidas.

Os cristãos ocultos guardavam princípios para identificar, com segurança, missionários católicos. Esses princípios tinham por objetivo averiguar se realmente estavam diante de alguém com a mesma fé: obediência à Roma ou seja ao Papa, celibato e veneração à Virgem Maria. Confirmados os três dados, os cristãos ocultos e os missionários recém-chegados se identificavam na mesma crença.

Entretanto, houveram cristãos ocultos que não voltaram mais à mesma fé. E continuaram, e continuam (cujo número vai-se reduzindo) assim como antes. São os chamados Hanare Kirishitan, ou cristãos separados, que, embora dados ao segredo, deixaram-se filmar para um documentário.


Leia mais:

Os cristãos ocultos do Japão

A História do Martírio Cristão no Japão

Os Mártires de Nagasaki: prisioneiros de Cristo  


Fonte da imagem:
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/de-olhos-bem-puxados

quarta-feira, 23 de maio de 2012

A intolerância contra os cristãos cresce na Europa



O Observatório sobre Intolerância e Discriminação contra Cristãos na Europa, em inglês Observatory on Intolerance and Discrimination against Christians in Europe - OIDCE,  publicou o relatório anual de listagem da discriminação anti-cristã em todos os Estados membros da União Européia, referente ao ano de 2011 (Report 2011).

O OIDCE é uma organização não governamental e membro da Agência Européia dos Direitos Fundamentais. Tem sede em Viena, na Áustria.

L'Osservatore Romano registra que os bispos europeus estão atentos às manifestações de discriminação e intolerância, conforme destaca, ao comentar sobre o relatório divulgado, Dom András Veres, bispo de Szombathely, na Hungria, e encarregado pelo Conselho das Conferências Episcopais Européias - CCEE de acompanhar o OIDCE. Seus comentários podem ser lidos aqui.


Leia mais:

Europa anticristã, pelo Pe. Jacques Rodrigues


Fonte da imagem:
http://www.fundacao-ais.pt/noticias/detail/id/2583/

sábado, 19 de maio de 2012

Música sacra e liturgia no Tríduo Pascal



O Tríduo Pascal é a memória "do crucificado, do sepultado e do ressuscitado" (Santo Agostinho) celebrada em cada ano litúrgico .

Nesse sentido, em sendo tema de natureza não  temporária, tem-se como conveniente registrar a entrevista dada por Raimundo Pereira Martínez sobre a importância da música sacra na vida da Igreja à Agência Zenit, cujo conteúdo, em português, pode ser lida aqui.



Fonte da imagem:
http://www.downloadcatolico.org/2012/04/vigilia-pascal.html#.T6ajHr_R3yE

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Hildegarda de Bingen - universalização do culto litúrgico



No dia 10 de maio de 2012, o Papa Bento XVI estendeu à Igreja inteira o culto litúrgico à Santa Hildegarda de Bingen, ou Santa Hildegard Von Bingen.

No caso, essa universalização do culto recebe o nome de canonização equipolente. Ou seja, venerada desde a sua morte no âmbito da sua congregação - a Ordem Benedina -, o culto à Santa Hildegarda alarga-se, a partir de agora, para a Igreja inteira.


Leia mais:

Uma grande intelectual


Fonte da imagem:
http://radiomec.com.br/sominfinito/destaques/

domingo, 6 de maio de 2012

Uma carta aberta ao mundo



Em 2013, a Carta Encíclica Pacem in terris do Papa João XXIII estará completando 50 anos.

O Papa escreveu-a no curso dos trabalhos do Concílio Ecumênico Vaticano II, cuja abertura foi em 11 de outubro de 1962, e em plena Guerra Fria.

A atualidade da Encíclica está a merecer os estudos da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, em homenagem ao seu cinquentenário.

O L'Osservatore Romano, referindo-se à recente mensagem enviada pelo Papa Bento XVI à sobredita Academia, registra

"Uma carta aberta ao mundo. Assim Bento XVI recordou a Pacem in terris na mensagem que enviou à plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, dedicada ao cinquentenário da encíclica de João XXIII."


Leia mais:

Mensagem de Bento XVI aos participantes na XVIII sessão plenária da Academia Pontifícia de Ciências Sociais (em espanhol)

Academia Pontifícia de Ciências Sociais - Pacem in terris: Sempre tópica


Fonte da imagem:
http://www.30giorni.it/articoli_id_14926_l6.htm

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Domingo do Bom Pastor e ordenações sacerdotais no Vaticano



Domingo, dia 29 de abril de 2012, em que o Evangelho é de São João (Jo 10,11-18), dedica-se à figura do Bom Pastor, o Papa Bento XVI conferiu o Sacramento da Ordem Presbiteral a nove diáconos provindos dos seminários da Diocese de Roma.

Dos nove ordenados, oito exercerão seu ministério na Diocese de Roma, sendo um deles ex-juiz e advogado e outro piloto de avião. Também foi ordenado o vietnamita José Vu Van Hieu, que exercerá seu ministério na Diocese de Bùi Chu.

Na homilia, Bento XVI disse: "Caros Ordenandos, que esta Palavra de Deus ilumine todas as suas vidas. E quando o peso da cruz se tornar um fardo ainda mais pesado, saibam que aquela será a hora mais preciosa para vocês e para as pessoas a vocês confiadas: renovando com fé e com amor o seu sim, com ajuda de Deus eu quero, vocês cooperarão com Cristo, Sumo Sacerdote e Bom Pastor, a apascentar seu rebanho – talvez aquela que estava perdida, mas pela qual se faz grande festa no Céu. A Virgem Maria, Salus Populi Romani, vele cada um de vocês e seus caminhos."

Confira o vídeo da celebração da Santa Missa na Basílica de São Pedro, em que o Papa Bento XVI conferiu o Sacramento da Ordem Presbiteral, aqui.


Fonte da imagem: 
http://www.radiovaticana.org/por/Articolo.asp?c=583836