quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Bolso prevalece sobre aborto, internet e o papa



A Igreja não tem partido político, mas tem princípios. Ao passo que os fiéis leigos podem estar filiados a este ou aquele partido político. E a Igreja os incentiva a evangelizar o e no mundo, dando testemunho. Nesse sentido, "Compete ainda aos fiéis leigos participar activamente na vida política, de modo sempre coerente com os ensinamentos da Igreja [...]". Os princípios existem. E a defesa deles vai para além do calor de período eleitoral. A Igreja fala deles em qualquer tempo e lugar.

Para inovar, por exemplo, na vida política ou para dar um sentido consciente, maduro às decisões a tomar em situações políticas relevantes, os fiéis contam com a formação cristã a ser empreendida pela Igreja (Rm 10, 14-15).

Chamou-me a atenção a análise que José Roberto de Toledo fez acerca das pesquisas da campanha eleitoral à presidência - 2° turno. A análise foi publicada no caderno especial eleições 2010, página H3, do jornal O Estado de São Paulo, edição de domingo, 31 de outubro de 2010. Sob o título "Bolso prevalece sobre aborto, internet e o papa", pode ser lido aqui.

O articulista retoma temas, como o aborto e o uso da internet na campanha. E, ao falar do Papa, por certo que está em mira do articulista o discurso de Bento XVI aos Bispos do Regional Nordeste 5.

Mas o que fixa a atenção é que o potencial religioso e os valores/questões relevantes (como aborto) atraídos para a campanha eleitoral não pesaram decisivamente nos importantes momentos de definição, quer para um lado quer para o outro. Eles tiveram papel secundário. Num confronto deles com os chamados bens materiais, a prevalecência foi para estes. Daí, "o bolso fala mais alto", arremata o articulista.


Os bens materiais são necessários. Acontece que somos convidados, tentados a abusar dos bens (e cair no consumismo). Santo Agostinho já aconselhava: "A obra virtuosa consiste precisamente no bom uso daquelas coisas das quais podemos também abusar" (AGOSTINHO, Santo: O livre-arbítrio. São Paulo: Paulus, 1995. p. 139).

São Tomás de Aquino fazia ver que temos necessidade das riquezas ao sustento, sem as quais não podemos alçar a vôos mais altos: a prática de obras virtuosas e, como consequência, a felicidade.

Assim diz São Tomás: "Não é próprio da liberalidade dispensarmos as riquezas de modo a não nos sobrar o com que nos sustentemos e pratiquemos obras virtuosas, que nos levem à felicidade" (AQUINO, Santo Tomás: Suma Teológica – II-IIae. Porto Alegre: Sulina, 1980., p. 2907, Q. CXVII).

Os valores, como dignidade da pessoa humana, direitos dos animais, ecologia, ou questões como aborto, guerra, eutanásia podem ser pensados tanto pela religião quanto pela filosofia. A esses valores e questões podemos agregar, por exemplo, o direito à liberdade de expressão do pensamento, à liberdade religiosa e à manifestação cultual, à proteção da família, ao lazer, à aposentadoria/pensão, à saúde, e assim por diante. Daí, o peso que a religião, a filosofia e os valores deveriam ter nas eleições. Deveriam, mas não têm ou não os tem de forma concomitante ou igualitária.

O peso varia conforme as culturas ou de acordo com as necessidades básicas de vida da população desta ou daquela localidade/região. Naquelas populações onde os bens materiais não participam de tanto apelo político, o homem preocupa-se, hodiernamente, com outros valores ou questões, como mencionados: a ecologia, a guerra, a dignidade da pessoa humana, direitos dos animais, e não com aquelas necessidades básicas até imprescindíveis para a sobrevivência.

Sucede que o homem quer sempre mais. Na medida em que ele supera uma necessidade mais imediata, ele cria novas necessidades ou almeja outros patamares no leque dos bens propiciados pela sociedade.

Como há valores e questões que são mais caros à religião, quer fundamentados pela razão quer pela revelação/escritura, compete a ela conferir uma formação sólida aos fiéis. Sem formação adequada, e com incursões apenas em curtos momentos (período eleitoral, por exempo), por certo que tais valores e questões continuarão não tendo peso ou o quanto mereceriam ter nas ocasiões de decisões importantes (eleição, plebiscito).

Será que estamos tomando decisões apenas pelo imediatismo e utilitarismo dos bolsos? Ou pensamos além dos nossos bolsos ou umbigos?


Leia mais:

Política e Fé se tocam, afirma Bento XVI

Conceito de Consumismo, por Paulo Nunes

Conceito de Consumerismo, por Paulo Nunes

Consumo e Consumismo, por Marcelo Guterman


Fonte da primeira imagem:
http://1.bp.blogspot.com/_WY3qKeZY6L0/SribUoe0xNI/AAAAAAAAMnQ/YnHLWH2ZWCg/s1600-h/dinheiro_bolso_230.jpg

Fonte da segunda imagem:
http://anacarolinameireles.blogspot.com/2009/06/consumo-e-consumismo.htm
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Créditos para as citações acima, de Santo Agostinho e de São Tomás de Aquino: http://www.sociedadecatolica.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=289

sábado, 20 de novembro de 2010

Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini



A XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a "Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja", convocada pelo Papa Bento XVI e realizada no Vaticano, foi inaugurada no dia 5 de outubro de 2008 e encerrada no dia 26 do mesmo mês e ano.

Decorridos dois anos do encerramento, o Cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, apresentou no dia 11 de novembro corrente, na Sala de Imprensa da Santa Sé, a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini.

Exortação Apostólica, assinada por Bento XVI no dia 30 de setembro de 2010 - celebração da memória de São Jerônimo (tradutor da Bíblia para o latim, chamada Vulgata) - é documento emitido pelo Papa (de caráter catequético ou pastoral) - e, como o nome diz pós-sinodal - que se edita depois de concluída uma Assembléia de Sínodo dos Bispos.

Extraído do Catecismo da Igreja Católica (n. 118), lê-se na Exortação Apostólica:

«Littera gesta docet, quid credas allegoria,
Moralis quid agas, quo tendas anagogia.
A letra ensina-te os factos [passados], a alegoria o que deves crer,
A moral o que deves fazer, a anagogia para onde deves tender».

Com a Exortação ora tornada pública, coroam-se os trabalhos da XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a "Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja" .


Leia mais:

"Verbum Domini", exortação apostólica em sintonia com "Dei Verbum"


Fonte da imagem:
http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=95&did=128264


sábado, 6 de novembro de 2010

Diretório da Liturgia - 2011



O Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil - 2011 - Ano A - São Mateus já está disponível nas livrarias católicas. E também pode ser adquirido diretamente nas Edições CNBB.

O Diretório da Liturgia é obra preparada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB e traz as informações necessárias para a celebração do Mistério de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Maria, das Santas e Santos no decorrer do ano 2011, assim como fornece dados atualizados da CNBB e das Dioceses do Brasil.

O livro Diretório da Liturgia traz as informações para as celebrações diárias no ano civil. E, como se sabe, o ano civil não coincide com o ano litúrgico.

O ano litúrgico atual, Ano C - São Lucas termina no dia 27 de novembro de 2010, sábado, e com as Vésperas do 1° Domingo do Advento se inicia o novo ano litúrgico, Ano A - São Mateus. Em outras palavras, no dia 27 de novembro 2010, sábado à tarde (Vésperas), começa o Ano Litúrgico A, onde se lê o Evangelho de São Mateus, e vai até 26 de novembro de 2011, sábado.

Portanto, continua-se usando, até 31 de dezembro deste ano, o Diretório da Liturgia - 2010, posto que parte do novo ano litúrgico, ano A - São Mateus, todo o Tempo do Advento e boa porção do Tempo do Natal, nele se contêm.

O Diretório da Liturgia é importante para a escolha das orações do Missal Romano, das leituras bíblicas.


Fonte da imagem:
http://www.edicoescnbb.com.br/site/product_info.php?products_id=278&osCsid=jpdhd8ch5qmab0esovbjtr62h3