sábado, 27 de abril de 2013

Como se furtava em 1655



Talvez nada ou pouco mudou desde a época do Padre Antônio Vieira (1608-1697) até os nossos dias sobre o ato de apoderar-se indevidamente de coisa alheia - furtar.

Da prática de furtar dos tempos de antanho, Dom Redovino Rizzardo, Bispo da Diocese de Dourados (Mato Grosso do Sul), traz à tona, para confrontar com a dos tempos atuais, trechos do Sermão do Bom Ladrão pregado pelo padre jesuíta Antônio Vieira em 1655, na Igreja da Misericórdia, em Lisboa (Portugal), válidos e atuais não só pela riqueza ética mas também pela beleza literária.

Sob o título "Como se furtava em 1655", o artigo de Dom Redovino foi publicado na página da CNBB, na internet, em 22 de abril de 201, segunda-feira, cujo texto pode ser lido aqui.


Fonte da imagem:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=30&did=95782

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A retomada das Catequeses do Ano da Fé pelo Papa Francisco



As Catequeses do Ano da Fé, iniciadas por Bento XVI, tiveram prosseguimento pelo Papa Francisco, a partir da Audiência Geral da Quarta-Feira, dia 3 de abril de 2013.

Reproduzo a Catequese proferida pelo Papa Francisco no dia 3 de abril, seguida das saudações aos peregrinos de língua portuguesa.

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"Prezados irmãos e irmãs
Bom dia!

Hoje retomamos as Catequeses do Ano da fé. No Credo nós repetimos esta expressão: «Ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras». É precisamente o acontecimento que estamos a celebrar: a Ressurreição de Jesus, centro da mensagem cristã, que ressoou desde os primórdios e foi transmitido para que chegue até nós. São Paulo escreve aos cristãos de Corinto: «Transmiti-vos primeiramente o que eu mesmo tinha recebido: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras; depois, apareceu a Cefas e em seguida aos Doze» (1 Cor 15, 3-5). Esta breve confissão de fé anuncia precisamente o Mistério pascal, com as primeiras aparições do Ressuscitado a Pedro e aos Doze: a Morte e a Ressurreição de Jesus são exactamente o coração da nossa esperança. Sem esta fé na morte e na ressurreição de Jesus, a nossa esperança será frágil, mas não será sequer esperança, e precisamente a morte e a ressurreição de Jesus são o coração da nossa esperança. O Apóstolo afirma: «Se Cristo não ressuscitou, a vossa fé é inútil, e ainda viveis nos vossos pecados» (v. 17). Infelizmente, muitas vezes procurou-se obscurecer a fé na Ressurreição de Jesus, e também entre os próprios crentes se insinuaram dúvidas. Um pouco daquela fé «diluída», como dizemos; não é a fé forte. E isto por superficialidade, às vezes por indiferença, preocupados com muitas coisas que se consideram mais importantes que a fé, ou então devido a uma visão apenas horizontal da vida. Mas é precisamente a Ressurreição que nos abre à maior esperança, porque abre a nossa vida e a vida do mundo para o futuro eterno de Deus, para a felicidade plena, para a certeza de que o mal, o pecado e a morte podem ser derrotados. E isto leva a viver com maior confiança as realidades diárias, a enfrentá-las com coragem e compromisso. A Ressurreição de Cristo ilumina com uma luz nova estas realidades quotidianas. A Ressurreição de Cristo é a nossa força! 

Mas como nos foi transmitida a verdade de fé da Ressurreição de Cristo? Há dois tipos de testemunhos no Novo Testamento: alguns têm a forma de profissão de fé, isto é, de fórmulas sintéticas que indicam o âmago da fé; outros, ao contrário, têm a forma de narração do acontecimento da Ressurreição e dos a eventos a ela ligados. O primeiro: a forma da profissão de fé, por exemplo, é aquele que há pouco ouvimos, ou seja, o da Carta aos Romanos, em que são Paulo escreve: «Se com a tua boca professares: “Jesus é o Senhor!”, e no teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo!» (10, 9). Desde os primeiros passos da Igreja, é bem sólida e clara a fé no Mistério de Morte e Ressurreição de Jesus. Hoje, porém, gostaria de meditar sobre o segundo, sobre os testemunhos na forma de narração, que encontramos nos Evangelhos. Antes de tudo, observemos que as primeiras testemunhas deste acontecimento foram as mulheres. De madrugada, elas vão ao sepulcro para ungir o corpo de Jesus e encontram o primeiro sinal: o túmulo vazio (cf. Mc 16, 1). Depois, segue-se o encontro com um Mensageiro de Deus que anuncia: Jesus de Nazaré, o Crucificado, não está aqui, ressuscitou (cf. vv. 5-6). As mulheres são impelidas pelo amor e sabem acolher este anúncio com fé: acreditam e imediatamente transmitem-no; não o conservam para si mesmas, mas transmitem-no. A alegria de saber que Jesus está vivo, a esperança que enche o coração, não podem ser contidas. Isto deveria verificar-se também na nossa vida. Sintamos a alegria de ser cristãos! Acreditemos num Ressuscitado que venceu o mal e a morte! Tenhamos a coragem de «sair» para levar esta alegria e esta luz a todos os lugares da nossa vida! A Ressurreição de Cristo é a nossa maior certeza; é o tesouro mais precioso! Como não compartilhar com os outros este tesouro, esta certeza? Não é somente para nós, devemos transmiti-la, comunicá-la aos outros, compartilhá-la com o próximo. Consiste precisamente nisto o nosso testemunho. 

Outro elemento. Nas profissões de fé do Novo Testamento, como testemunhas da Ressurreição, são recordados apenas homens, os Apóstolos, mas não as mulheres. Isto porque, segundo a Lei judaica daquela época, as mulheres e as crianças não podiam dar um testemunho confiável, credível. Nos Evangelhos, ao contrário, as mulheres desempenham um papel primário, fundamental. Aqui podemos entrever um elemento a favor da historicidade da Ressurreição: se fosse um episódio inventado, no contexto daquele tempo não estaria vinculado ao testemunho das mulheres. Os evangelistas, ao contrário, narram simplesmente o que aconteceu: as primeiras testemunhas são as mulheres. Isto diz que Deus não escolhe segundo os critérios humanos: as primeiras testemunhas do nascimento de Jesus são os pastores, pessoas simples e humildes; as primeiras testemunhas da Ressurreição são as mulheres. E isto é bonito. Esta é um pouco a missão das mulheres: mães e mulheres! Dar testemunho aos filhos e aos pequenos netos, de que Jesus está vivo, é o Vivente, ressuscitou. Mães e mulheres, ide em frente com este testemunho! Para Deus o que conta é o coração, quanto estamos abertos a Ele, se somos filhos que confiam. Mas isto leva-nos a meditar inclusive sobre o modo como as mulheres, na Igreja e no caminho de fé, tiveram e ainda hoje desempenham um papel especial na abertura das portas ao Senhor, no seu seguimento e na comunicação do seu Rosto, pois o olhar de fé tem sempre necessidade do olhar simples e profundo do amor. Os apóstolos e os discípulos têm dificuldade de acreditar. As mulheres não. Pedro corre até ao sepulcro, mas detém-se diante do túmulo vazio; Tomás deve tocar com as suas mãos as chagas do corpo de Jesus. Também no nosso caminho de fé é importante saber e sentir que Deus nos ama, não ter medo de o amar: a fé professa-se com a boca e com o coração, com a palavra e com o amor. 

Depois das aparições às mulheres, seguem-se outras mais: Jesus torna-se presente de modo novo: é o Crucificado, mas o seu corpo é glorioso; não voltou para a vida terrena, mas sim para uma nova condição. No início não o reconhecem, e os seus olhos só se abrem através das suas palavras e dos seus gestos: o encontro com o Ressuscitado transforma, dá uma nova força à fé, um fundamento inabalável. Também para nós existem muitos sinais em que o Ressuscitado se faz reconhecer: a Sagrada Escritura, a Eucaristia, os outros Sacramentos, a caridade, os gestos de amor que trazem um raio de luz do Ressuscitado. Deixemo-nos iluminar pela Ressurreição de Cristo, deixemo-nos transformar pela sua força, para que também através de nós, no mundo, os sinais de morte deixem o lugar aos sinais de vida. Vejo que há muitos jovens na praça. Ei-los! Digo-vos: levai em frente esta certeza: o Senhor está vivo e caminha ao nosso lado na vida. Esta é a vossa missão! Levai em frente esta esperança. Permanecei alicerçados nesta esperança, nesta âncora que está no céu; segurai com força a corda, permanecei ancorados e levai em frente a esperança. Vós, testemunhas de Jesus, deveis levar em frente o testemunho de que Jesus está vivo, e isto dar-nos-á esperança, dará esperança a este mundo um pouco envelhecido devido às guerras, ao mal e ao pecado. Em frente, jovens! 


Saudações

Caríssimos peregrinos de língua portuguesa, em particular ao grupo de brasileiros vindo do Paraná: alegrai-vos e exultai, porque o Senhor Jesus ressuscitou! Deixai-vos iluminar e transformar pela força da Ressurreição de Cristo, a fim de que as vossas existências se tornem um testemunho da vida que é mais forte que o pecado e a morte. Boa Páscoa a todos!

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Fonte da Catequese reproduzida:
http://www.vatican.va/holy_father/francesco/audiences/2013/documents/papa-francesco_20130403_udienza-generale_po.html

Fonte da imagem:
http://brazil.frrole.com/o/dois-homens-de-deus---bento-xvi-e-papa-f-peanisioscj-rio-de-janeiro