domingo, 30 de dezembro de 2012

A paz: dom de Deus e obra do homem



A paz não é um sonho, nem uma utopia; a paz é possível.

O Papa Bento XVI já divulgou a Mensagem para o XLVI Dia Mundial da Paz, a ser comemorado no dia 1º de janeiro de 2013.

A paz começa consigo mesmo, passando da paz interior para a paz exterior. Nesse sentido, Bento XVI esclarece:

"A paz envolve o ser humano na sua integridade e supõe o empenhamento da pessoa inteira: é paz com Deus, vivendo conforme à sua vontade; é paz interior consigo mesmo, e paz exterior com o próximo e com toda a criação."

O texto integral da Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial da Paz, em português, pode ser lido aqui.

Às leitoras e aos leitores desejo


Feliz e próspero 2013!


Leia mais:

Mensagem de Sua Santidade Papa Paulo VI para a celebração do I Dia Mundial da Paz - 1 de janeiro de 1968


Fonte da imagem:
http://www.arquidiocesebh.org.br/site/noticias.php?id_noticia=4702

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Balanço pastoral de Bento XVI: Discurso à Cúria Romana



O Papa Bento XVI se encontrou no dia 21 de dezembro de 2012, sexta-feira, na Sala Clementina, com os membros do Colégio Cardinalício, representantes da Cúria Romana e do Governatorado. E, nessa oportunidade de apresentação dos votos natalícios, o Papa dirigiu a eles discurso de grande variedade de temas atuais, que envolvem a Igreja e o Pontificado no ano de 2012.

Ou, como afirma o Papa:

"Encontramo-nos no fim de mais um ano, também este caracterizado - na Igreja e no mundo - por muitas situações atribuladas, por grandes problemas e desafios, mas também por sinais de esperança. Limito-me a mencionar alguns momentos salientes no âmbito da vida da Igreja e do meu ministério petrino."

Entre a variedade de temas abordados no discurso, destaco: família, diálogo e anúncio. O discurso dá forma analítica a cada um dos temas. Por exemplo, o tema diálogo se decompõe em diálogo com os Estados, diálogo com a sociedade e diálogo com as religiões.

O texto integral do discurso, em português, pode ser lido aqui.


Leia mais:

Quem defende Deus defende o homem


Fonte da imagem:
http://govvota.blogspot.com.br/2012/12/discurso-do-papa-bento-xvi-curia-romana.html

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O nascimento de Cristo desafia-nos a reconsiderar o nosso modo de viver, diz Bento XVI.


http://www.osservatoreromano.va/orportal-portlets-portal/detail/binaries/news/vaticano/2012/293q12-in-un-articolo-per-il--financial-times--di-/financialtimes.jpg

Ele [Cristo] traz esperança a todos os que, como ele mesmo, vivem à margem da sociedade.

O jornal inglês "Financial Times" pediu ao Papa Bento XVI um artigo sobre a celebração do Natal de Jesus em tempos de auteridade e o compromisso dos cristãos na transformação do mundo. O Papa, excepcionalmente, atendeu à solicitação e o artigo foi publicado no dia 19 de dezembro de 2012, quarta-feira, cujo texto em inglês pode ser lido aqui e, em italiano (tradução), aqui.

Bento XVI parte da passagem bíblica - Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mc 12,17) -, que dá uma dimensão de reflexão sobre a não politização da religião e a não divinização do poder temporal. Daí, afirma o Papa: "[...] o nascimento do menino Jesus marcou o fim da antiga ordem, o mundo pagão, no qual as reivindicações de César pareciam impossíveis de desafiar."

E também:

"O nascimento de Cristo desafia-nos a reconsiderar as nossas prioridades e valores, o nosso modo de viver. E enquanto o Natal é sem dúvida um tempo de grande alegria, é também uma ocasião para uma reflexão profunda, aliás, um exame de consciência. No fim de um ano que significou privações económicas para muitos, o que podemos aprender da humildade, da pobreza, da simplicidade da imagem do presépio?"


Reproduzo, na íntegra, o mencionado artigo de Bento XVI, em tradução para o português, divulgado pelo L'Osservatore Romano, edição de 21 de dezembro de 2012, sexta-feira, como segue:

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«Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus» foi a resposta de Jesus quando lhe perguntaram o que pensava sobre o pagamento dos impostos. Obviamente, os que o interrogavam desejam preparar-lhe uma armadilha. Queriam obrigá-lo a tomar uma posição no debate político inflamado sobre a dominação romana na terra de Israel. E o que estava em jogo era ainda mais: se Jesus fosse realmente o Messias esperado, então certamente ter-se-ia oposto aos dominadores romanos. Portanto, a pergunta era calculada para o desmascarar como uma ameaça para o regime ou como um impostor. A resposta de Jesus leva habilmente a questão a um nível superior, atestando com fineza contra a politização da religião e a deificação do poder temporal, e contra a incansável busca da riqueza. Os seus interlocutores deviam entender que o Messias não era César, e que César não era Deus. O reino que Jesus vinha instaurar era de uma dimensão absolutamente superior. Como respondeu a Pôncio Pilatos: «O meu reino não é deste mundo». 

As narrações de Natal do Novo Testamento têm a finalidade de expressar uma mensagem semelhante. Jesus nasceu durante um «recenseamento do mundo inteiro», desejado por César Augusto, o imperador famoso por ter levado a Pax Romana a todas as terras submetidas ao domínio romano. E no entanto, este menino, nascido num obscuro e distante recanto do império, estava para oferecer ao mundo uma paz muito maior, verdadeiramente universal nas suas finalidades e para além de qualquer limite de espaço e de tempo. 

 Jesus é-nos apresentado como herdeiro do rei David, mas a libertação que ele trouxe ao próprio povo não dizia respeito à vigilância dos exércitos inimigos; ao contrário, tratava-se de vencer o pecado e a morte para sempre. O Menino Jesus, vulnerável e débil em termos mundanos, tão diverso dos dominadores terrenos, é o verdadeiro rei do céu e da terra. 

O nascimento de Cristo desafia-nos a reconsiderar as nossas prioridades e valores, o nosso modo de viver. E enquanto o Natal é sem dúvida um tempo de grande alegria, é também uma ocasião para uma reflexão profunda, aliás, um exame de consciência. No fim de um ano que significou privações económicas para muitos, o que podemos aprender da humildade, da pobreza, da simplicidade da imagem do presépio? 

A narração do Natal pode introduzir-nos a Cristo, tão indefeso e tão facilmente abordável. O Natal pode ser o tempo no qual aprendemos a ler o Evangelho, a conhecer Jesus não só como o Menino da manjedoura, mas como aquele no qual reconhecemos o Deus que se fez Homem. 

É no Evangelho que os cristãos encontram inspiração para a vida diária e para o seu envolvimento nas questões do mundo – quer isto aconteça no Parlamento quer na Bolsa. Os cristãos não deveriam fugir do mundo; ao contrário, deviam ter zelo por ele. Mas a sua participação na política e na economia deveria transcender qualquer forma de ideologia. 

Os cristãos combatem a pobreza porque reconhecem a dignidade suprema de todos os seres humanos, criados à imagem de Deus e destinados à vida eterna. Os cristãos lutam por uma partilha equilibrada dos recursos da terra porque estão convictos de que, como administradores da criação de Deus, temos o dever de zelar pelos mais débeis e vulneráveis, agora e no futuro. Os cristãos opõem-se à avidez e à exploração, convictos de que a generosidade e um amor abnegado, ensinados e vividos por Jesus de Nazaré, são o caminho que leva à plenitude da vida. A fé cristã no destino transcendente de cada ser humano implica a urgência da tarefa de promover a paz e a justiça para todos. Dado que tais fins são partilhados por muitos, é possível uma grande e frutuosa colaboração entre os cristãos e os outros. Todavia, os cristãos dão a César só o que é de César, mas não o que pertence a Deus. Às vezes ao longo da história os cristãos não podiam aceitar as exigências feitas por César. Desde o culto do imperador da antiga Roma até aos regimes totalitários do século que acabou de transcorrer, César procurou ocupar o lugar de Deus. Quando os cristãos rejeitaram ajoelhar-se diante dos falsos deuses propostos nos nossos tempos, não foi porque tinham uma visão antiquada do mundo. Pelo contrário, isto acontece porque estão livres dos vínculos da ideologia e são animados por uma visão tão nobre do destino humano, que não possa aceitar comprometimentos em relação a nada que o possa ameaçar. 

Na Itália, muitos presépios são adornados com ruínas dos antigos edifícios romanos como pano de fundo. Isto demonstra que o nascimento do Menino Jesus marcou o fim da antiga ordem, o mundo pagão, no qual as reivindicações de César pareciam impossíveis de desafiar. Agora temos um rei novo, o qual não confia na força das armas, mas no poder do amor. Ele traz esperança a todos os que, como ele mesmo, vivem à margem da sociedade. Traz esperança a quantos são vulneráveis nos destinos mutáveis de um mundo precário. Desde a manjedoura, Cristo chama-nos a viver como cidadãos do seu reino celeste, um reino que cada pessoa de boa vontade pode ajudar a construir aqui na terra. 

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Fonte da primeira imagem:
http://www.osservatoreromano.va/portal/dt?JSPTabContainer.setSelected=JSPTabContainer%2FDetail&last=false=&path=/news/vaticano/2012/293q12-In-un-articolo-per-il--Financial-Times--di-.html&title=Cristiani%20senza%20compromessi&locale=pt

Fonte da segunda imagem:
http://comunidadecatolicagratidao.blogspot.com.br/2011/12/onde-esta-manjedoura.html

Fonte do texto (em português):
http://www.osservatoreromano.va/portal/dt?JSPTabContainer.setSelected=JSPTabContainer%2FDetail&last=false=&path=/news/vaticano/2012/293q12-In-un-articolo-per-il--Financial-Times--di-.html&title=Cristiani%20senza%20compromessi&locale=pt

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Diálogo na intimidade - Palavra: AMOR


Bom, mãe, vou me preparar para nascer.

E a solene festa do nascimento de Jesus está chegando, motivo e razão da nossa alegria e da nossa esperança.

Há tempos Padre Javier Mateo Arana, do clero diocesano da Diocese de Santos, escreveu um texto a que deu o nome de "Diálogo na intimidade  - Palavra: AMOR", e recentemente publicado no Jornal Presença Diocesana (Jornal Mensal da Diocese de Santos - SP) - Dezembro - 2012 - nº 136 - ano 12 - p. 11.

Como o título diz, o diálogo se passa no mais profundo do ser humano, entre mãe e filho - Maria e Jesus. É o diálogo da vida. Tudo se sustenta no AMOR.

"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade" (Jo 1,14).

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"Diálogo na intimidade - Palavra: AMOR

- Mãe, cheguei! 
- Assim, tão de repente? 
- Foi só a Senhora dizer para o anjo aquilo de “Eis aqui a escrava do Senhor...” que eu aproveitei a deixa (aliás, esperada desde sempre) e eis-me aqui...
- Então tu estavas escu- tando tudo escondido entre as flores? 
- É, estava na boca do anjo Gabriel. Acompanhei tudo e estava torcendo para que tu, mãe, acreditasse naquilo de que “...para Deus nada é impossível...” 
-É, filho, não foi nada fácil... sei que lá pelo século XXI, as pessoas vão dizer que ... “Assim, qualquer um, pudera...”. Mas não foi fácil. Pois logo pensei em José. Coitado! Não ia entender nada, que nem eu. Acho que teu Pai nos pegou desprevenidos. Acho que nem José, nem eu estávamos preparados para tanto. 
- É, mãe, as coisas de Deus são assim. Elas passam pelo coração, antes de acontecer na cabeça. 
- Meu filho, quem sabe destas coisas é a tua mãe. Fiquei sem saber por onde começar. Porque eu disse para o anjo: Olha, eu não conheço homem nem pensei em nada sério e depois, pensei, não adianta falar comigo se José não está aqui para opinar... Aí o anjo me contou e começou a dizer coisas tão bonitas e verdadeiras que fiquei pasma. Estava tudo preparado. O anjo só queria me arrancar o “OK” e eu me abandonei totalmente à Palavra. Porque apareceu em cena o Espírito Santo. 
- Ah! Esse eu conheço. Meu Pai e Eu estamos sempre ligados a Ele. É como se nós pegássemos o ar d’Ele. 
- Ele, de fato, foi muito gentil comigo. Me cobriu com sua sombra e eu fiquei grávida de Ti, por causa do Amor. Que Esposo Maravilhoso! 
- Sabes, mãe? Aqui dentro está tudo tão bom...! Que experiência única, mãe. Eu que sou Deus me encontro aqui, no teu interior de mãe, esperando o tempo passar e nascer de ti... 
- Eu também, filho, sinto um bem-estar pleno de mãe. Agora sei que começo a sentir aquela saudação do anjo... “Alegra-te, ó tu que tens o favor de Deus, o Senhor está contigo... Teu filho estás aqui dentro, meu tesouro”. 
- E, Eu, Deus, estou me alimentando de ti, mãe. Tu achas, mãe, que alguém pode entender estas coisas? 
- Acho que não meu filho. Embora Isabel, a prima, tenha falado umas coisas que me encheram de rubor. 
- O que disse? 
- Ela levantou os braços, veio ao meu encontro e... “Bendita és tu mais do que todas as mulheres. Bendito é também o fruto do teu ventre”. Fiquei passada. Não sabia como ela poderia ter descoberto este segredo que era coisa do Anjo e minha. 
- Reparaste, mãe, que tudo aconteceu numa aldeia perdida, desconhecida, sem importância? Eu gosto de gente que nem tu, mãe, do povo, gente simples, decidida e que assume as coisa pra valer. Estou orgulhoso de ti, mãe. 
- Pois imagina eu, filho. Não sei muito bem o que me espera por ser tua mãe, mas por enquanto “a minha alma exalta o Senhor e meu espí- rito se encheu de júbilo por causa de Deus, meu Salvador, porque Ele pôs os olhos sobre sua humilde Serva.”  
- Eu já ouvi estas palavras e outras mais, na casa de Isabel. Achei-as geniais. Só tu, mãe, pra falar coisas tão bonitas. Mas eu acho que estas palavras, mãe, vão dar dor de cabeça no futuro. 
- É filho, mas foi o que o Espírito Santo me inspirou na hora. 
- Como é bom falar contigo, mãe. 
- Melhor é te sentir aqui dentro, filho. 
- Falta muito pra eu nascer, mãe? 
- Acho que é questão de dias, filho. Estou um pouco nervosa porque temos que viajar para Belém, e sabes como é difícil mulher grávida andar por estes caminhos empoeirados. 
- Estou doidinho pra ver tua cara. Deve ser linda. 
- E eu estou sonhando com os teus olhos. Não sei se serão castanhos como os meus ou da cor do Espírito Santo. 
- Bom, mãe, vou me preparar para nascer. 
- Descansa meu filho. 
- Descansa mãe, até o dia 25. 
- Vinte e cinco, filho? 
- Acho que sim, mãe. 
- Ah! Não fala assim que eu vou chorar de alegria, filho. 
 - Mãe, não te ponhas assim tão romântica.  
- E posso?!..."

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Às leitoras e aos leitores desejo 
 

Feliz e Santo Natal do Senhor


Fonte do texto:
Jornal Presença Diocesana (Jornal Mensal da Diocese de Santos - SP) - Dezembro - 2012 - nº 136 - ano 12 - p. 11
www.unisantos.br/upload/publicacao_1354889216559_136_jp_2012_dezembro.pdf
 
Fonte da primeira imagem:
http://www.paroquiadocarmo.org.br/album_select_content.asp?cod_album=40

Fonte da segunda imagem:
http://blogdacapela.blogspot.com.br/2012/03/mulher-exemplo-de-mulher.html

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Então é Natal...


Em meio à aproximação das festas natalinas, reproduzo abaixo artigo do Padre Zezinho sobre o sentido do Natal de Jesus:


"Então é Natal...


A canção que, com a tradicional “Noite Feliz”, toca cada dia menos e, às vezes, aparece depois das marchas que já antecipam o carnaval fez-me pensar no “então” de cada vida e de cada família. Então é isso que o Natal de Jesus se tornou? Com exceção dos lugares turísticos, sem presépios, sem árvores iluminadas, sem canções natalinas no rádio, sem novenas, sem preparação e sem a gratidão de outros tempos? 

Não é que o Natal tenha desaparecido. Ele apenas encolheu. Católicos que ainda ontem enfeitavam suas janelas e portas com os símbolos do Natal abandonaram a prática. Testemunhar o quê? Há mais Papais-Noeis e Mamães-Noéis do que meninos-Jesus nas lojas e em lugares públicos. Há sinos anunciando o bom velhinho e poucos anunciando o santo menino. O não aniversariante é mais festejado do que o aniversariante. O não existente recebe mais festa do que o existente, aquele que veio e chamou-se Jesus. O mitológico velhinho Natal que, na realidade não nasceu velho nem sequer nasceu, desbancou o não mitológico menino Deus. Há quem diga que os dois são mitos. Nós dizemos que não. Real é Jesus. 

Segundo a tradição, o caridoso bispo Nicolau se tornou papai Natal, Papa Noel, com direito a neve, renas e trenó, vindo de algum lugar do Pólo Norte. Isto é: vem do céu, mas não é daqui mesmo. Mas, como ele vende mais, então a festa é para ele. Exceto em poucos lugares haverá uma estrela, um casal e um menino. Nos outros, estará um velhinho vestido de vermelho que ninguém mais sabe que já foi um bispo católico transformado em vovô-papai-natal. 

Então é isso? É! A menos que sua família decida recolocar as coisas nos seus devidos lugares e fazer o Papai Noel deixar de lado sua enorme sacola para ajoelhar-se diante do menino no presépio, suas crianças não entenderão os dois. Não destruam o fictício Papai Noel. Apenas, façam-no voltar a ser bispo, a ajoelhar-se diante do menino e, por causa do menino, sair jogando presentes pela chaminé. E digam por quê! Quem sabe, um dia, lojistas cristãos porão de volta a imagem da família de Nazaré nas suas vitrines e todas as prefeituras as plantarão nas ruas. Disseram-me que há uma cidade no Brasil que todos os anos expõe, numa galeria no centro, as fotos de todos os bebês nascidos naquele ano ao redor de uma imagem do menino Jesus... Eu gostaria de conhecer o secretário da cultura que teve esta idéia!


Extraído da Revista Ave Maria Dez/2009 – P. 23

Autoria de Pe. Zezinho" 


Fonte do texto:
http://www.paroquianossasenhoradocarmo.com/reflexao/entao_e_natal.htm

Fonte da imagem:
http://catolicosemitaperuna.blogspot.com.br/2011/12/menino-da-gruta.html

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A natureza íntima da Igreja - serviço da caridade



Passou sem destaque nos nossos meios de comunicação o recente Motu proprio expedido por Bento XVI versando sobre o serviço da caridade.

No dia 11 de novembro de 2012, o Papa assinou a Carta Apostólica sob a forma de Motu Proprio Intima Ecclesiae Natura dispondo sobre o Serviço da Caridade - De Caritate Ministranda. 
 
Na introdução da Carta, Bento XVI define a tríplice característica da Igreja, com estas palavras:

"A natureza íntima da Igreja exprime-se num tríplice dever: anúncio da Palavra de Deus (kerygma-martyria), celebração dos Sacramentos (leiturgia), serviço da caridade (diakonia). São deveres que se reclamam mutuamente, não podendo um ser separado dos outros (Carta enc. Deus caritas est, 25)."

O Motu proprio atém-se à terceira dimensão da Igreja - o serviço da caridade (diakonia) -, para traçar normas gerais para os fiéis organizarem-se e instituírem organizações destinadas especificamente a realizar serviços de caridade, mormente aos pobres e necessitados.

É o mandamento novo - que vos amei uns aos outros como Eu vos amei (Jo 15,12) - realizando, desde pequenas comunidades até a Igreja universal, de forma organizada, o serviço da diakonia, "oferecendo ao homem contemporâneo não só ajuda material, mas também refrigério e cuidado para a alma (cf. Carta enc. Deus caritas est, 28)."

O texto completo do Motu proprio, em português, pode ser lido aqui.


Fonte da imagem:
http://www.diocajazeiras.com.br/component/content/article/8-destaques-/1346-novo-motu-proprio-de-bento-xvi-sobre-as-instituicoes-caritativas.html

sábado, 1 de dezembro de 2012

Primeiro Domingo do Advento - abertura do Ano C - São Lucas



No dia 2 de dezembro de 2012 - Primeiro Domingo do Advento - inicia-se o novo Ano Litúrgico C - São Lucas, ou, liturgicamente falando, o novo Ano começa na tarde do dia 1º de dezembro, sábado (vésperas do domingo). A cor litúrgica é roxa. Acende-se a primeira vela da Coroa do Advento.

No Primeiro Domingo do Advento, a liturgia convida-nos à vigilância. O Evangelho desse Domingo (Lucas 21, 25-28.34-36), vai dizer: tomai cuidado (ou tende cuidado). E mais adiante: ficai atentos (ou velai).

Conquanto não comentando essa passagem do Evangelho de Lucas, o teólogo Joseph Ratzinger - Bento XVI indica o significado que se deve dar à vigilância no discurso escatológico de Jesus. Explica Bento XVI (Jesus de Nazaré: da entrada em Jerusalém até a ressurreição, p. 54):

"vigilância": não é sair  do presente, especular sobre o futuro, esquecer o tempo atual;  antes, pelo contrário, vigilância significa fazer aqui e agora o que é justo e cumpri-lo como se estivéssemos na presença de Deus."


Fonte da imagem:
http://grupodeoracaosaomiguel.blogspot.com.br/2010/11/os-quatro-domingos-do-advento.html

As velas da Coroa do Advento



Oportuno e interessante o artigo do padre Edward McNamara, publicado pela Agência Zenit, sob o titulo "As velas do advento", cujo texto, porém, reproduzo a seguir:


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"AS VELAS DO ADVENTO

Pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e diretor espiritual


ROMA, sexta-feira, 30 de novembro de 2012 (ZENIT.org) - Um leitor de língua inglesa enviou a seguinte pergunta ao padre Edward McNamara: 

Existe uma ordem estabelecida quanto à vela a ser acesa na segunda semana do advento? Alguns membros da comissão litúrgica disseram que é a vela à direita da primeira vela acesa (no sentido anti-horário), outros disseram que é a vela à esquerda (no sentido horário). Eu sei que na terceira semana é acesa a vela rosa (D.C., San José, Califórnia, EUA). 

McNamara deu a seguinte resposta:

Não consta que haja uma ordem estabelecida, nem oficial nem tradicionalmente, a não ser, justamente, que a vela rosa deve ser acesa no terceiro domingo (Gaudete) do advento. As outras três velas são geralmente na cor roxa, embora possam ser também brancas. Entre os protestantes, quatro velas vermelhas são o mais comum, com a adição ocasional de uma vela branca no centro para representar Cristo. Em algumas regiões de países como a Itália e o Brasil, são usadas às vezes ​​velas de quatro cores diferentes, que são iluminadas a partir da mais escura até a mais clara, para indicar a iluminação progressiva do mundo com a vinda de Cristo. 

Embora não haja nenhuma ordem estabelecida relativamente à primeira e à segunda vela, a tradição mantém a ordem em que elas vão sendo acesas. Em outras palavras, chegando-se ao quarto domingo, é acesa primeiro a vela da primeira semana, depois a da segunda semana, depois a vela rosa e, finalmente, a vela restante. Esta ordem deve ser mantida toda vez que as velas são acesas ao longo das quatro semanas.

Mais discutidas, por outro lado, são as origens da coroa do advento. Alguns as colocam nos primórdios da tradição escandinava pré-cristã. Outros argumentam que é um produto da Idade Média ou do luteranismo do século XVI. Um pesquisador propôs que as origens da versão moderna da coroa do advento estão na cidade alemã de Hamburgo, onde teria surgido em 1839 pela iniciativa do pastor protestante Johann Hinrich Wichern (1808-1881). O costume da coroa se espalhou a seguir pelas outras igrejas, incluindo a católica, e por outros países, como os Estados Unidos da década de 30 do século passado. Esta versão não é impossível: uma tradição como esta, sem documentos oficiais que comprovem o seu nascimento, pode parecer antiga depois de apenas três gerações. Com exceção da América do Norte, o costume da coroa do advento é relativamente novo e se espalhou por alguns países da América Latina e pela Itália somente nos últimos 20 anos. 

Seja qual for a verdade, a coroa é um símbolo que a maioria das denominações cristãs pode compartilhar e apreciar. 

O simbolismo da coroa do advento é muito bonito. O círculo da coroa, sem começo nem fim, e feito sempre de verde, representa a eternidade e a vida eterna encontrada em Cristo. As quatro velas representam as quatro semanas do advento, e seu acendimento progressivo expressa a expectativa e a esperança da vinda do Messias.

Existem várias maneiras de interpretar as quatro semanas. Por exemplo, a primeira semana evoca os patriarcas e a virtude da esperança. A segunda recorda os profetas e a paz. A terceira representa João Batista e a alegria, e a quarta e última semana traz a figura de Maria e a virtude do amor. Se houver uma quinta vela (branca, ao centro), ela representa Cristo, a luz do mundo, e é acesa na vigília de Natal ou no dia de Natal. 

Outras formas de interpretar as quatro semanas e velas são possíveis, desde que respeitem o caráter litúrgico do período."


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Permitam-me dar uma sugestão. Como a Coroa do Advento se compõe das quatro velas (quatro semanas do Tempo do Advento ou quatro Domingos do Advento), elas poderiam ser correspondentes às seguintes cores da liturgia da Igreja: verde para o Primeiro Domingo do Advento; roxa para o Segundo Domingo; rósea (ou vermelha) para o Terceiro Domingo; e branca para o Quarto Domingo do Advento. Ou ainda: as cores litúrgicas do próprio Tempo do Advento: todas roxas, com exceção da rósea para o Terceiro Domingo (Domingo Gaudete - Alegrai-vos).


Leia mais:

Coroa do Advento: para que serve?


Fonte da imagem:
http://www.apostoladoliturgico.com.br/pagina.php?id=48&busca=

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Esplendores do Vaticano



No dia 19 deste mês, segunda-feira, estive visitando a exposição Esplendores do Vaticano: Uma Jornada Através da Fé e da Arte, no Parque Ibirapuera (Oca), em São Paulo.

Equivocadamente, pensava que iria encontrar apenas réplicas de afrescos da Capela Sistina e algo mais. Nada disso, a coisa é de maravilhar-se dada a sua grandiosidade.

Há, obviamente, peças não originais (e até porque impossíveis de serem retiradas para a mostra), mas há muita coisa original.

Um interessante e detalhado desenho do tristemente célebre Circo de Nero - e que, por ordem do Imperador Constantino, deu lugar à construção da Basílica de São Pedro -, levou a situar-me no passado, tendo em mente que, nesse lugar, os primeiros cristãos foram sacrificados às feras.

A maquete da primeira Basílica de São Pedro, projetada ao tempo do Imperador Constantino, é muito interessante. A atual Basílica de São Pedro, substituindo a primeira (que foi demolida), teve suas obras iniciadas em 1506, sob o Papa Júlio II, e terminaram em 1612, no pontificado de Paulo V. E foi consagrada (dedicação) em 1626 pelo Papa Urbano VIII. Confira mais detalhes aqui.

A é um dom, mas a arte ajuda a alimentar a fé. É, em verdade, uma jornada através da fé e da arte.

Somos herdeiros dessa fé inabalável dos primeiros cristãos. Somos herdeiros desses Esplendores do Vaticano.

No Ano da Fé, é uma boa sugestão visitar a mostra Esplendores do Vaticano.

Seja um visitante!


Leia mais:



Fonte da imagem:
http://www.esplendoresdovaticano.com.br/

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Diretório da Liturgia - 2013



O novo Diretório da Liturgia e da organização da Igreja no Brasil para o ano de 2013 já se encontra à venda nas livrarias católicas, podendo ser adquirido diretamente nas Edições CNBB.

Ano litúrgico da Igreja não é igual ao ano civil. O novo Ano Litúgico, chamado Ano "C" (Lucas), começará com as Vésperas (tarde de sábado do dia 1º/12/12) do Primeiro Domingo do Advento (que cai no dia 2 de dezembro de 2012), e terminará antes das Vésperas (antes da tarde de sábado do dia 30/11/13) do Primeiro Domingo do Advento do Ano Litúrgico "A" - Mateus (que cairá no dia 1º de dezembro de 2013).

Como se vê, o Ano Litúrgico "C" (Lucas) tem todo o Tempo de Advento, Natal e parte do Tempo Natalino ainda regulados pelo Diretório da Liturgia - 2012.

O ano civil, é claro, começa no dia 1º de janeiro e termina no dia 31 de dezembro. São fixas as datas de início e de término, ao passo que no ano litúrgico a data inicial e a data de término são variáveis.

Mais coerente com o calendário litúrgico, seria melhor que o Diretório da Liturgia regulasse, por inteiro, em um só volume, o Ano Litúrgico desde o seu início até o seu término.

Cuida-se de livro importante para a vida da Igreja no Brasil, desde capelas, paróquias, catedrais até pessoas comuns do povo interessadas na orientação diária quanto à liturgia das horas e da própria liturgia eucarística.

A apresentação do Diretório da Liturgia é feita por Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília e Secretário Geral da CNBB.


Fonte da imagem:
http://www.edicoescnbb.com.br/loja/produto-302647-1851-diretorio_da_liturgia_2013_brochura

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Uma floresta para o cardeal Martini


                                       
É isso mesmo! Uma floresta, em Israel, em memória do cardeal Martini é a iniciativa de Giuseppe Laras, Rabino Chefe de Ancona e professor emérito de História do Pensamento Judaico na Faculdade de Letras da Universidade de Milão (Itália).

Segundo Giuseppe Laras, o evento envolve judeus e cristãos e a floresta será implantada em Israel. Maiores detalhes podem ser lidos aqui.


Leia mais:

Turim dedica fundação ao Cardeal Martini

"Martini, um homem de fé e mestre do diálogo"


Fonte da imagem:
http://embassies.gov.il/brasilia/newsletter/Pages/N%C2%BA-21---Newsletter---Especial-Rio-20.aspx

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Santa Hildegarda de Bingen e São João de Ávila proclamados Doutores da Igreja



(clique em cima da imagem para vê-la no tamanho original)

Há um mês Santa Hildegarda de Bingen foi proclamada Doutora da Igreja pelo Papa Bento XVI, em 7 de outubro de 2012, domingo, em celebração presidida pelo Papa, cujo vídeo da Missa e homilia podem ser conferidos aqui.

Na mesma celebração, São João de Ávila foi também proclamado Doutor da Igreja.


Leia mais:

Hildegarda de Bingen - universalização do culto litúrgico

Biografía de San Juan de Ávila (em espanhol)

?Qué es un doctor de la Iglesia? (em espanhol)


Fonte da imagem:
http://fratresinunum.com/2012/10/10/bento-xvi-declarou-sao-joao-de-avila-e-santa-hildegarda-de-bingen-doutores-da-igreja/

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Lembranças do Concílio Vaticano II por Mons. Vitaliano Mattioli



As lembranças que Monsenhor Vitaliano Mattioli guarda do Concilio Vaticano II foram registradas pela Agência Zenit que o entrevistou sobre sua experiência pessoal desse grande e marcante evento do século XX.

Como já postamos vários escritos de Mons. Vitaliano Mattioli sobre o Concílio Ecumênico Vaticano II, não poderíamos deixar passar em branco as lembranças da experiência pessoal desse sacerdote italiano Fidei Donum, que exerce seu ministério na Diocese de Crato (Estado do Ceará).

A entrevista de Mons. Vitaliano Mattioli, em tradução do italiano por Thácio Siqueira, sob o título "Momentos importantes do Concílio Vaticano II", pode ser lida aqui.


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http://www.photogallery.va/content/photogallery/pt/annus-fidei-2012.html

sábado, 27 de outubro de 2012

Catequese de Bento XVI sobre o Concílio Vaticano II



Às vésperas do início da celebração dos 50 anos da inauguração do Concílio Ecumênico Vaticano II, o Papa Bento XVI dedicou a Catequese da Quarta-Feira, do dia 10 de outubro de 2012, para esse Concílio, o grande acontecimento da Igreja no século XX.

Na Catequese, o Papa lembra seu tempo de jovem teólogo participante do Concílio, com estas palavras: 

"Recordo bem aquele período: eu era um jovem professor de teologia fundamental na Universidade de Bonn, e foi o Arcebispo de Colónia, Cardeal Frings, para mim um ponto de referência humano e sacerdotal, que me trouxe consigo a Roma como seu teólogo consultor; depois, fui também nomeado perito conciliar."

Isso e muito mais, em português, e vídeo podem ser conferidos aqui.


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http://totustuusvirgomaria.wordpress.com/2012/10/11/homilia-do-papa-bento-xvi-na-abertura-do-ano-da-f-11102012/

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Para bispo suíço: a conversão como renovação das estruturas eclesiásticas



Monsenhor Felix Gmür, bispo da Diocese de Basileia (Suíça), é um dos bispos mais jovens que participa da XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, cujo tema é A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã. O Sínodo está acontecendo no Vaticano, desde o dia 7 ao dia 28 deste mês de outubro.

O jovem Bispo suíço interviu na sessão do dia 16 de outubro de 2012, para afirmar que, em primeiro lugar, devemos cuidar da evangelização de nós mesmos. E que o chamamento à conversão se dirige às pessoas e às instituições.

Uma singular intervenção de Mons. Felix Gmür porque tocou em temas candentes na e para a Igreja. E a sua entrevista coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé (conferir Boletim em edição espanhola) chamou a atenção da imprensa.

A entrevista, cujo texto, em tradução para o português, foi divulgada pela Agência Zenit, pode ser lida aqui.


Fonte da imagem: http://www.eveques.ch/nous/eveques/eveques-ces/mgr-felix-gmuer

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Credo do Povo de Deus - Credo de Paulo VI



O Ano da Fé, anunciado pelo Papa Bento XVI, foi inaugurado no Vaticano no dia 11 de outubro de 2012, quinta-feira, e se estenderá até 24 de novembro de 2013, cujo vídeo da celebração da Missa e homilia proferida pelo Papa podem ser conferidos aqui.

No Brasil, o Ano da Fé foi aberto no dia 12 de outubro de 2012, sexta-feira, na Missa da Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira principal do Brasil, presidida pelo Cardeal Dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito da Arquidiocese de São Paulo. Nesta Missa, foi solenemente lida a confissão de fé, conhecida como Credo do Povo de Deus ou Credo de Paulo VI, extraída da homilia pronunciada, no dia 30 de junho de 1968, por Paulo VI diante da Basílica de São Pedro, sexto ano do Pontificado. Essa profissão de fé foi objeto também de Motu Proprio de Paulo VI denominado Credo do Povo de Deus (30 de junho de 1968).

Por sua força criativa e afirmativa da fé, por seu simbolismo, o Credo de Paulo VI merece ser relido para reavivar nossa fé. E muito tem a ver também com este Ano da Fé 2012-2013:

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. Cremos em um só Deus - Pai, Filho e Espírito Santo - Criador das coisas visíveis - como este mundo, onde se desenrola nossa vida passageira -, Criador das coisas invisíveis - como são os puros espíritos, que também chamamos anjos(1) -, Criador igualmente, em cada homem, da alma espiritual e imortal(2). 

. Cremos que este Deus único é tão absolutamente uno em sua essência santíssima como em todas as suas demais perfeições: na sua onipotência, na sua ciência infinita, na sua providência, na sua vontade e no seu amor. Ele é Aquele que é, conforme Ele próprio revelou a Moisés (cf. Ex 3,14); Ele é Amor como nos ensinou o Apóstolo São João (cf. 1Jo 4,8); de tal maneira que estes dois nomes - Ser e Amor - exprimem inefavelmente a mesma divina essência Daquele que se quis manifestar a nós e que, habitando uma luz inacessível (cf 1Tm 6,16), está, por si mesmo, acima de todo nome, de todas as coisas e de todas as inteligências criadas. Só Deus pode dar-nos um conhecimento exato e pleno de si mesmo, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo, de cuja vida eterna somos pela graça chamados a participar, aqui na terra, na obscuridade da fé, e, depois da morte, na luz sempiterna. As relações mútuas, que constituem eternamente as Três Pessoas, sendo, cada uma delas, o único e mesmo Ser Divino, perfazem a bem-aventurada vida íntima do Deus Santíssimo, infinitamente acima de tudo o que podemos conceber à maneira humana(3). Entretanto, rendemos graças à Bondade divina pelo fato de poderem numerosíssimos crentes dar testemunho conosco, diante dos homens, sobre a unidade de Deus, embora não conheçam o mistério da Santíssima Trindade. 

. Cremos, portanto, em Deus Pai que desde toda a eternidade gera o Filho; cremos no Filho, Verbo de Deus que é eternamente gerado; cremos no Espírito Santo, Pessoa incriada, que procede do Pai e do Filho como Amor sempiterno de ambos. Assim nas três Pessoas Divinas que são igualmente eternas e iguais entre si (4), a vida e a felicidade de Deus perfeitamente uno superabundam e se consumam na superexcelência e glória próprias da Essência incriada; e sempre se deve venerar a unidade na Trindade e a Trindade na unidade(5). 

. Cremos em Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele é o Verbo eterno, nascido do Pai antes de todos os séculos e consubstancial ao Pai, homoousious to Patri. Por Ele tudo foi feito. Encarnou por obra do Espírito Santo, de Maria Virgem, e se fez homem. Portanto, é igual ao Pai, segundo a divindade, mas inferior ao Pai, segundo a humanidade(6), absolutamente uno, não por uma confusão de naturezas (que é impossível), mas pela unidade da pessoa(7).
Ele habitou entre nós, cheio de graça e de verdade. Anunciou e fundou o Reino de Deus, manifestando-nos em si mesmo o Pai. Deu-nos o seu mandamento novo de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou. Ensinou-nos o caminho das bem-aventuranças evangélicas, isto é: a ser pobres de espírito e mansos, a tolerar os sofrimentos com paciência, a ter sede de justiça, a ser misericordiosos, puros de coração e pacíficos, a suportar perseguição por causa da virtude. Padeceu sob Pôncio Pilatos, Cordeiro de Deus que carregou os pecados do mundo, e morreu por nós pregado na Cruz, trazendo-nos a salvação pelo seu Sangue redentor. Foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia pelo seu próprio poder, elevando-nos por esta sua ressurreição a participarmos da vida divina que é a graça. Subiu ao céu, de onde há de vir novamente, mas então com glória, para julgar os vivos e os mortos, a cada um segundo os seus méritos: os que corresponderam ao Amor e à Misericórdia de Deus irão para a vida eterna; porém os que os tiverem recusado até a morte serão destinados ao fogo que nunca cessará. E o seu reino não terá fim.

. Cremos no Espírito Santo, Senhor que dá a vida e que com o Pai e o Filho é juntamente adorado e glorificado. Foi Ele que falou pelos profetas e nos foi enviado por Jesus Cristo, depois de sua ressurreição e ascensão ao Pai. Ele ilumina, vivifica, protege e governa a Igreja, purificando seus membros, se estes não rejeitam a graça. Sua ação, que penetra no íntimo da alma, torna o homem capaz de responder àquele preceito de Cristo: "Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste" (cf. Mt 5,48). 

. Cremos que Maria Santíssima, que permaneceu sempre Virgem, tornou-se Mãe do Verbo Encarnado, nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo(8); e que por motivo desta eleição singular, em consideração dos méritos de seu Filho, foi remida de modo mais sublime(9), e preservada imune de toda a mancha do pecado original(10); e que supera de longe todas as demais criaturas, pelo dom de uma graça insigne(11). 
Associada por um vínculo estreito e indissolúvel aos mistérios da Encarnação e da Redenção(12), a Santíssima Virgem Maria, Imaculada, depois de terminar o curso de sua vida terrestre, foi elevada em corpo e alma à glória celestial(13); e, tornada semelhante a seu Filho, que ressuscitou dentre os mortos, participou antecipadamente da sorte de todos os justos. Cremos que a Santíssima Mãe de Deus, nova Eva, Mãe da Igreja(14), continua no céu a desempenhar seu ofício materno, em relação aos membros de Cristo, cooperando para gerar e desenvolver a vida divina em cada uma das almas dos homens que foram remidos(15).

. Cremos que todos pecaram em Adão; isto significa que a culpa original, cometida por ele, fez com que a natureza, comum a todos os homens, caísse num estado no qual padece as consequências dessa culpa. Tal estado já não é aquele em que no princípio se encontrava a natureza humana em nossos primeiros pais, uma vez que se achavam constituídos em santidade e justiça, e o homem estava isento do mal e da morte. Portanto, é esta natureza assim decaída, despojada de dom da graça que antes a adornava, ferida em suas próprias forças naturais e submetidas ao domínio da morte, é esta que é transmitida a todos os homens. Exatamente neste sentido, todo homem nasce em pecado. Professamos pois, segundo o Concílio de Trento, que o pecado original é transmitido juntamente com a natureza humana, pela propagação e não por imitação, e se acha em cada um como próprio(16).

. Cremos que Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo Sacrifício da Cruz, nos remiu do pecado original e de todos os pecados pessoais, cometidos por cada um de nós; de sorte que se impõe como verdadeira a sentença do Apóstolo: "onde abundou o delito, superabundou a graça" (cf. Rm 5,20). 

. Cremos professando num só Batismo, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para a remissão dos pecados. O Batismo deve ser administrado também às crianças que não tenham podido cometer por si mesmas pecado algum; de modo que, tendo nascido com a privação da graça sobrenatural, renasçam da água e do Espírito Santo para a vida divina em Jesus Cristo(17). 

. Cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica, edificada por Jesus Cristo sobre a pedra que é Pedro. Ela é o Corpo Místico de Cristo, sociedade visível, estruturada em órgãos hierárquicos e, ao mesmo tempo, comunidade espiritual. Igreja terrestre, Povo de Deus peregrinando aqui na terra, e Igreja enriquecida de bens celestes, germe e começo do Reino de Deus, por meio do qual a obra e os sofrimentos da Redenção continuam ao longo da história humana, aspirando com todas as forças a consumação perfeita, que se conseguirá na glória celestial após o fim dos tempos(18). No decurso do tempo, o Senhor Jesus forma a sua Igreja pelos Sacramentos que emanam de sua plenitude(19). Por eles a Igreja faz com que seus membros participem do mistério da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, pela graça do Espírito Santo que a vivifica e move (20). Por conseguinte, ela é santa, apesar de incluir pecadores no seu seio; pois em si mesma não goza de outra vida senão a vida da graça. Se realmente seus membros se alimentam dessa vida, se santificam; se dela se afastam, contraem pecados e impurezas espirituais, que impedem o brilho e a difusão de sua santidade. É por isso que ela sofre e faz penitência por esses pecados, tendo o poder de livrar deles a seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo. 
Herdeira das promessas divinas e filha de Abraão segundo o Espírito, por meio daquele povo de Israel, cujos livros sagrados guarda com amor e cujos Patriarcas e Profetas venera com piedade; edificada sobrre o fundamento dos Apóstolos, cuja palavra sempre viva e cujos poderes, próprios de Pastores, vem transmitindo fielmente de geração em geração, no sucessor de Pedro e nos Bispos em comunhão com ele; gozando enfim da perpétua assistência do Espírito Santo, a Igreja tem o encargo de conservar, ensinar, explicar e difundir a Verdade que Deus revelou aos homens, veladamente de certo modo pelos Profetas, e plenamente pelo Senhor Jesus.
 
Nós cremos todas essas coisas que estão contidas na Palavra de Deus por escrito ou por tradição, e que são propostas pela Igreja, quer em declaração solene quer no Magistério ordinário e universal, para serem cridas como divinamente reveladas (21). Nós cremos na infalibilidade de que goza o Sucessor de Pedro, quando fala ex cathedra(22), como Pastor e Doutor de todos os cristãos e que reside também no Colégio dos Bispos, quando com o Papa exerce o Magistério supremo(23). 

. Cremos que a Igreja, fundada por Cristo e pela qual Ele orou, é indefectivelmente una, na fé, no culto e no vínculo da comunhão hierárquica (24). No seio desta Igreja, a riquíssima variedade dos ritos litúrgicos e a diversidade legítima do patrimônio teológico e espiritual ou de disciplinas peculiares, longe de prejudicar a unicidade, antes a declaram(25). 
Reconhecendo também que fora da estrutura da Igreja de Cristo existem muitos elementos de santificação e de verdade, que como dons próprios da mesma Igreja impelem à unidade católica(26), e crendo, por outra parte, na ação do Espírito Santo que suscita em todos os discípulos de Cristo o desejo desta unidade(27), esperamos que os cristãos que ainda não gozam da plena comunhão com a única Igreja, se unam afinal num só rebanho sob um único Pastor. 

. Cremos que a Igreja é necessária para a Salvação, pois só Cristo é o Mediador e caminho da salvação, e Ele se torna presente a nós no seu Corpo que é a Igreja (28). Mas o desígnio divino da Salvação abrange a todos os homens; e aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e sua Igreja, procuram todavia a Deus com sincero coração, e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir com obras a sua vontade, conhecida pelo ditame da consciência, também esses, em número aliás que somente Deus conhece, podem conseguir a salvação eterna (29). 

. Cremos que a Missa, celebrada pelo sacerdote, que representa a pessoa de Cristo, em virtude do poder recebido no sacramento da Ordem, e oferecida por ele em nome de Cristo e dos membros do seu Corpo Místico, é realmente o Sacrifício do Calvário, que se torna sacramentalmente presente em nossos altares. Cremos que, como o Pão e o Vinho consagrados pelo Senhor, na última ceia, se converteram no seu Corpo e Sangue, que logo iam ser oferecidos por nós na Cruz; assim também o Pão e o Vinho consagrados pelo sacerdote se convertem no Corpo e Sangue de Cristo que assiste gloriosamente no céu. Cremos ainda que a misteriosa presença do Senhor, debaixo daquelas espécies que continuam aparecendo aos nossos sentidos do mesmo modo que antes, é uma presença verdadeira, real e substancial(30). 
Neste sacramento, pois, Cristo não pode estar presente de outra maneira a não ser pela mudança de toda a substância do pão no seu Corpo, e pela mudança de toda a substância do vinho no seu Sangue, permanecendo apenas inalteradas as propriedades do pão e do vinho, que percebemos com os nossos sentidos. Esta mudança misteriosa é chamada pela Igreja com toda a exatidão e conveniência transubstanciação. Assim, qualquer interpretação de teólogos, buscando alguma inteligência deste mistério, para que concorde com a fé católica, deve colocar bem a salvo que na própria natureza das coisas, isto é, independentemente do nosso espírito, o pão e o vinho deixaram de existir depois da consagração, de sorte que o Corpo adorável e o Sangue do Senhor Jesus estão na verdade diante de nós, debaixo das espécies sacramentais do pão e do vinho(31), conforme o mesmo Senhor quis, para se dar a nós em alimento e para nos associar pela unidade do seu Corpo Místico(32). 
A única e indivisível existência de Cristo nosso Senhor, glorioso no céu, não se multiplica mas se torna presente pelo Sacramento, nos vários lugares da terra, onde o Sacrifício Eucarístico é celebrado. E depois da celebração do Sacrifício, a mesma existência permanece presente no Santíssimo Sacramento, o qual no sacrário do altar é como o coração vivo de nossas igrejas. Por isso estamos obrigados, por um dever certamente suavíssimo, a honrar e adorar, na Sagrada Hóstia que os nossos olhos vêem, ao próprio Verbo Encarnado que eles não podem ver, e que, sem ter deixado o céu, se tornou presente diante de nós. 

. Confessamos igualmente que o Reino de Deus, começado aqui na terra na Igreja de Cristo, "não é deste mundo" (cf. Jo 18,36), "cuja figura passa" (cf. 1Cor 7,31), e também que o seu crescimento próprio não pode ser confundido com o progresso da cultura humana ou das ciências e artes técnicas; mas consiste em conhecer, cada vez mais profundamente, as riquezas insondáveis de Cristo, em esperar sempre com maior firmeza os bens eternos, em responder mais ardentemente ao amor de Deus, enfim em difundir-se cada vez mais largamente a graça e a santidade entre os homens. Mas com o mesmo amor, a Igreja é impelida a interessar-se continuamente pelo verdadeiro bem temporal dos homens. Pois, não cessando de advertir a todos os seus filhos que eles "não possuem aqui na terra uma morada permanente" (cf. Hb 13,14), estimula-os também a que contribuam, segundo as condições e os recursos de cada um, para o desenvolvimento da própria sociedade humana; promovam a justiça, a paz e a união fraterna entre os homens; e prestem ajuda a seus irmãos, sobretudo aos mais pobres e mais infelizes. Destarte, a grande solicitude com que a Igreja, Esposa de Cristo, acompanha as necessidades dos homens, isto é, suas alegrias e esperanças, dores e trabalhos, não é outra coisa senão o ardente desejo que a impele com força a estar presente junto deles, tencionando iluminá-los com a luz de Cristo, congregar e unir a todos Naquele que é o seu único Salvador. Tal solicitude entretanto, jamais se deve interpretar como se a Igreja se acomodasse às coisas deste mundo, ou se tivesse resfriado no fervor com que ela mesma espera seu Senhor e o Reino eterno. 

. Cremos na vida eterna. Cremos que as almas de todos aqueles que morrem na graça de Cristo - quer as que se devem ainda purificar no fogo do Purgatório, quer as que são recebidas por Jesus no Paraíso, logo que se separam do corpo, como sucedeu com o Bom Ladrão -, formam o Povo de Deus para além da morte, a qual será definitivamente vencida no dia da Ressurreição, em que estas almas se reunirão a seus corpos. 

. Cremos que a multidão das almas, que já estão reunidas com Jesus e Maria no Paraíso, constituem a Igreja do céu, onde gozando da felicidade eterna, vêem Deus como Ele é (cf. 1Jo 3,2) (33), e participam com os santos Anjos, naturalmente em grau e modo diverso, do governo divino exercido por Cristo glorioso, uma vez que intercedem por nós e ajudam muito a nossa fraqueza, com a sua solicitude fraterna(34). 

. Cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo, a saber: dos que peregrinam sobre a terra, dos defuntos que ainda se purificam e dos que gozam da bem-aventurança do céu, formando todos juntos uma só Igreja. E cremos igualmente que nesta comunhão dispomos do amor misericordioso de Deus e dos seus Santos, que estão sempre atentos para ouvir as nossas orações, como Jesus nos garantiu: "Pedi e recebereis" (cf. Lc 11,9-10; Jo 16,24). Professando está fé e apoiados nesta esperança, nós aguardamos a ressurreição dos mortos e a vida do século futuro. 

Bendito seja Deus: Santo, Santo, Santo! Amém.

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Para a disposição dos parágrafos do Credo do Povo de Deus seguimos a da Revista 30 Dias (30Giorni).

Abaixo seguem notas à homilia, da qual o Credo do Povo de Deus faz parte, como colocado acima.

Notas
1. cf. Concílio Vaticano I, Constituição Dogmática Dei Filius.
2. cf. Encíclica Humani Generis; Concílio de Latrão V.
3. cf. Concílio Vaticano I, Constituição Dogmática Dei Filius.
4. Símbolo Quicumque, n. 75.
5. Ibidem. 6. Ibid. nº 76.
7. Ibidem.
8. cf. Concílio de Éfeso: 251-252.
9. cf. Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática Lumen Gentium, 53.
10. cf. Pio IX, Bula Ineffabilis Deus.
11. cf. Lumen Gentium, 53.
12. cf. ibidem 53, 58 e 61.
13. cf. Constituição Apostólica Munificentissimus Deus.
14. cf. Lumen Gentium, 53, 56, 61 e 63; Paulo VI, alocução na conclusão da 3ª Sessão do Concílio Vaticano II; Exortação Apostólica Signum Magnum.
15. cf. Lumen Gentium, 62, Paulo VI, Exortação Apostólica Signum Magnum.
16. cf. Concílio de Trento, Decreto sobre o pecado original.
17. cf. Concílio de Trento, ibid.
18. cf. Lumen Gentium, 8 e 50.
19. cf. ibid. 7 e 11.
20. cf. Concílio Vaticano II, Constituição Sacrosanctum Concilium 5 e 6; Lumen Gentium, 7, 12 e 50. 21. cf. Concílio Vaticano I, constituição Dei Filius.
22. cf. ibid., Constituição Pastor Aeternus.
23. cf. Lumen Gentium, 25.
24. cf. ibid, 8, 18 a 23; Decreto Unitatis Redintegratio.
25. cf. Lumen Gentium, 23; decreto Orientalium Ecclesiarum 2, 3, 5 e 6.
26. cf. Lumen Gentium, 8.
27. cf. ibid. 15.
28. cf. ibid. 14.
29. cf. ibid. 16.
30. cf. Concílio de Trento, Sessão 13, Decreto sobre a Eucaristia.
31. cf. ibid.; Paulo VI, Encíclica Mysterium Fidei.
32. cf. Suma Teológica III, q. 73, a. 3.
33. cf. Bento XII, Constituição Benedictus Deus.
34. cf. Lumen Gentium, 49.


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http://www.30giorni.it/articoli_id_17951_l6.htm