terça-feira, 4 de agosto de 2015

Conselhos para uma boa homilia, segundo o Papa Francisco



Aos sacerdotes da Diocese de Roma, o Bispo Bergoglio (Papa Francisco) falou ser importante:

recuperar o encanto da beleza, que é o arrebatamento de todos que participam da celebração: o de entrar em uma atmosfera espontânea, normal e religiosa, mas não artificial.

Nesse contexto de recuperação do encanto da beleza litúrgica, o Papa afirmou também:

se a homilia é bem feita, mesmo o fiel mais ocasional ou distraído - aquele que vai à igreja apenas em funerais ou casamentos, por exemplo - pode ser atraído pela palavra de Deus, em vez de ficar do lado de fora da igreja para fumar um cigarro.

Da sua larga experiência pastoral e conhecimento bíblico e teológico, Francisco extrai dez conselhos para uma boa homilia:

. A homilia não se improvisa: deve ser cuidadosamente preparada, baseada no conhecimento profundo da Sagrada Escritura.

. A homilia deve ser organizada na sequência: escolher o que dizer, porque dizer, como dizê-lo ao público presente...

. As homilias são diferentes de acordo com a celebração: em dia de missa festiva, é recomendado um sermão curto.

. Para não ficar tediosa, você pode usar imagens ou narrativas.

. A homilia não é um show: deve  dar fervor e sentido à celebração.

. Durante a homilia, nunca dê notícias.

. O bom pregador deve alimentar a fé e preparar o interior para o momento da Comunhão com Cristo.

. A pregação deve ser positiva, para oferecer "sempre esperança", disse Francisco, e não se tornar "prisioneira da negatividade".

. As palavras do sacerdote não devem ser muito abstratas, devem revelar uma atitude perante a vida, uma visão humanista.

. O tom de voz é muito importante: nunca fazer uma homilia com o mesmo tom em que se dá avisos para a paróquia. É preciso falar com o coração para o coração.


Leia mais:

Papa Francisco recebeu em audiência o clero de Roma


Fonte das citações do texto:

O Meu Papa - A Revista Oficial do Papa Francisco, Ano 1/nº 1/Abril de 2015, Panini Magazines, pp. 8-9.


Fonte da imagem:
http://www.publico.pt/mundo/noticia/primeira-homilia-do-papa-sem-jesus-cristo-podemos-ser-uma-ong-piedosa-mas-nao-a-igreja-1587789

sábado, 1 de agosto de 2015

Papa Francisco: precisamos duma mudança. Três grandes tarefas



Na mais recente viagem internacional, aliás a segunda feita ao Continente Latino-americano, o Papa Francisco fez vários pronunciamentos, todos de magna relevância.

É bom frisar que o Papa Francisco, cujo país de origem é a Argentina, é desde longa data profundo conhecedor das realidades dos povos latino-americanos; as vivenciou.

Dentre os pronunciamentos realizados destaco, pela sua atualidade e dimensão sociocultural para toda a humanidade, aquele proferido no II Encontro Mundial dos Movimentos Populares, em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), no dia 9 de julho de 2015, quinta-feira.

O discurso papal inicia-se por focalizar três realidades que reclamam satisfação imediata para os seus ouvintes e a todos quantos na mesma situação se encontram, porém com reflexos para toda a humanidade, quais sejam, os famosos três "T": terra, teto e trabalho.

Pois bem, os três famosos "T" são ganchos para textura do discurso como veremos.

Antes, porém, o Papa fala da necessidade de mudança, uma mudança querida, ou seja, de uma vontade de mudar, pois queremos uma mudança positiva em benefício de todos os nossos irmãos e irmãs - afirma Francisco.

O Papa não vende ilusões e diz dos percalços que cercam a mudança, mudança esta que não se esgota com uma só geração, mas é um processo. Com precisão, as palavras de Francisco:

Por último, gostaria que reflectíssemos, juntos, sobre algumas tarefas importantes neste momento histórico, pois queremos uma mudança positiva em benefício de todos os nossos irmãos e irmãs. Disto estamos certos! Queremos uma mudança que se enriqueça com o trabalho conjunto de governos, movimentos populares e outras forças sociais. Sabemos isto também! Mas não é tão fácil definir o conteúdo da mudança, ou seja, o programa social que reflicta este projecto de fraternidade e justiça que esperamos, não é fácil defini-lo. Neste sentido, não esperem uma receita deste Papa. Nem o Papa nem a Igreja têm o monopólio da interpretação da realidade social e da proposta de soluções para problemas contemporâneos. Atrever-me-ia a dizer que não existe uma receita. A história é construída pelas gerações que se vão sucedendo no horizonte de povos que avançam individuando o próprio caminho e respeitando os valores que Deus colocou no coração.

Em sequência, o Papa Francisco propõe três grandes tarefas a cargo da sociedade, que vão desde o mecanismo de concentração de riqueza, passando pelas novas formas de colonialismo, como o poder anônimo do ídolo dinheiro, do monopólio dos meios de comunicação social, este com a pretensão de impor padrões de consumo e de uniformização cultural (chamado de colonialismo ideológico), até a defesa da Mãe Terra. Esta objeto da Carta Encíclica Laudato Si sobre o Cuidado da Casa Comum, cujo texto completo em português pode ser lido aqui.

Quanto ao dinheiro, convém observar o quanto sobre ele já disse antes o Papa Francisco, ao prefaciar o livro Pobre para os pobres - A missão da Igreja, de Gerhard Müller:


O dinheiro é um instrumento que de algum modo - como a propriedade - prolonga e acresce as capacidades da liberdade humana, consentido-lhes atuar no mundo, agir, dar fruto. Em si próprio, é um instrumento bom, como quase todas as coisas de que o homem dispõe: é um meio que alarga as nossas possibilidades. Contudo, este meio pode virar-se contra o homem. Com efeito, o dinheiro e o poder econômico podem ser um meio que afasta o homem do próprio homem, confinando-o a um horizonte egocêntrico egoísta. 


O Papa Francisco coloca à reflexão, sobremodo da comunidade católica, essas exigências fundamentais e relacionadas essencialmente àqueles três ditos famosos "T" (terra, teto e trabalho), cuja prática não se esgota em uma só geração, mas tem um caráter de contínuo processo, sabendo, porém,  que exigências há que, bradando aos céus, reclamam imediata satisfação.

O texto completo, em português, do pronunciamento do Papa Francisco, no II Encontro Mundial dos Movimentos Populares, em Santa Cruz de la Sierra, pode ser lido aqui.


Fonte da imagem:
http://www.reciclaourinhos.com.br/?p=569