terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ano Novo de Paz e Alegria - 2014!

O sorriso e a paz em cada coração!



Feliz e Próspero 2014 !


Fonte da imagem:
http://www.teckler.com/pt/Morgui/PapaFranciscoeapombadaPaz-10894

Dia Mundial da Paz: Fraternidade, fundamento e caminho para a paz



No dia primeiro dia do Ano Novo (2014) a Igreja celebra o XLVII Dia Mundial da Paz.

Foi o Papa Paulo VI o promotor e incentivador da celebração do "Dia da Paz", hoje denominado "Dia Mundial da Paz", celebrado no dia 1° do ano civil. Em outras palavras, "Dia da Paz" para ser celebrado no dia 1° de janeiro de cada ano.

O Papa Francisco enriquece a data com sua mensagem intitulada Fraternidade, Fundamento e Caminho para a Paz.
 
O texto completo da mensagem, em português, pode ser lido aqui. E também aqui.

Por fim,

O necessário realismo da política e da economia não pode reduzir-se a um tecnicismo sem ideal, que ignora a dimensão transcendente do homem. Quando falta esta abertura a Deus, toda a actividade humana se torna mais pobre, e as pessoas são reduzidas a objecto passível de exploração. Somente se a política e a economia aceitarem mover-se no amplo espaço assegurado por esta abertura Àquele que ama todo o homem e mulher, é que conseguirão estruturar-se com base num verdadeiro espírito de caridade fraterna e poderão ser instrumento eficaz de desenvolvimento humano integral e de paz.
(Papa Francisco)


Leia mais:

Dia Mundial da Paz


Fonte da imagem:
http://www.franciscanos.org.br/?p=42764

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Papa Francisco: Oração à Sagrada Família



Oração à Sagrada Família, composta pelo Papa Francisco e por ele recitada no Angelus do Domingo, dia 29 de dezembro de 2013, Festa da Sagrada Família de Nazaré.

Reproduzo o texto completo, em português:

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ORAÇÃO À SAGRADA FAMÍLIA


Jesus, Maria e José,
em Vós, contemplamos
o esplendor do verdadeiro amor,
a Vós, com confiança, nos dirigimos.


Sagrada Família de Nazaré,
tornai também as nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculos de oração,
escolas autênticas do Evangelho
e pequenas Igrejas domésticas.


Sagrada Família de Nazaré,
que nunca mais se faça, nas famílias, experiência
de violência, egoísmo e divisão:
quem ficou ferido ou escandalizado
depressa conheça consolação e cura.


Sagrada Família de Nazaré,
que o próximo Sínodo dos Bispos
possa despertar, em todos, a consciência
do carácter sagrado e inviolável da família,
a sua beleza no projecto de Deus.


Jesus, Maria e José,
escutai, atendei a nossa súplica.


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E mais, confira o vídeo do Angelus aqui.


Leia mais:

Domingo da Sagrada Família - Papa Francisco fala da bênção que se transmite na família


Fonte do texto reproduzido:
http://www.vatican.va/holy_father/francesco/angelus/2013/documents/papa-francesco_angelus_20131229_po.html

Fonte da imagem:
http://pt.radiovaticana.va/news/2013/12/29/o_texto_da_ora%C3%A7%C3%A3o_do_papa_%C3%A0_sagrada_fam%C3%ADlia/bra-759693

sábado, 28 de dezembro de 2013

Cardeal Marc Ouellet: o verdadeiro grande evento deste ano foi a renúncia do Papa



A renúncia do Papa Bento XVI abriu grandes possibilidades - afirma o Cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, em entrevista concedida à Radio Vaticana.

E, por tal abertura de grandes possibilidades proporcionada por Bento XVI, o Cardeal conclui: 

É por isso que considero que o verdadeiro grande evento deste ano que se está concluindo foi a renúncia do Papa, um gesto verdadeiramente novo. Foi a maior novidade na história da Igreja, que testemunhou uma grande humildade e, ao mesmo tempo, uma grande confiança no Espírito Santo para o futuro das coisas. É preciso ser muito reconhecedor ao Papa Bento XVI por ter aberto este horizonte e por ter tornado possível esta novidade do Papa Francisco. Creio que haja uma continuidade entre a primeira novidade e todas aquelas que o Papa Francisco tem trazido. Olhando para 2013, considero que estamos num momento de grande viravolta na história da Igreja, que descrevo como pastoral justamente em relação à figura do Papa Francisco.

Bento XVI possibilitou para a Igreja essa grande novidade que cativa todo mundo: Francisco, que já foi reconhecido a Pessoa do Ano.

Novas e importantes perspectivas para a Igreja foram abertas com a declaração de renúncia, ou declaratio: os seguidos pronunciamentos do Papa Bento XVI sobre a vida da Igreja (que podem ser conferidos aqui), depois a eleição do primeiro papa latino-americano (Cardeal Jorge Mário Bergoglio, que passou a chamar-se, em latim, Franciscus) e agora o extraordinário trabalho pastoral do Papa Francisco, que pode ser pesquisado aqui.


Reproduzo a seguir o texto completo da entrevista do Cardeal Ouellet e divulgada ontem, dia 27 de dezembro de 2013, sexta-feira, pela Radio Vaticana:

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Cidade do Vaticano (RV) - O ano que se está concluindo pode realmente definir-se extraordinário para a vida da Igreja. A renúncia ao ministério petrino por parte de Bento XVI e a sucessiva eleição do Papa Francisco são eventos que abriram grandes possibilidades para a Igreja. Foi o que ressaltou o prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal Marc Ouellet, entrevistado pela Rádio Vaticano:

Cardeal Marc Ouellet:- "A renúncia do Papa Bento XVI abriu grandes possibilidades. É por isso que considero que o verdadeiro grande evento deste ano que se está concluindo foi a renúncia do Papa, um gesto verdadeiramente novo. Foi a maior novidade na história da Igreja, que testemunhou uma grande humildade e, ao mesmo tempo, uma grande confiança no Espírito Santo para o futuro das coisas. É preciso ser muito reconhecedor ao Papa Bento XVI por ter aberto este horizonte e por ter tornado possível esta novidade do Papa Francisco. Creio que haja uma continuidade entre a primeira novidade e todas aquelas que o Papa Francisco tem trazido. Olhando para 2013, considero que estamos num momento de grande viravolta na história da Igreja, que descrevo como pastoral justamente em relação à figura do Papa Francisco."

RV: A reforma está propriamente no viver o Evangelho e no ser cristão?

Cardeal Marc Ouellet:- "Creio que seja a própria vontade do Papa Francisco; esta vontade de estabelecer um contato novo, mais próximo do Povo de Deus. A primeira reforma é esta: ir além de todas as formas, de todos os protocolos para estabelecer um contato imediato. E fazendo isso, oferece também a todos os bispos um modelo de proximidade pastoral, de busca de uma presença pastoral que seja calorosa, que seja misericordiosa, que traga consolação e que dê uma nova esperança. Há uma novidade e uma promessa na atitude e nos gestos do Papa Francisco. Mas acrescentaria também: aquilo que me parece muito importante em 2013 é a percepção do Papa Francisco na opinião pública mundial. Esse é um evento extraordinário de evangelização."

RV: Nesse sentido, vale lembrar que Francisco foi recentemente eleito personagem do ano pela revista estadunidense "Time"...

Cardeal Marc Ouellet:- "Exatamente. É o sinal dessa influência, dessa necessidade de esperança que há na humanidade e que encontrou na figura do Papa Francisco o seu ponto de referência. É uma grande "novidade", é uma boa nova! Creio que todos nós devemos alegrar-nos com isso."

RV: Desde o início de seu Pontificado criou-se um verdadeiro laço com os fiéis, um laço de amor, podemos dizer também de um interesse. Há esse mesmo interesse dentro da Igreja, no seio da Cúria? Como são percebidas essa sua mensagem e essa sua atitude surpreendente?

Cardeal Marc Ouellet:- "Creio que haja uma grande alegria em constatar a popularidade do Papa. É uma boa popularidade, que não é simplesmente baseada em coisas superficiais. Certamente isso nos interpela e nos obriga também a mudanças de comportamento. O Santo Padre quer a reforma de uma certa mentalidade clerical com ambições eclesiásticas ou ambições mundanas. Combate esse carreirismo! Creio que isso faça muito bem à Igreja, em todos os níveis, começando pela Cúria Romana. Estamos verdadeiramente num momento de graça e espero que o Espírito Santo lhe dê a saúde e a colaboração de que precisa para levar adiante a reforma da Igreja e a nova evangelização."

RV: Este ano de 2013 foi para o senhor caracterizado, portanto, pela passagem do Pontificado de Bento XVI. O senhor é um dos mais estreitos colaboradores do Papa Francisco. Como viveu essa passagem? Como está vivendo essas mudanças, mesmo havendo uma certa continuidade?

Cardeal Marc Ouellet:- "A simplicidade do Papa Francisco e o fato de conhecer Bergoglio já de antes – éramos amigos – torna a nossa colaboração extraordinariamente simples e se dá em plena harmonia. Para mim é uma grande alegria colaborar com ele, ajudando-o ao máximo. A humanidade precisa de uma figura paterna, uma figura próxima; uma figura que seja – ao mesmo tempo – referência moral segura, mas também calorosa e que desperte a esperança!" (RL)


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Leia mais:

A Cátedra de São Pedro está vaga

20 momentos mais importantes do Pontificado de Bento XVI


Fonte do texto reproduzido:
http://pt.radiovaticana.va/news/2013/12/27/card._ouellet:_ren%C3%BAncia_de_bento_xvi_foi_o_grande_evento_deste_ano,/bra-759107

Fonte da primeira imagem:
http://www.nossasenhorademedjugorje.com/2013/08/bento-xvi-o-papa-que-sempre-renunciou.html

Fonte da segunda imagem:
http://www.snpcultura.org/papa_francisco_chegou_castel_gandolfo_para_se_encontrar_bento_xvi.html

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Somos povo em caminho: há trevas e luz

«O povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9, 1)


Passada a noite de Natal, é momento de melhor refletirmos sobre o que Deus nos fala hoje pelos seus profetas. Nesse sentido, para reflexão, reproduzo a homilia do Papa Francisco proferida na Santa Missa da Noite do Natal - Solenidade do Natal do Senhor (24 de dezembro de 2013, terça-feira):

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1. «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9, 1).

Esta profecia de Isaías não cessa de nos comover, especialmente quando a ouvimos na liturgia da Noite de Natal. E não se trata apenas dum facto emotivo, sentimental; comove-nos, porque exprime a realidade profunda daquilo que somos: somos povo em caminho, e ao nosso redor – mas também dentro de nós – há trevas e luz. E nesta noite, enquanto o espírito das trevas envolve o mundo, renova-se o acontecimento que sempre nos maravilha e surpreende: o povo em caminho vê uma grande luz. Uma luz que nos faz reflectir sobre este mistério: o mistério do andar e do ver.

Andar. Este verbo faz-nos pensar no curso da história, naquele longo caminho que é a história da salvação, com início em Abraão, nosso pai na fé, que um dia o Senhor chamou convidando-o a partir, a sair do seu país para a terra que Ele lhe havia de indicar. Desde então, a nossa identidade de crentes é a de pessoas peregrinas para a terra prometida. Esta história é sempre acompanhada pelo Senhor! Ele é sempre fiel ao seu pacto e às suas promessas. Porque fiel, «Deus é luz, e n’Ele não há nenhuma espécie de trevas» (1 Jo 1, 5). Diversamente, do lado do povo, alternam-se momentos de luz e de escuridão, fidelidade e infidelidade, obediência e rebelião; momentos de povo peregrino e momentos de povo errante.

E, na nossa historia pessoal, também se alternam momentos luminosos e escuros, luzes e sombras. Se amamos a Deus e aos irmãos, andamos na luz; mas, se o nosso coração se fecha, se prevalece em nós o orgulho, a mentira, a busca do próprio interesse, então calam as trevas dentro de nós e ao nosso redor. «Aquele que tem ódio ao seu irmão – escreve o apóstolo João – está nas trevas e nas trevas caminha, sem saber para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos» (1 Jo 2, 11). Povo em caminho, mas povo peregrino que não quer ser povo errante.

2. Nesta noite, como um facho de luz claríssima, ressoa o anúncio do Apóstolo: «Manifestou-se a graça de Deus, que traz a salvação para todos os homens» (Tt 2, 11). 

A graça que se manifestou no mundo é Jesus, nascido da Virgem Maria, verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Entrou na nossa história, partilhou o nosso caminho. Veio para nos libertar das trevas e nos dar a luz. N’Ele manifestou-se a graça, a misericórdia, a ternura do Pai: Jesus é o Amor feito carne. Não se trata apenas dum mestre de sabedoria, nem dum ideal para o qual tendemos e do qual sabemos estar inexoravelmente distantes, mas é o sentido da vida e da história que pôs a sua tenda no meio de nós.

3. Os pastores foram os primeiros a ver esta «tenda», a receber o anúncio do nascimento de Jesus. Foram os primeiros, porque estavam entre os últimos, os marginalizados. E foram os primeiros porque velavam durante a noite, guardando o seu rebanho. É lei do peregrino velar, e eles velavam. Com eles, detemo-nos diante do Menino, detemo-nos em silêncio. Com eles, agradecemos ao Pai do Céu por nos ter dado Jesus e, com eles, deixamos subir do fundo do coração o nosso louvor pela sua fidelidade: Nós Vos bendizemos, Senhor Deus Altíssimo, que Vos humilhastes por nós. Sois imenso, e fizestes-Vos pequenino; sois rico, e fizestes-Vos pobre; sois omnipotente, e fizestes-Vos frágil.

Nesta Noite, partilhamos a alegria do Evangelho: Deus ama-nos; e ama-nos tanto que nos deu o seu Filho como nosso irmão, como luz nas nossas trevas. O Senhor repete-nos: «Não temais» (Lc 2, 10). Assim disseram os anjos aos pastores: «Não temais». E repito também eu a todos vós: Não temais! O nosso Pai é paciente, ama-nos, dá-nos Jesus para nos guiar no caminho para a terra prometida. Ele é a luz que ilumina as trevas. Ele é a misericórdia: o nosso Pai perdoa-nos sempre. Ele é a nossa paz. Amen.

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Papa fala do "mistério do andar e do ver" proporcionado pela leitura de Isaías, e que, segundo Francisco, somos povo em caminho, e ao nosso redor – mas também dentro de nós – há trevas e luz.
 
Os pastores eram pessoas sem posses, trabalhadores que não gozavam de destaque na sociedade da época. Eles guardavam, à noite, os rebanhos nos campos. Eram os vigias noturnos de então. Pois bem, é a estes, considerados últimos na sociedade, que os mensageiros de Deus dão, em primeira mão, a notícia do nascimento do Salvador. E que Boa Notícia!

Os pastores nos ensinam alguma coisa sobre o "mistério do andar e da luz". Eles guardavam os rebanhos, foram envoltos em luz. Lucas retrata esse momento indescritível com estas palavras:

Naquela região havia pastores, que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho.
Um anjo do Senhor apareceu aos pastores; a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo.
Mas o anjo disse aos pastores: "Não tenham medo! Eu anuncio para vocês a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo: 
hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor (Lc 2, 8-11).

Confira o ofício da celebração litúrgica da Solenidade do Natal do Senhor - Santa Missa da Noite, clicando aqui. E o vídeo da celebração pode ser visto aqui.


Fonte do texto reproduzido:
http://www.vatican.va/holy_father/francesco/homilies/2013/documents/papa-francesco_20131224_omelia-natale_po.html


Fonte da imagem:
http://www.news.va/pt/news/o-primeiro-natal-do-papa-francisco-a-versao-integr

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

E o Menino está entre nós




Feliz e Santo Natal do Senhor !


Fonte da imagem:
http://redecorrenteviva.wordpress.com/2010/12/23/entao-e-natal-e-festa-crista/

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Igreja: profissionalismo, serviço e santidade


 
O Papa Francisco está sempre surpreendendo. Agora, ele toca na administração da Igreja, especificamente, acerca das qualidades de quem serve na Cúria Romana.

No sábado (21/12/2013), ao discursar para os membros da Cúria Romana, por ocasião das felicitações de Natal, o Papa deixou claro três qualidades para quem serve na administração da Cúria (e isso, digo eu, se aplica também às dioceses, paróquias, capelas): profissionalismo, serviço e santidade.

Profissionalismo. Assenta-se numa base sólida de competência, estudo e atualização, sem o que se cai na mediocridade. O Papa afirma: Quando não há profissionalismo, lentamente vai-se escorregando para o nível da mediocridade.

Serviço. Sem este a igreja cai na burocracia, tudo se reduz a coisas estereotipadas. E sufoca a ação do Espírito Santo e o crescimento do povo de Deus. Ou, nas próprias palavras do Papa:

Por outro lado, quando o procedimento não é de serviço às Igrejas particulares e seus bispos, então cresce a estrutura da Cúria como uma alfândega pesadamente burocrática, inspectora e inquisidora, que não permite a acção do Espírito Santo e o crescimento do povo de Deus.

Santidade. Nesta passagem, o Papa diz:

A estas duas qualidades, profissionalismo e serviço, gostaria de acrescentar uma terceira, que é a santidade de vida. Bem sabemos que esta é a mais importante na hierarquia dos valores. Efectivamente, está na base também da qualidade do trabalho, do serviço. E quero reiterar aqui o que já mais de uma vez disse, publicamente, para agradecer ao Senhor: na Cúria Romana houve, e há, santos. Santidade significa vida imersa no Espírito, abertura do coração a Deus, oração constante, humildade profunda, amor fraterno nas relações com os colegas. Significa também apostolado, serviço pastoral discreto, fiel, realizado com zelo no contacto directo com o povo de Deus. Isto é indispensável para um sacerdote.

Aqui faço algumas reflexões próprias. O ideal de perfeição para a cultura grega era a busca do equilíbrio, da harmonia. Para o cristianismo, a santidade. E o cristianismo faz-se portador entre os gentios desse novo ideal: a santidade como ideal da perfeição.

Santidade é uma proximidade tão estreita com Deus, que leva o apóstolo Paulo a afirmar: Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gal 2,20)

Por fim, sabemos que mais coisas virão, e por conta do Conselho de Cardeais nomeado pelo Papa Francisco para ajudá-lo na reforma da Cúria Romana e no governo da Igreja universal (mais detalhes clique aqui). Como o nome diz a reforma não se restringe à Cúria, mas a toda Igreja, inclusive à particular.

O entendimento que normalmente se faz da figura do Papa deve mudar conforme diz o próprio Papa Francisco, "pois o Papa deve ser, como pretende Bergoglio, bispo de Roma e não um monarca vaticano." (mais detalhes clique aqui).

Texto completo do discurso (em português) e vídeo podem ser conferidos aqui.


Fonte da imagem:
http://pt.radiovaticana.va/news/2013/12/21/papa_francisco_%C3%A0_c%C3%BAria_romana:_profissionalismo,_servi%C3%A7o_e_santidade/bra-757703

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Natal: Deus está ao nosso lado, afirma Papa Francisco

 

"[...] o Natal de Jesus, festa da confiança e da esperança, que supera a incerteza e o pessimismo"
(Papa Francisco na Audiência Geral de 18 de dezembro de 2013)

A catequese do Papa sobre o Natal de Jesus é um convite à meditação acerca do significado do seu nascimento. Francisco extrai duas relevantes considerações, como segue:

Da contemplação jubilosa do mistério do Filho de Deus que nasceu para nós, podemos fazer duas considerações.

A primeira é que, se no Natal Deus se revela não como alguém que está no alto e que domina o universo, mas como Aquele que se abaixa, que desce sobre a terra pequenino e pobre, significa que para sermos semelhantes a Ele não devemos colocar-nos acima dos outros mas, ao contrário, abaixar-nos, pôr-nos ao seu serviço, tornar-nos pequeninos com os pequeninos, pobres com os pobres. Mas é triste quando vemos um cristão que não quer humilhar-se, que não aceita servir. É triste quando o cristão se vangloria em toda a parte: ele não é cristão, mas pagão. O cristão serve, abaixa-se. Façamos com que estes nossos irmãos e irmãs nunca se sintam sozinhos!

A segunda consideração: se, através de Jesus, Deus se comprometeu com o homem a ponto de se tornar como um de nós, quer dizer que tudo o que fizermos a um irmão ou a uma irmã, a Ele o fazemos. Foi o próprio Jesus quem no-lo recordou: quem alimenta, acolhe, visita e ama um destes mais pequeninos e mais pobres entre os homens, ao Filho de Deus que o faz.

O Natal de Jesus é evento que acontece neste mundo real e que nos motiva a reconhecer no rosto do próximo, sobretudo dos mais frágeis, o rosto do próprio Cristo.

O serviço da beata Irmã Dulce, retratado na figura acima, é a imagem viva do ensinamento do Papa Francisco, e assim se pode dizer que: Quem acolhe o recém nascido abandonado, acolhe o Menino Jesus que nasce. Quem alimenta a criança faminta, e faminta de carinho, alimenta e acaricia o Menino da Manjedoura. 
 
O vídeo e o texto da catequese (em português) podem ser conferidos aqui.

E a razão da nossa esperança é a seguinte: Deus está ao nosso lado, Deus ainda confia em nós!
(Papa Francisco)


Fonte da imagem:
http://www.irmadulce.org.br/bemaventurada/multimidia_galeria.php

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Tempo do Natal - Ano A - São Mateus (2013-2014)


http://2.bp.blogspot.com/-pjMCdKo3G4c/UNtYgpL93bI/AAAAAAAAAJM/YJX9a2waWJs/s1600/presepio+de+s%C3%A3o+francisco.jpg

O Tempo do Natal já se avizinha. Sua expressão máxima está no nascimento do Menino Jesus, cujo conjunto simbólico desse extraordinário acontecimento na História da Salvação e na História Humana o presépio procura retratar.

Segundo as Normas Universais do Ano Litúrgico e o Novo Calendário Romano Geral,

"O Tempo do Natal vai das Primeiras Vésperas do Natal do Senhor ao domingo depois da Epifania ou ao domingo depois do dia 6 de janeiro inclusive" (n. 33).

Em outras palavras, o Tempo do Natal começa no dia 24 de dezembro de 2013, à tarde, e vai até o dia 12 de janeiro de 2014 - Festa do Batismo do Senhor.

O ofício do Tempo do Natal encontra-se no Missal Romano (2ª edição típica para o Brasil) às páginas 149 a 174. E as necessárias indicações para as celebrações estão no Diretório da Liturgia - Ano C - São Lucas (2012-2013), às páginas 200, no fim, a 204, bem como no Diretório da Liturgia - Ano A - São Mateus (2013-2014), às páginas 42 a 47.

No Tempo do Natal predomina a cor litúrgica branca. Entretanto, conforme a Instrução Geral sobre o Missal Romano (3ª edição típica):

"Em dias mais solenes podem ser usadas vestes sagradas festivas ou mais nobres, mesmo que não sejam da cor do dia" (n. 346, g).

Quais são, então, as cores para esses dias mais solenes? São, por exemplo, as cores dourada e prateada.

A Missa do Natal do Senhor é celebração festiva: as cores, as luzes, as flores, os cantos...


Leia mais:

Tempo do Advento - Ano A - São Mateus (2013-2014)

Diálogo na intimidade - Palavra: AMOR

História da Salvação

O tempo na história da salvação

A história de Deus e a intrincada história humana


Fonte da imagem:
http://vocacionadosdedeusemaria.blogspot.com.br/2012/12/o-presepio-e-sao-francisco-de-assis.html

sábado, 14 de dezembro de 2013

Papa Francisco eleito a Pessoa do Ano


Person of the Year 2013

A renomada Revista Time elegeu o Papa Francisco a pessoa do ano, ou a personalidade do ano de 2013. 

Desde 1927 que a Time elege a "pessoa do ano" (person of the year). O Papa Francisco sucede, nessa ordem, ao Presidente Barack Obama, eleito em 2012.

Para a Time,

"O coração é um músculo forte e Francisco está a propor um plano de exercício rigoroso. E, em muito pouco tempo, uma vasta plateia ecuménica global mostrou-se desejosa de o seguir. Por arrancar o papado do palácio e o levar para as ruas, por forçar a maior Igreja do mundo a confrontar as suas necessidades mais profundas e por dosear julgamento e misericórdia, o Papa Francisco é a Personalidade do Ano eleita pela Time em 2013."

Escreve ainda Nancy Gibbs, editora da revista Time:

"Raras vezes um novo protagonista do palco mundial conseguiu chamar tanta atenção tão depressa – a novos e velhos, fiéis e cínicos – como o Papa Francisco. No espaço de nove meses, desde que assumiu funções, ocupou exactamente o centro das conversas fulcrais dos nossos tempos: sobre a riqueza e a pobreza, a equidade e a justiça, a transparência, a modernidade, a globalização, o papel das mulheres, a natureza do casamento, as tentações do poder."

Para o padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, o Papa Francisco:

“não busca fama e sucesso, pois faz o seu serviço do anúncio do Evangelho por amor a Deus e por todos. Se isto atrai homens e mulheres e lhes dá esperança, o Papa está contente.”

  A agência News Va. acrescenta que:

"O Papa Bergoglio é o terceiro Pontífice da história a ser eleito ‘Homem do ano’ pela revista Time, após João XXIII em 1962 e João Paulo II em 1994."

O Papa Francisco fala prazerosamente, numa linguagem direta tocando nas realidades com que a sociedade se defronta. E, acima de tudo, ele faz. Sem necessidade de explicações, o fazer fala direta e imediatamente aos corações e mentes.

Um Papa em sintonia com seu rebanho e que ausculta as aspirações de todos, crentes e não crentes, cristãos e não cristãos, sem apelos midiáticos.

E mais. O Papa Francisco recebeu ontem à noite, sexta-feira (13/12), o Prêmio Internacional como "Comunicador Global". Os organizadores do Prêmio assim se expressaram:

“Em apenas dez meses, Papa Francisco revolucionou o estilo de comunicação do Pontificado: instantaneidade, espontaneidade, sinceridade, convicção. A sua comunicação é global: Papa Francisco fala a todos, não tem preferências, porque todos precisam da sua palavra, que se transforma em mensagem”. 


Leia mais:

Papa Francisco eleito 'Homem do Ano' pela revista Time


Fonte da imagem:
http://poy.time.com/2013/12/11/social-reactions-to-times-person-of-the-year-2013/?iid=poy-article-featured-content-widget

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Oração do Papa Francisco à Imaculada Conceição



No dia 8 de dezembro de 2013, Domingo, na caminhada do Tempo do Advento, foi celebrada a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora.

O Papa Francisco, no ato de veneração da Imaculada Conceição na Praça de Espanha, proferiu uma singela mais profunda Oração, enraizada na realidade comum do povo, cujo texto reproduzo:


ORAÇÃO À IMACULADA


Virgem Santa e Imaculada,
a Ti, que és a honra do nosso povo,
e a defensora atenta da nossa cidade,
(a Ti) nos dirigimos com confiança e amor.

Tu és a Toda Bela, ó Maria!
Em Ti não há pecado.

Suscita em todos nós um renovado desejo de santidade:
brilhe na nossa palavra o esplendor da caridade,
habitem no nosso corpo pureza e castidade,
torne-se presente na nossa vida toda a beleza do Evangelho

Tu és a Toda Bela, ó Maria,
Em Ti se fez carne a Palavra de Deus.

Ajuda-nos a permanecer na escuta atenta da voz do Senhor:
nunca nos deixe indiferentes o grito dos pobres,
não nos encontre distraídos o sofrimento dos doentes e dos carecidos,
comovam-nos a solidão dos idosos e a fragilidade das crianças,
seja sempre amada e venerada por todos nós cada vida humana.

Tu és a Toda Bela, ó Maria!
Em Ti, a alegria plena da vida bem-aventurada, com Deus

Faz com que não percamos o significado do nosso caminho terreno,
ilumine os nossos dias a luz gentil da fé,
oriente os nossos passos a força consoladora da esperança,
anime o nosso coração o calor contagioso do amor
permaneçam os olhos de todos nós bem fixos em Deus, onde há a verdadeira alegria.

Amém!


Outra versão, em português de Portugal, pode ser lida na página oficial da Santa Sé, acessando aqui.


Fonte do texto (oração):
http://pt.radiovaticana.va/news/2013/12/08/texto_integral_da_ora%C3%A7%C3%A3o_de_francisco_%C3%A0_imaculada/bra-753928

Fonte da imagem:
http://www.franciscanos.org.br/?p=47778

domingo, 8 de dezembro de 2013

O adeus de Nelson Mandela


Nelson Mandela

As culturas têm os seus mitos. Mandela vai além da sua cultura nacional. É um mito mundial.

Nelson Rolihlahla Mandela (18 de julho de 1918 - 5 de dezembro de 2013) tornou-se um símbolo mítico, pelo qual é possível compreender e demonstrar o humanismo da não violência, da igualdade, da dignidade humana e de mais valores que fazem e enaltecem uma nação, que, para além, iluminam toda a humanidade.

Como político, fez da Política um ministério, um serviço ao povo. Isso é bastante e diz muito.

Não é paradigma para os políticos carreiristas. Logo, pouquíssimos o seguirão no exemplo.

Aqui cabe registrar o pesar do Papa Francisco, em mensagem telegráfica enviada ao presidente da República da África do Sul, Jacob Zuma, cujo texto, em português, pode ser lido aqui.

Nelson Mandela, prêmio Nobel da Paz, um cidadão do mundo!


Leia mais:
 
Mandela sempre esteve ciente do papel da Igreja na luta dos sul-africanos

Nelson Mandela


Fonte da imagem:
http://www.news.com.au/world/nelson-mandela-on-life-support-in-pretoria-hospital/story-fndir2ev-1226670566216

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Conclusão do Ano da Fé (2012-2013)


Annus Fidei - Indicazioni Apertura, 11 ottobre 2012

O Ano da Fé foi concluído no dia 24 de novembro de 2013, Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. 

Ao Papa Emérito Bento XVI coube a sua proclamação com o "motu proprio" Porta Fidei. E ao Papa Francisco a sua conclusão, com a celebração da Missa da Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, cuja homilia, já traduzida na íntegra para o português, pode ser lida aqui.

Toda a programação havida do Ano da Fé pode ser conferida aqui.

Nesse ambiente do Ano da Fé, foi divulgada pelo Papa Francisco a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), que deita as suas raízes no tema da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos realizada no período de 7 a 28 de outubro de 2012, sobre o tema A nova evangelização para a transmissão da fé cristã.

Por ora, fiquemos por aqui e aproveitemos as riquezas da primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco. Boa e proveitosa leitura, cujo texto, em português, também pode ser lido aqui.


Fonte da imagem:
http://www.vatican.va/news_services/liturgy/2012/documents/ns_lit_doc_20121011_indicazioni_it.html

sábado, 30 de novembro de 2013

Diretório da Liturgia - 2014



O novo Diretório da Liturgia e da organização da Igreja no Brasil para o ano de 2014 já se encontra à venda nas livrarias católicas, podendo ser adquirido diretamente nas Edições CNBB. Neste ano, as Edições CNBB disponibilizam também o Diretório da Liturgia em edição de bolso.

Ano litúrgico da Igreja não é igual ao ano civil. O ano civil, é claro, começa no dia 1º de janeiro e termina no dia 31 de dezembro. São fixas as datas de início e de término, ao passo que no ano litúrgico a data inicial e a data de término são móveis, ou variáveis.

O novo Ano Litúrgico, chamado Ano A (São Mateus), começará no dia 30 de novembro de 2013, sábado, com as Primeiras Vésperas do Primeiro Domingo do Advento (que cai no dia 1º de dezembro de 2013), e terminará no dia 29 de novembro de 2014, sábado, antes das Primeiras Vésperas do Primeiro Domingo do Advento do Ano Litúrgico B - São Marcos (que cairá no dia 30 de novembro de 2014).

Como se vê, o Ano Litúrgico A (São Mateus) tem todo o Tempo de Advento, Natal e parte do Tempo Natalino ainda regulados pelo Diretório da Liturgia - 2013 (páginas 189 a 204).

Mais coerente com o calendário litúrgico, seria melhor que o Diretório da Liturgia regulasse, por inteiro, em um só volume, o Ano Litúrgico desde o seu início até o seu término.

Cuida-se de livro importante para a vida da Igreja no Brasil, desde capelas, paróquias, catedrais até pessoas comuns do povo interessadas na orientação diária quanto à liturgia das horas e da própria liturgia eucarística.

A apresentação do Diretório da Liturgia é feita por Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília e Secretário Geral da CNBB.


Fonte da imagem:
http://www.edicoescnbb.com.br/loja/produto-302647-2273-

sábado, 23 de novembro de 2013

Tempo do Advento - Ano A - São Mateus (2013-2014)


O ano litúrgico está prestes a terminar. E o novo ano litúrgico se inicia com o tempo chamado do Advento, fazendo parte do denominado Ciclo do Natal.

Como é sabido, cada ano litúrgico da Igreja tem a sua própria nomenclatura: Ano A - São Mateus, Ano B - São Marcos e Ano C - São Lucas.

Terminado o Ano A, onde se lê o Evangelho de São Mateus, passa-se para o Ano B, onde se lê o Evangelho de São Marcos; terminado o Ano B, passa-se ao Ano C, onde se lê o Evangelho de São Lucas. E, por fim, terminado o Ano C, retoma-se o Ano A - São Mateus.

O Evangelho de São João não compõe especificamente um ano litúrgico. O Evangelho de São João vai aparecer nas últimas semanas do Tempo da Quaresma e muito no Tempo Pascal, assim como preenche, em parte, o Ano B (Evangelho de São Marcos). Em outras palavras, o Evangelho de João, teologicamente trabalhado, funciona, se assim posso me expressar, como se fosse um "curinga".

Agora, a Igreja vai terminar o Ano C - São Lucas e vai iniciar o Ano A - São Mateus. O início e o término do ano litúrgico não coincidem com os do ano civil.

O último Domingo do Ano C - São Lucas (2012-2013), ou 34º Domingo do Tempo Comum - Ano C,  vai ocorrer no dia 24 de novembro de 2013, Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, e o último dia do término do Ano C - São Lucas (2012-2013) será no dia 30 de novembro de 2013, sábado, antes das primeiras vésperas (Vésperas I) do início do novo ano litúrgico, ou seja, antes das Primeiras Vésperas do Primeiro Domingo do Advento do Ano A - São Mateus (2013-2014).

Ao contrário do que se pensa, o ano litúrgico não termina com a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, mas sim no sábado seguinte, posto que os dias que se seguem àquela Solenidade ainda são segunda, terça, quarta, quinta e sexta feiras da 34ª semana do Tempo Comum do Ano C - São Lucas (34ª semana do TC), inclusive o sábado até antes das Primeiras Vésperas do primeiro Domingo do Tempo de Advento.

O novo ano litúrgico (Ano A - São Mateus - 2013-2014) continua, mas o Tempo do Advento termina no dia 24 dezembro de 2013 antes das Primeiras Vésperas do Natal do Senhor. Ou, como dizem as Normas Universais sobre o o Ano Litúrgico e o Calendário:

"O Tempo do Advento começa com as Primeiras Vésperas do domingo que cai no dia 30 de novembro ou no domingo que lhe fica mais próximo, terminando antes das Primeiras Vésperas do Natal do Senhor" (nº 40).

No tempo do Advento, a cor litúrgica é roxa, podendo no terceiro Domingo (Domingo Gaudete) usar a cor rósea. Não se recita e nem se canta o Glória.

Entretanto, no dia 8 de dezembro de 2013, Domingo, por determinação da CNBB e autorização da Santa Sé, será celebrada a Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora; usa-se a cor litúrgica branca e canta-se o Glória, com ofício e leituras próprias (consultar o Diretório da Liturgia 2013 - Ano C - São Lucas, às páginas 193 e 194, bem como o Missal Romano, 2ª edição típica para o Brasil, às páginas 713 a 717). Harmonizando-se com a celebração da Imaculada Conceição de Nossa Senhora (Segundo Domingo do Advento), sugiro que se acenda a segunda vela da Coroa do Advento na cor branca (vela branca).

No Terceiro Domingo do Advento (dia 15 de dezembro de 2013), por determinação da 36ª Assembleia Geral da CNBB, haverá, em todas as igrejas, capelas e oratórios, a coleta da Campanha para a Evangelização.


Leia mais:




Fonte da imagem:
http://www.congregacionesmarianas.org/tiempo.htm

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"É necessário ampliar os espaços de uma presença feminina mais incisiva na Igreja", afirma o Papa Francisco



A entrevista concedida pelo Papa Francisco ao Diretor da revista La Civiltà Cattolica, na pessoa do seu Diretor Padre Antonio Spadaro, S.J., na Casa Santa Marta, em 19 de agosto de 2013, segunda-feira, ganhou o noticiário como sinal de novos ares, um novo aggiornamento na Igreja.

Francisco é o Papa que "arruma a casa" e seu modo de administrar tem a ver com a sua espiritualidade centrada no discernimento de que fala Santo Inácio de Loyola.

Essa espiritualidade inaciana é esclarecida pelo Papa, ao responder a pergunta que lhe foi formulada pelo Direitor da La Civiltà Cattolica (O que significa para um jesuíta ser Papa?):

«O discernimento é uma das coisas que Santo Inácio mais trabalhou interiormente. Para ele, é um instrumento de luta para conhecer melhor o Senhor e segui-l’O mais de perto. Impressionou-me sempre uma máxima com que se descreve a visão de Inácio: Non coerceri a maximo, sed contineri a minimo divinum est. (não estar constrangido pelo máximo, e no entanto, estar inteiramente contido no mínimo, isso é divino). Reflecti muito sobre esta frase a propósito do governo, de ser superior: não estarmos restringidos pelo espaço maior, mas sermos capazes de estar no espaço mais restrito. Esta virtude do grande e do pequeno é a magnanimidade, que da posição em que estamos nos faz olhar sempre o horizonte. É fazer as coisas pequenas de cada dia com o coração grande e aberto a Deus e aos outros. É valorizar as coisas pequenas no interior de grandes horizontes, os do Reino de Deus».
«Esta máxima oferece os parâmetros para assumir uma posição correcta para o discernimento, para escutar as coisas de Deus a partir do seu “ponto de vista”. Para Santo Inácio, os grandes princípios devem ser encarnados nas circunstâncias de lugar, de tempo e de pessoas. A seu modo, João XXIII colocou-se nesta posição de governo quando repetiu a máxima Omnia videre, multa dissimulare, pauca corrigere, (ver tudo, não dar importância a muito, corrigir pouco) porque mesmo vendo omnia, a dimensão máxima, preferia agir sobre pauca, sobre uma dimensão mínima. Podem ter-se grandes projectos e realizá-los, agindo sobre poucas pequenas coisas. Ou podem usar-se meios fracos que se revelam mais eficazes do que os fortes, como diz São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios».
«Este discernimento requer tempo. Muitos, por exemplo, pensam que as mudanças e as reformas podem acontecer em pouco tempo. Eu creio que será sempre necessário tempo para lançar as bases de uma mudança verdadeira e eficaz. E este é o tempo do discernimento. E por vezes o discernimento, por seu lado, estimula a fazer depressa aquilo que inicialmente se pensava fazer depois. E foi isto o que também me aconteceu nestes meses. E o discernimento realiza-se sempre na presença do Senhor, vendo os sinais, escutando as coisas que acontecem, o sentir das pessoas, especialmente dos pobres. As minhas escolhas, mesmo aquelas ligadas à vida quotidiana, como usar um automóvel modesto, estão ligadas a um discernimento espiritual que responde a uma exigência que nasce das coisas, das pessoas, da leitura dos sinais dos tempos. O discernimento no Senhor guia-me no meu modo de governar».
«Pelo contrário, desconfio das decisões tomadas de modo repentino. Desconfio sempre da primeira decisão, isto é, da primeira coisa que me vem à cabeça fazer, se tenho de tomar uma decisão. Em geral, é a decisão errada. Tenho de esperar, avaliar interiormente, tomando o tempo necessário. A sabedoria do discernimento resgata a necessária ambiguidade da vida e faz encontrar os meios mais oportunos, que nem sempre se identificam com aquilo que parece grande ou forte».

Foto: Alícia Uchôa

A Igreja tem urgências. E entenda-a nesta expressão de Francisco: "A Igreja é a totalidade do povo de Deus". E o Papa reflete que, antes de teorizar, a Igreja precisa arregaçar as mangas, trabalhando como se fosse um hospital de campanha, acolher, curar feridas, fazer-se próxima das pessoas. Dai a sugestiva figura comparativa dessa urgência: Um hospital de campanha. Ouçamo-lo:

"A Igreja? Um hospital de campanha...

O Papa Bento XVI, ao anunciar a sua renúncia ao Pontificado, retratou o mundo de hoje como sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, que requerem vigor, seja do corpo, seja da alma. Pergunto ao Papa, também à luz daquilo que acabou de me dizer: «De que é que a Igreja tem maior necessidade neste momento histórico? São necessárias reformas? Quais são os seus desejos para a Igreja dos próximos anos? Que Igreja “sonha”?»
O Papa Francisco, tomando o incipit da minha pergunta, começa por dizer: «O Papa Bento teve um acto de santidade, de grandeza, de humildade. É um homem de Deus», demonstrando um grande afecto e uma enorme estima pelo seu predecessor.
«Vejo com clareza — continua — que aquilo de que a Igreja mais precisa hoje é a capacidade de curar as feridas e de aquecer o coração dos fiéis, a proximidade. Vejo a Igreja como um hospital de campanha depois de uma batalha. É inútil perguntar a um ferido grave se tem o colesterol ou o açúcar altos. Devem curar-se as suas feridas. Depois podemos falar de tudo o resto. Curar as feridas, curar as feridas... E é necessário começar de baixo».
A Igreja por vezes encerrou-se em pequenas coisas, em pequenos preceitos. O mais importante, no entanto, é o primeiro anúncio: “Jesus Cristo salvou-te”. E os ministros da Igreja devem ser, acima de tudo, ministros de misericórdia. O confessor, por exemplo, corre sempre o risco de ser ou demasiado rigorista ou demasiado laxista. Nenhum dos dois é misericordioso, porque nenhum dos dois toma verdadeiramente a seu cargo a pessoa. O rigorista lava as mãos porque remete-o para o mandamento. O laxista lava as mãos dizendo simplesmente “isto não é pecado” ou coisas semelhantes. As pessoas têm de ser acompanhadas, as feridas têm de ser curadas».
«Como estamos a tratar o povo de Deus? Sonho com uma Igreja Mãe e Pastora. Os ministros da Igreja devem ser misericordiosos, tomar a seu cargo as pessoas, acompanhando-as como o bom samaritano que lava, limpa, levanta o seu próximo. Isto é Evangelho puro. Deus é maior que o pecado. As reformas organizativas e estruturais são secundárias, isto é, vêm depois. A primeira reforma deve ser a da atitude. Os ministros do Evangelho devem ser capazes de aquecer o coração das pessoas, de caminhar na noite com elas, de saber dialogar e mesmo de descer às suas noites, na sua escuridão, sem perder-se. O povo de Deus quer pastores e não funcionários ou clérigos de Estado. Os bispos, em particular, devem ser capazes de suportar com paciência os passos de Deus no seu povo, de tal modo que ninguém fique para trás, mas também para acompanhar o rebanho que tem o faro para encontrar novos caminhos».
«Em vez de ser apenas uma Igreja que acolhe e recebe, tendo as portas abertas, procuramos mesmo ser uma Igreja que encontra novos caminhos, que é capaz de sair de si mesma e ir ao encontro de quem não a frequenta, de quem a abandonou ou lhe é indiferente. Quem a abandonou fê-lo, por vezes, por razões que, se forem bem compreendidas e avaliadas, podem levar a um regresso. Mas é necessário audácia, coragem».
Reflicto naquilo que o Papa está a dizer e refiro o facto que existem cristãos que vivem em situações não regulares para a Igreja ou, de qualquer modo, em situações complexas, cristãos que, de um modo ou de outro, vivem feridas abertas. Penso nos divorciados recasados, casais homossexuais, outras situações difíceis. Como fazer uma pastoral missionária nestes casos? Em que insistir? O Papa faz sinal de ter compreendido o que pretendo dizer e responde.
«Devemos anunciar o Evangelho em todos os caminhos, pregando a boa nova do Reino e curando, também com a nossa pregação, todo o tipo de doença e de ferida. Em Buenos Aires recebia cartas de pessoas homossexuais, que são “feridos sociais”, porque me dizem que sentem como a Igreja sempre os condenou. Mas a Igreja não quer fazer isto. Durante o voo de regresso do Rio de Janeiro disse que se uma pessoa homossexual é de boa vontade e está à procura de Deus, eu não sou ninguém para julgá-la. Dizendo isso, eu disse aquilo que diz o Catecismo. A religião tem o direito de exprimir a própria opinião para serviço das pessoas, mas Deus, na criação, tornou-nos livres: a ingerência espiritual na vida pessoal não é possível. Uma vez uma pessoa, de modo provocatório, perguntou-me se aprovava a homossexualidade. Eu, então, respondi-lhe com uma outra pergunta: “Diz-me: Deus, quando olha para uma pessoa homossexual, aprova a sua existência com afecto ou rejeita-a, condenando-a?” É necessário sempre considerar a pessoa. Aqui entramos no mistério do homem. Na vida, Deus acompanha as pessoas e nós devemos acompanhá-las a partir da sua condição. É preciso acompanhar com misericórdia. Quando isto acontece, o Espírito Santo inspira o sacerdote a dizer a coisa mais apropriada».
«Esta é também a grandeza da confissão: o facto de avaliar caso a caso e de poder discernir qual é a melhor coisa a fazer por uma pessoa que procura Deus e a sua graça. O confessionário não é uma sala de tortura, mas lugar de misericórdia, no qual o Senhor nos estimula a fazer o melhor que pudermos. Penso também na situação de uma mulher que carregou consigo um matrimónio fracassado, no qual chegou a abortar. Depois esta mulher voltou a casar e agora está serena, com cinco filhos. O aborto pesa-lhe muito e está sinceramente arrependida. Gostaria de avançar na vida cristã. O que faz o confessor?»
«Não podemos insistir somente sobre questões ligadas ao aborto, ao casamento homossexual e uso dos métodos contraceptivos. Isto não é possível. Eu não falei muito destas coisas e censuraram-me por isso. Mas quando se fala disto, é necessário falar num contexto. De resto, o parecer da Igreja é conhecido e eu sou filho da Igreja, mas não é necessário falar disso continuamente».
«Os ensinamentos, tanto dogmáticos como morais, não são todos equivalentes. Uma pastoral missionária não está obcecada pela transmissão desarticulada de uma multiplicidade de doutrinas a impor insistentemente. O anúncio de carácter missionário concentra-se no essencial, no necessário, que é também aquilo que mais apaixona e atrai, aquilo que faz arder o coração, como aos discípulos de Emaús. Devemos, pois, encontrar um novo equilíbrio; de outro modo, mesmo o edifício moral da Igreja corre o risco de cair como um castelo de cartas, de perder a frescura e o perfume do Evangelho. A proposta evangélica deve ser mais simples, profunda, irradiante. É desta proposta que vêm depois as consequências morais».
«Digo isto também pensando na pregação e nos conteúdos da nossa pregação. Uma bela homilia, uma verdadeira homilia, deve começar com o primeiro anúncio, com o anúncio da salvação. Não há nada de mais sólido, profundo e seguro do que este anúncio. Depois deve fazer-se uma catequese. Assim, pode tirar-se também uma consequência moral. Mas o anúncio do amor salvífico de Deus precede a obrigação moral e religiosa. Hoje, por vezes, parece que prevalece a ordem inversa. A homilia é a pedra de comparação para calibrar a proximidade e a capacidade de encontro de um pastor com o seu povo, porque quem prega deve reconhecer o coração da sua comunidade para procurar onde está vivo e ardente o desejo de Deus. A mensagem evangélica não pode limitar-se, portanto, apenas a alguns dos seus aspectos, que, mesmo importantes, sozinhos não manifestam o coração do ensinamento de Jesus.»"


Mais adiante, ao ser perguntado sobre Dicastérios romanos, sinodalidade, ecumenismo, o Papa Francisco tratou do papel da mulher na Igreja:

"E o papel da mulher na Igreja? O Papa referiu-se a este tema em várias ocasiões. Numa entrevista tinha afirmado que a presença feminina na Igreja não emergiu mais, porque a tentação do machismo não deixou espaço para tornar visível o papel que compete às mulheres na comunidade. Retomou a questão durante a viagem de regresso do Rio de Janeiro, afirmando que ainda não foi feita uma teologia profunda da mulher. Então, pergunto: «Qual deve ser o papel da mulher na Igreja? Como fazer para torná-lo hoje mais visível?»
«É necessário ampliar os espaços de uma presença feminina mais incisiva na Igreja. Temo a solução do “machismo de saias”, porque, na verdade, a mulher tem uma estrutura diferente do homem. E, pelo contrário, os argumentos que oiço sobre o papel da mulher são muitas vezes inspirados precisamente numa ideologia machista. As mulheres têm vindo a colocar perguntas profundas que devem ser tratadas. A Igreja não pode ser ela própria sem a mulher e o seu papel. A mulher, para Igreja, é imprescindível. Maria, uma mulher, é mais importante que os bispos. Digo isto, porque não se deve confundir a função com a dignidade. É necessário, pois, aprofundar melhor a figura da mulher na Igreja. É preciso trabalhar mais para fazer uma teologia profunda da mulher. Só realizando esta etapa se poderá reflectir melhor sobre a função da mulher no interior da Igreja. O génio feminino é necessário nos lugares em que se tomam as decisões importantes. O desafio hoje é exactamente esse: reflectir sobre o lugar específico da mulher, precisamente também onde se exerce a autoridade nos vários âmbitos da Igreja.""

Por fim, você poderá ler toda a entrevista do Papa Francisco, em português, na Revista Brotéria ou aqui (L'Osservatore Romano, edição semanal em português, Ano XLIV, n. 39, Domingo, 29 de setembro de 2013).


Fonte do texto:
http://www.broteria.pt/component/content/article/101-entrevista-exclusiva-do-papa-francisco-as-revistas-dos-jesuitas?showall=1

Fonte da primeira imagem:
http://www.broteria.pt/outras-revistas/101-entrevista-exclusiva-do-papa-francisco-as-revistas-dos-jesuitas

Fonte da segunda imagem:
http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL374834-5606,00-HOSPITAIS+DE+CAMPANHA+VAO+FUNCIONAR+HORAS+POR+DIA.html

Fonte da terceira imagem:
http://paroquiasaoconradorj.blogspot.com.br/2013/08/dra-zilda-arns-podera-ser-beatificada.html

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Papa Francisco ao Diretor do La Reppublica: a extraordinária autoridade de Jesus



Eugenio Scalfari, fundador e diretor do jornal italiano La Reppublica, que se declara não crente, suscitou um diálogo com o Papa Francisco, com artigos publicados nos dias 7 de julho e 7 de agosto de 2013.

No primeiro artigo, Eugenio Scalfari faz uma reflexão sobre a Lumen Fidei, a primeira encíclica assinada pelo Papa Francisco. Como o conteúdo da encíclica pertence a Bento XVI e a Francisco, o artigo leva o sugestivo título "As respostas que os dois papas não dão".

Scalfari escreve:

"Por isso, levando-se tudo em consideração, o tema que mais me apaixona é a encíclica Lumen fidei, a primeira assinada pelo Papa Francisco. O assunto é importante porque toca o ponto central da doutrina cristã: o que é a fé, de onde ela provém, como ela é vivida pelos crentes, quais reações ela suscita em quem não é cristão, como ela explica a existência da raça humana e como responde a perguntas que cada um de nós se faz e às quais, na maioria das vezes, não encontra resposta: quem somos, de onde viemos, para onde vamos."

No segundo artigo, Eugenio Scalfari, ainda fazendo referência à encíclica Lumen Fidei, formula agora perguntas ao Papa Francisco. E o artigo intitula-se "As perguntas de um não crente ao papa jesuíta chamado Francisco".

A certa altura do artigo, Scalfari reporta-se ao já conhecido impulso que o Papa Francisco quer imprimir ou reavivar nos fiéis e na Igreja:

"Ele quer uma Igreja pobre que pregue o valor da pobreza; uma Igreja militante e missionária; uma Igreja pastoral; uma Igreja construída à semelhança de um Deus misericordioso, que não julga, mas perdoa, que busque a ovelha perdida, que acolha o filho pródigo."


No dia 4 de setembro de 2013, o Papa Francisco respondeu a Eugenio Scalfari os artigos publicados no jornal italiano La Reppublica, edições de 7 de julho e 7 de agosto de 2013.

Para esclarecer o título deste post, ou seja, a extraordinária autoridade de Jesus, reproduzo, nessa parte, a resposta dada pelo Papa:

"Por isso, é preciso confrontar-se com Jesus – diria – na dimensão concreta e tosca da sua história, tal como nos é narrada sobretudo pelo mais antigo dos Evangelhos, o de Marcos. Aí se constata que o «escândalo», que as palavras e a actividade de Jesus provocam ao seu redor, deriva da sua extraordinária «autoridade» – termo este, atestado já desde o Evangelho de Marcos mas que não é fácil de traduzir em italiano. A palavra grega é exousia, que literalmente se refere àquilo que «provém do ser» que se é. Trata-se portanto, não de algo exterior ou forçado, mas de algo que brota de dentro e se impõe por si mesmo. Realmente Jesus impressiona, desinstala, reforma a partir – Ele mesmo o disse – da sua relação com Deus, que trata familiarmente por Abbá, o qual Lhe confere esta «autoridade» para que Ele a aplique a favor dos homens.
Assim, Jesus prega «como alguém que tem autoridade», cura, chama os discípulos para O seguirem, perdoa... Todas estas coisas, no Antigo Testamento, são prerrogativa de Deus, e só Deus. A pergunta, que mais vezes reaparece no Evangelho de Marcos – «Quem é este que... ?» – e que diz respeito à identidade de Jesus, nasce da constatação de uma autoridade diferente da do mundo, uma autoridade que não tem como finalidade exercer um poder sobre os outros mas servi-los, dar-lhes liberdade e plenitude de vida. E isto até ao ponto de arriscar a sua própria vida, até experimentar a incompreensão, a traição, a rejeição, até ser condenado à morte, até cair no estado de abandono na cruz. Mas Jesus permanece fiel a Deus até ao fim."

Francisco expõe sua vontade de proximidade com o outro, como tem sido a sua prática de vida, no sentido de fazer com Scalfari uma caminhada juntos, ou com suas palavras:

"E assim concluo, ilustre Dr. Scalfari, estas minhas reflexões, suscitadas por tudo o que me quis comunicar e perguntar. Receba-as como uma tentativa de resposta, provisória mas sincera e confiante, ao convite que vislumbrei para fazermos um pedaço de estrada juntos. A Igreja – creia-me! – apesar de todas as lentidões, infidelidades, erros e pecados que possa ter cometido e pode ainda cometer nos que a compõem, não tem outro sentido e finalidade que não seja viver e testemunhar Jesus: Ele, que foi enviado pelo Abbá para «anunciar a Boa-Nova aos pobres, proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista, mandar em liberdade os oprimidos, proclamar um ano favorável da parte do Senhor» (Lc 4,18-19 )."

Em português, essas e outras passagens da carta-resposta do Papa Francisco podem ser lidas aqui.


Leia mais:

Jesus, fé e razão: o diálogo do pontífice com a ovelha perdida. Artigo de Eugenio Scalfari

A carta de Francisco e a coragem aberta à cultura moderna. Artigo de Eugenio Scalfari


Fonte da primeira imagem:
http://padretelmofigueiredo.blogspot.com.br/2013/09/papa-francisco-dialoga-com-um-ateu.html

Fonte da segunda imagem:
http://papa.cancaonova.com/papa-responde-a-criticas-e-perguntas-sobre-a-fe/

sábado, 21 de setembro de 2013

Egito: taxista é decapitado por ser cristão



Não é coisa do tempo dos romanos. Cuida-se de fato atual acontecido na cidade de Alexandria, no Egito. Um jovem foi morto barbaramente pelo simples fato de ser cristão.

Em 23 de agosto de 2013, a AsiaNews noticiou que no dia 16 de agosto, sexta-feira, uma multidão de muçulmanos parou e arrastou para fora do seu táxi o jovem Mina Rafaat Aziz, de Alexandria, e o massacrou com chutes, socos, espancando-o até a morte. 

Já morto, e como se isso não bastasse, o corpo foi pisoteado, decapitado e abandonado na calçada.

Mina Rafaat Aziz, taxista da Alexandria, foi martirizado pelo simples fato de trazer uma cruz pendurada no espelho retrovisor do seu táxi.

Esse martírio e outros massacres por ai afora merecem uma reflexão! O Cristo continua sendo massacrado!


Leia mais:

Egito: taxista decapitado por ter um crucifixo pendurado no espelho

Don Salvatore Lazzara: Il tassista e la croce

Egitto. Tassista cristiano decapitato per la sua croce | Tempi.it


Fonte da matéria:
http://www.asianews.it/notizie-it/Cristiana-egiziana:-Dopo-gli-attacchi-alle-chiese,-viviamo-nel-terrore-28818.html

Fonte da imagem:
http://www.fotografodigital.com.br/pesquisa/?pesquisa=Crucifixo&0=1&mdl=1/

terça-feira, 10 de setembro de 2013

"Deus viu que isso era bom"



«Deus viu que isso era bom» (Gn 1,12.18.21.25).

Com essas palavras bíblicas, o Papa Francisco introduziu todos que estavam reunidos no dia 7, sábado, na Praça de São Pedro, no clima da Vigília de Oração pela Paz na Síria.  

No episódio em que Caim mata Abel (Gn 4, 8), Deus questiona Caim -  Onde está o teu irmão Abel? (Gn 4, 9). Pois bem, em cima dessa indagação divina seguida da resposta de Caim  - Não sei. Acaso sou o guarda do meu irmão? (Gn 4, 9) - , o Papa realça a solidariedade como valor que integra o ser humano. Ou, nas precisas palavras de Francisco:

"É justamente nesse caos que Deus pergunta à consciência do homem: «Onde está o teu irmão Abel?». E Caim responde «Não sei. Acaso sou o guarda do meu irmão?» (Gn 4, 9). Esta pergunta também se dirige a nós, assim que também a nós fará bem perguntar: 

- Acaso sou o guarda do meu irmão? Sim, tu és o guarda do teu irmão! Ser pessoa significa sermos guardas uns dos outros! Contudo, quando se quebra a harmonia, se produz uma metamorfose: o irmão que devíamos guardar e amar se transforma em adversário a combater, a suprimir. Quanta violência surge a partir deste momento, quantos conflitos, quantas guerras marcaram a nossa história! Basta ver o sofrimento de tantos irmãos e irmãs. Não se trata de algo conjuntural, mas a verdade é esta: em toda violência e em toda guerra fazemos Caim renascer. Todos nós! E ainda hoje prolongamos esta história de confronto entre os irmãos, ainda hoje levantamos a mão contra quem é nosso irmão. Ainda hoje nos deixamos guiar pelos ídolos, pelo egoísmo, pelos nossos interesses; e esta atitude se faz mais aguda: aperfeiçoamos nossas armas, nossa consciência adormeceu, tornamos mais sutis as nossas razões para nos justificar. Como fosse uma coisa normal, continuamos a semear destruição, dor, morte! A violência e a guerra trazem somente morte, falam de morte! A violência e a guerra têm a linguagem da morte!"

Ser o guarda, o cuidador do irmão, mas nunca o subjugador, caracteriza a solidariedade, a caridade.

Confira na íntegra a homilia do Papa Francisco na Vigília de Oração pela Paz, na Praça de São Pedro, sábado, 7 de setembro de 2013, cujo texto, em português, reproduzo abaixo:


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"«Deus viu que isso era bom» (Gn 1,12.18.21.25). A narração bíblica da origem do mundo e da humanidade nos fala de Deus que olha a criação, quase a contemplando, e repete uma e outra vez: isso é bom. Isso, queridos irmãos e irmãs, nos permite entrar no coração de Deus e recebermos a sua mensagem que procede precisamente do seu íntimo.

Podemos nos perguntar: qual é o significado desta mensagem? O que diz esta mensagem para mim, para ti, para todos nós?

1. Simplesmente nos diz que o nosso mundo, no coração e na mente de Deus, é “casa de harmonia e de paz” e espaço onde todos podem encontrar o seu lugar e sentir-se “em casa”, porque é “isso é bom”. Toda a criação constitui um conjunto harmonioso, bom, mas os seres humanos em particular, criados à imagem e semelhança de Deus, formam uma única família, em que as relações estão marcadas por uma fraternidade real e não simplesmente de palavra: o outro e a outra são o irmão e a irmã que devemos amar, e a relação com Deus, que é amor, fidelidade, bondade, se reflete em todas as relações humanas e dá harmonia para toda a criação. O mundo de Deus é um mundo onde cada um se sente responsável pelo outro, pelo bem do outro. Esta noite, na reflexão, no jejum, na oração, cada um de nós, todos nós pensamos no profundo de nós mesmos: não é este o mundo que eu desejo? Não é este o mundo que todos levamos no coração? O mundo que queremos não é um mundo de harmonia e de paz, em nós mesmos, nas relações com os outros, nas famílias, nas cidades, nas e entre as nações? E a verdadeira liberdade para escolher entre os caminhos a serem percorridos neste mundo, não é precisamente aquela que está orientada pelo bem de todos e guiada pelo amor?

2. Mas perguntemo-nos agora: é este o mundo em que vivemos? A criação conserva a sua beleza que nos enche de admiração; ela continua a ser uma obra boa. Mas há também “violência, divisão, confronto, guerra”. Isto acontece quando o homem, vértice da criação, perde de vista o horizonte da bondade e da beleza, e se fecha no seu próprio egoísmo.

Quando o homem pensa só em si mesmo, nos seus próprios interesses e se coloca no centro, quando se deixa fascinar pelos ídolos do domínio e do poder, quando se coloca no lugar de Deus, então deteriora todas as relações, arruína tudo; e abre a porta à violência, à indiferença, ao conflito. É justamente isso o que nos quer explicar o trecho do Gênesis em que se narra o pecado do ser humano: o homem entra em conflito consigo mesmo, percebe que está nu e se esconde porque sente medo (Gn 3, 10); sente medo do olhar de Deus; acusa a mulher, aquela que é carne da sua carne (v. 12); quebra a harmonia com a criação, chega a levantar a mão contra o seu irmão para matá-lo. Podemos dizer que da harmonia se passa à desarmonia? Mas, podemos dizer isso: que da harmonia se passa à desarmonia? Não. Não existe a “desarmonia”: ou existe harmonia ou se cai no caos, onde há violência, desavença, confronto, medo...

È justamente nesse caos que Deus pergunta à consciência do homem: «Onde está o teu irmão Abel?». E Caim responde «Não sei. Acaso sou o guarda do meu irmão?» (Gn 4, 9). Esta pergunta também se dirige a nós, assim que também a nós fará bem perguntar: 

- Acaso sou o guarda do meu irmão? Sim, tu és o guarda do teu irmão! Ser pessoa significa sermos guardas uns dos outros! Contudo, quando se quebra a harmonia, se produz uma metamorfose: o irmão que devíamos guardar e amar se transforma em adversário a combater, a suprimir. Quanta violência surge a partir deste momento, quantos conflitos, quantas guerras marcaram a nossa história! Basta ver o sofrimento de tantos irmãos e irmãs. Não se trata de algo conjuntural, mas a verdade é esta: em toda violência e em toda guerra fazemos Caim renascer. Todos nós! E ainda hoje prolongamos esta história de confronto entre os irmãos, ainda hoje levantamos a mão contra quem é nosso irmão. Ainda hoje nos deixamos guiar pelos ídolos, pelo egoísmo, pelos nossos interesses; e esta atitude se faz mais aguda: aperfeiçoamos nossas armas, nossa consciência adormeceu, tornamos mais sutis as nossas razões para nos justificar. Como fosse uma coisa normal, continuamos a semear destruição, dor, morte! A violência e a guerra trazem somente morte, falam de morte! A violência e a guerra têm a linguagem da morte!

Depois do Dilúvio, cessou a chuva, surge o arco-íris e a pomba traz um ramo de oliveira. Penso também hoje naquela oliveira que os representantes das diversas religiões plantamos em Buenos Aires, na Praça de Maio, no ano 2000, pedindo que não haja mais caos, pedindo que não haja mais guerra, pedindo paz. 

3. E neste ponto, me pergunto: É possível percorrer o caminho da paz? Podemos sair desta espiral de dor e de morte? Podemos aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz? Invocando a ajuda de Deus, sob o olhar materno da Salus Populi romani, Rainha da paz, quero responder: Sim, é possível para todos! Esta noite queria que de todos os cantos da terra gritássemos: Sim, é possível para todos! E mais ainda, queria que cada um de nós, desde o menor até o maior, inclusive aqueles que estão chamados a governar as nações, respondesse: - Sim queremos! A minha fé cristã me leva a olhar para a Cruz. Como eu queria que, por um momento, todos os homens e mulheres de boa vontade olhassem para a Cruz! Na cruz podemos ver a resposta de Deus: ali à violência não se respondeu com violência, à morte não se respondeu com a linguagem da morte. No silêncio da Cruz se cala o fragor das armas e fala a linguagem da reconciliação, do perdão, do diálogo, da paz. Queria pedir ao Senhor, nesta noite, que nós cristãos e os irmãos de outras religiões, todos os homens e mulheres de boa vontade gritassem com força: a violência e a guerra nunca são o caminho da paz! Que cada um olhe dentro da própria consciência e escute a palavra que diz: sai dos teus interesses que atrofiam o teu coração, supera a indiferença para com o outro que torna o teu coração insensível, vence as tuas razões de morte e abre-te ao diálogo, à reconciliação: olha a dor do teu irmão – penso nas crianças: somente nelas... olha a dor do teu irmão, e não acrescentes mais dor, segura a tua mão, reconstrói a harmonia perdida; e isso não com o confronto, mas com o encontro! Que acabe o barulho das armas! A guerra sempre significa o fracasso da paz, é sempre uma derrota para a humanidade. Ressoem mais uma vez as palavras de Paulo VI: «Nunca mais uns contra os outros, não mais, nunca mais... Nunca mais a guerra, nunca mais a guerra! (Discurso às Nações Unidas, 4 de outubro de 1965: ASS 57 [1965], 881). «A paz se afirma somente com a paz; e a paz não separada dos deveres da justiça, mas alimentada pelo próprio sacrifício, pela clemência, pela misericórdia, pela caridade» (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, de 1976: ASS 67 [1975], 671). Irmãos e irmãs, perdão, diálogo, reconciliação são as palavras da paz: na amada nação síria, no Oriente Médio, em todo o mundo! Rezemos, nesta noite, pela reconciliação e pela paz, e nos tornemos todos, em todos os ambientes, em homens e mulheres de reconciliação e de paz. Assim seja."


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Fonte do texto acima reproduzido:
http://www.vatican.va/holy_father/francesco/homilies/2013/documents/papa-francesco_20130907_veglia-pace_po.html

Fonte da imagem:
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