Há valores na sociedade ou que precedem ao
Estado como hoje constituído ou que são naturalmente inerentes à pessoa humana. A religião é um desses valores. O Estado não a institui, mas, inevitavelmente, a reconhece, ou deveria reconhecê-la também na plenitude de suas manifestações culturais.
Ao contrário, um certo relativismo vai tomando conta da sociedade, e, progressivamente, vai
marginalizando da esfera pública a religião.
Atualmente, o que se passa - e de modo específico -, em Portugal bem revela nuance da face econômico-financeira do Estado. Em Portugal, não obstante possua um povo tradicionalmente católico, a solenidade de
Corpus Christi, ou do Santíssimo Sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, deixará de ser feriado nacional.
Evidencia-se que questões econômicas, como produção e consumo, se sobrepõem aos tradicionais valores da sociedade. Nessa vertente estatal, os dias festivos religiosos passam a assumir papel secundário na sociedade civil.
O Estado intervem para regular: corta feriado e, com tal medida, acrescenta mais um dia de produção e consumo de bens e serviços no ciclo anual. A economia (e a política a ela se dobra) dita o comportamento.
Elias Couto faz
restrições ao critério adotado para retirada do feriado como se feriado e dia santo (
dia festivo) tivessem a mesma equivalência. Não há um feriado que tanto pode ser civil quanto religioso com a mesma identidade de valor. O dia santo (dia festivo) não está condicionado à existência de feriado decretado pelo Estado. E afirma Elias Couto, "porque tais dias são "santos" (separados dos restantes) por razões que dizem respeito à vida da Igreja".
E, por fim, conclui o articulista: "O caminho escolhido foi outro e continuou de pé a ideia da equivalência entre "feriado" e "dia santo". Não admira, assim, se até os domingos deixam de ser tratados, por muitos católicos, como "dias santos". Com tanta gente a trabalhar aos domingos, haverá certamente católicos nessas circunstâncias. E para estes, na ausência do "feriado", não deve ser fácil viver o "dia santo", sobretudo quando a mesma Hierarquia da Igreja insiste na confusão entre um e outro."
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