segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Igreja: profissionalismo, serviço e santidade


 
O Papa Francisco está sempre surpreendendo. Agora, ele toca na administração da Igreja, especificamente, acerca das qualidades de quem serve na Cúria Romana.

No sábado (21/12/2013), ao discursar para os membros da Cúria Romana, por ocasião das felicitações de Natal, o Papa deixou claro três qualidades para quem serve na administração da Cúria (e isso, digo eu, se aplica também às dioceses, paróquias, capelas): profissionalismo, serviço e santidade.

Profissionalismo. Assenta-se numa base sólida de competência, estudo e atualização, sem o que se cai na mediocridade. O Papa afirma: Quando não há profissionalismo, lentamente vai-se escorregando para o nível da mediocridade.

Serviço. Sem este a igreja cai na burocracia, tudo se reduz a coisas estereotipadas. E sufoca a ação do Espírito Santo e o crescimento do povo de Deus. Ou, nas próprias palavras do Papa:

Por outro lado, quando o procedimento não é de serviço às Igrejas particulares e seus bispos, então cresce a estrutura da Cúria como uma alfândega pesadamente burocrática, inspectora e inquisidora, que não permite a acção do Espírito Santo e o crescimento do povo de Deus.

Santidade. Nesta passagem, o Papa diz:

A estas duas qualidades, profissionalismo e serviço, gostaria de acrescentar uma terceira, que é a santidade de vida. Bem sabemos que esta é a mais importante na hierarquia dos valores. Efectivamente, está na base também da qualidade do trabalho, do serviço. E quero reiterar aqui o que já mais de uma vez disse, publicamente, para agradecer ao Senhor: na Cúria Romana houve, e há, santos. Santidade significa vida imersa no Espírito, abertura do coração a Deus, oração constante, humildade profunda, amor fraterno nas relações com os colegas. Significa também apostolado, serviço pastoral discreto, fiel, realizado com zelo no contacto directo com o povo de Deus. Isto é indispensável para um sacerdote.

Aqui faço algumas reflexões próprias. O ideal de perfeição para a cultura grega era a busca do equilíbrio, da harmonia. Para o cristianismo, a santidade. E o cristianismo faz-se portador entre os gentios desse novo ideal: a santidade como ideal da perfeição.

Santidade é uma proximidade tão estreita com Deus, que leva o apóstolo Paulo a afirmar: Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gal 2,20)

Por fim, sabemos que mais coisas virão, e por conta do Conselho de Cardeais nomeado pelo Papa Francisco para ajudá-lo na reforma da Cúria Romana e no governo da Igreja universal (mais detalhes clique aqui). Como o nome diz a reforma não se restringe à Cúria, mas a toda Igreja, inclusive à particular.

O entendimento que normalmente se faz da figura do Papa deve mudar conforme diz o próprio Papa Francisco, "pois o Papa deve ser, como pretende Bergoglio, bispo de Roma e não um monarca vaticano." (mais detalhes clique aqui).

Texto completo do discurso (em português) e vídeo podem ser conferidos aqui.


Fonte da imagem:
http://pt.radiovaticana.va/news/2013/12/21/papa_francisco_%C3%A0_c%C3%BAria_romana:_profissionalismo,_servi%C3%A7o_e_santidade/bra-757703

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