sexta-feira, 6 de julho de 2007

A Sucessão no Vaticano

Um bom livro no mercado: A Sucessão no Vaticano, escrito pelo jornalista Wellington Miareli Mesquita, publicado este ano pela Editora Lindscape, já em segunda edição.

O autor está credenciado para tanto. É jornalista graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e pós-graduado em Filosofia Social pela Pontifícia Universidade Urbaniana, em Roma. Trabalhou no programa brasileiro da Rádio Vaticano, em Roma.

O livro abrange os últimos dias do Papa João Paulo II, sua morte e funeral; o conclave para eleição do novo papa; a eleição do Cardeal Joseph Ratzinger - Bento XVI; início do pontificado de Bento XVI e os primeiros passos do novo Papa.

É um livro de leitura atraente. Contém algumas fotografias em preto e branco. Dá vontade de lê-lo de fio a pavio o mais rápido possível. Há termos que, para o público em geral, mereceriam algumas notas de rodapé explicativas, como, por exemplo, Trophaeum Apóstolico, não obstante o livro de 192 páginas já contenha considerável número de notas (157).

Na página 120, ao enumerar cardeais eleitores por área geográfica (abril de 2005) e por país, parece-me que houve um equívoco: se se aponta 58 cardeais eleitores para a Europa, não se poderia apontar igual número (por país) para a Itália, sendo que Espanha e Alemanha aparecem com 6 cardeais eleitores cada um, França, 5, e Polônia, 3. Ou o número é maior por área geográfica (Europa) e ou é menor por país (Itália).

Esses senões não obscurecem, de maneira alguma, a qualidade do livro.

Ao lê-lo você saberá, por exemplo, que João Paulo II, a princípio, em 1982, deixava em aberto a possibilidade de ser enterrado na Polônia, questão a ser decidida pelo Colégio Cardinalício, pelo metropolita de Cracóvia e pelo Conselho Geral do Episcopado da Polônia. Mas, dois anos depois, o Papa mudou de idéia, deixando a escolha do lugar do enterro a cargo exclusivo do Colégio Cardinalício (página 68).

Saberá que o Cardeal Ratzinger, agora Bento XVI, gosta de plantas e de gatos. Ele tinha em seu apartamento suas plantas e seu gato de estimação (página 162).

E saberá mais: no encontro na Universidade de Regensburg, na segunda viagem de Bento XVI à Alemanha, ao mencionar o diálogo entre o imperador bizantino Manuel II Paleólogo e um sábio persa, lá pelo século XIV, o Papa visava endereçar um recado claro a todos os fundamentalistas, inclusive cristãos. "As agências de notícias deram destaque à citação do papa omitindo todo o contexto em que foi proferida, esquecendo-se, por exemplo, de dizer que o próprio pontífice classificou como brusco e pesado o modo que o imperador se expressou" (página 185).

Por fim a mensagem de esperança do Cardeal Carlo Maria Martini: "Estou certo de que Bento XVI nos reservará muitas surpresas a respeito dos estereótipos com os quais foi definido às pressas" (página 154).

E, com certeza, uma das surpresas foi a visita de Bento XVI ao Brasil, deixando sua marca de simpatia e simplicidade, bem diferente do sisudo homem guardião da ortodoxia (ao menos era assim que boa parte da mídia o estereotipava).

Pois bem, o livro está aí. E boa leitura.

Leia também:
Bento XVI se assemelha com os "Padres da Igreja"

2 comentários:

Anônimo disse...

Lembrando toda a confusão criada em torno das palavras de Bento XVI na Universidade de Regensburg, a gente nota que existe muita má-vontade de parte da imprensa em relação ao Papa. Na verdade, ele manifestou repúdio a todos os fundamentalistas.

Realmente, a visita ao Brasil mostrou um Papa simples, simpático e com aquele jeito meio atrapalhado e acanhado típico dos tímidos.

Legal saber que ele gosta de gatos! :-)

Guedes disse...

Joseph Ratzinger, agora Bento XVI, é uma autoridade em Teologia. Renomado professor. Suas palavras e escritos despertam a atenção. E quem atrai a atenção está sujeito a apreciações subjetivas, nem sempre refletindo o pensamento por inteiro do expositor. Recorta-se o que interessa para a maior repercussão na mídia, em detrimento da verdade. E Bento XVI é vítima disso.

Bento XVI é homem espirituoso e, como tal, é simples, humilde...

Gostar de animais, como gatos, é sinal de abertura à natureza.

É gostoso saber que o Papa tem um gato de estimação.