Pálio é uma entre outras palavras do latim que fazem parte do patrimônio linguístico da religião católica. Vem de pallium, palavra com a qual se designava o "casaco retangular romano" (1).
O pálio, em forma de toldo (feito de tecido com franjas nas bordas), com quatro ou seis hastes, é geralmente usado na procissão de Corpus Christi (primeira imagem). Neste caso, o pálio simboliza a dignidade régia de Cristo. E o pálio, em forma de tira circular (colar), com duas faixas pendentes, uma sobre o peito e outra sobre as costas, é, originalmente, de uso do Papa, com seis cruzes. É deste que nos ocuparemos a partir de agora (segunda imagem).
Atualmente, o Papa concede o pálio somente aos arcebispos metropolitanos, designados simplesmente metropolitas (de metróple, cidade-padrão ou cidade principal de uma região), cujo pedido deve feito ao Papa como estabelecido pelo cânone n. 437 do Código de Direito Canônico (2). Por isso, denomina-se pálio arcebispal, com as seis cruzes bordadas em lã preta (para o pálio do Papa as seis cruzes podem ser pretas ou vermelhas). Faz sentido que o Papa use pálio distinto daqueles por ele conferidos aos arcebispos, como o fez recentemente Bento XVI: pálio mais comprido, com as seis cruzes em vermelho, e faixas pendentes com pontas de seda preta.
É o símbolo do poder dos arcebispos metropolitanos dentro da chamada província eclesiástica (agrupamento de dioceses vizinhas) e de comunhão com o Papa. É pessoal e intransferível. Se o Arcebispo mudar para outra sede metropolitana, necessitará de novo pálio, conforme rege o mesmo Código, em seu canône n. 437, parágrafo 3º.
O Papa concede também o pálio ao Patriarca Latino de Jerusalém.
O pálio só pode ser usado nas celebrações litúrgicas. O Papa pode usá-lo em qualquer parte do globo, em razão do poder de jurisdição universal que ele detém. O Arcebispo pode usá-lo em todas as igrejas da província eclesiástica por ele presidida, porém não fora do território da província.
O pálio é confeccionado pelas monjas beneditinas do Mosteiro de Santa Cecília, em Roma. É feito com lã branca de cordeiros, que são ofertados anualmente ao papa pelas jovens romanas, na festa de Santa Inês (21 de janeiro). Os pálios, em número correspondente aos novos arcebispos metropolitanos, são abençoados pelo Papa nas Primeiras Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo e são conservados em uma urna especial no Altar da Confissão da Basílica Vaticana (onde estão as relíquias do Apóstolo São Pedro). E, no dia seguinte, na celebração da solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo (29/6), são impostos (entregues) aos arcebispos pelo Papa.
O simbolismo do pálio é significativo. Tecido com lã de cordeiro simboliza a ovelha perdida. Posto o pálio sobre os ombros simboliza o pastoreio, ação própria do pastor: carregar a ovelha frágil, doente.
No tocante ao simbolismo do pálio, é sugestivo reler a homilia de Sua Santidade Bento XVI, por ocasião da celebração da Santa Missa para início do Ministério Petrino do Bispo de Roma, em 24 de abril de 2005.
(1) cf. Pequeno Vocabulário Litúrgico, org. por A. Nosetti e C. Cibien, in Dicionário de Liturgia, org. por Domenico Sartore e Achille M. Triacca, São Paulo, Paulus, 2ª ed., 2001, p. 1272.
(2) Cân. 437 - § 1. O Metropolita, dentro do prazo de três meses após a recepção da consagração episcopal, ou, se já tiver sido consagrado, após a provisão canônica, tem a obrigação de pedir ao Romano Pontífice, por si mesmo ou por procurador, o pálio, com o qual se indica o poder de que está revestido o Metropolita na própria província, em comunhão com a Igreja Romana.
§ 2. De acordo com as leis litúrgicas, o Metropolita pode usar o pálio dentro de qualquer igreja da província eclesiástica a que preside, mas de modo nenhum fora desta, nem mesmo com o consentimento do Bispo diocesano.
§ 3. O Metropolita, se for transferido para outra sede metropolitana, precisa de novo pálio.
Fonte da primeira imagem: http://www.embuguacu.sp.gov.br/
Fonte da segunda imagem: http://tribunapopular.wordpress.com/
3 comentários:
Achei bem interessante o post!
Achei bacana saber que até o material do qual é feito o pálio tem um sentido. Nada é por acaso!
A religião católica tem muitos símbolos. A força do símbolo é a saúde da religião. O Papa Bento XVI, desde o início do pontificado, tem trabalhado nesse sentido: recuperar os símbolos, fazendo excelentes catequeses.
Gostei muito do conteudo do blog. Parabens!
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