Em latim se escreve missa, que nada mais é do que uma substantivação de missus, particípio passado do verbo mittere. Aquilo que era verbo no particípio passado passa a ser substantivo no gênero feminino.
Em português, missa. Como se escreve em latim.
O verbo mittere significa, em português, deixar ir, deixar partir. Em sentido figurado, significa mandar, enviar.
A palavra missa era usada para indicar a despedida ao fim de qualquer reunião religiosa.
Com o tempo, como se verá, o sentido do vocábulo missa se amplificou, de modo a compreender toda a celebração. Do pouco (despedida) passou a designar o muito (o culto todo).
A evolução para a aplicação da palavra missa com o objetivo de designar a celebração eucarística no conjunto todo remonta ao fim do século V e início do século VI.
Repetindo, é entre o fim do século V e o início do século VI que se torna costumeiro indicar com o termo missa a união da liturgia da palavra e da liturgia eucaristíca, que formam, com os ritos iniciais e os de encerramento, a celebração eucarística (missa).
A expressão Ite, Missa est (da antiga missa em latim), que uns traduzem como "ide, (as preces) foram enviadas" [1], mas que, em verdade, o então Cânon da Missa do Missal Quotidiano traduz por "Ide, a missa terminou", é hodiernamente considerada uma expressão dita "pastoral", no sentido de "missão confiada àqueles que participaram da eucaristia" [2]. Nessa linha, se situa o Catecismo da Igreja Católica, a "Santa Missa (...) termina com o envio dos fiéis ("missio") para que cumpram a vontade de Deus na sua vida cotidiana" (n. 1332).
Anote-se que a palavra latina missio, empregada pelo Catecismo, é da família do verbo mittere (acima mencionado). Missio traz a idéia de despedida e de envio.
A expressão Ite, Missa est não deixa de ser parte do rito de despedida, com o qual se desfaz, se dissolve a assembléia. E o atual Missal Romano, em português, implantado a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965), tem a seguinte versão: "Ide em paz, e o Senhor vos acompanhe".
Não obstante alguns Padres da Igreja considerarem a pobreza do termo missa para expressar "aquilo que constitui o centro da vida cristã" (S. Gregório Magno e S. Cesário de Arles) [3], o Catecismo da Igreja Católica vê nessa palavra e em tantas outras que: "A riqueza inesgotável deste sacramento [da Eucaristia] exprime-se nos diversos nomes que lhe são dados. Cada uma destas expressões evoca alguns de seus aspectos" (n. 1328).
[1] Antônio Geraldo da Cunha, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, Lexikon Editora Digital, 3ª edição, 2007, p. 524.
[2] cf. A. Nocent, história da celebração da eucaristia, in A Eucaristia teologia e história da celebração, de S. Marsili, A. Nocent, M. Augé, A.J. Chupungco, coleção Anámnesis 3, tradução de Benôni Lemos, São Paulo, Editora Paulus, 2ª edição, 1996, p. 206.
[2] cf. A. Nocent, história da celebração da eucaristia, in A Eucaristia teologia e história da celebração, de S. Marsili, A. Nocent, M. Augé, A.J. Chupungco, coleção Anámnesis 3, tradução de Benôni Lemos, São Paulo, Editora Paulus, 2ª edição, 1996, p. 206.
[3] cf. A. Nocent, Obra citada, p. 206.
Imagem: "Os discípulos de Emaús" (1601), de Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610). Fonte: www.nationalgallery.org.uk
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