segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Hoje nasceu o Salvador

Da boca do anjo, que aparece aos pastores, continua ressoando aos nossos ouvidos aquela mensagem fora do comum, misteriosa e única: "Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!" (Lc 2, 10-11)

Depois do anúncio e dos louvores celestiais, Lucas descreve a posição dos pastores: "Quando os anjos se afastaram deles, para o céu, os pastores disseram uns aos outros: "Vamos a Belém, para ver a realização desta palavra que o Senhor nos deu a conhecer". Foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Quando o viram, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino. Todos os que ouviram os pastores ficavam admirados com aquilo que contavam. Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração. Os pastores retiraram-se, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que lhes tinha sido dito." (Lc 2, 15-20)

Foi o primeiro e único Natal, que se torna atual, presente, pela liturgia celebrada. E os pastores nos ensinam como celebrá-lo.

O Natal de Jesus não é um natal desprogramado. Não, ele foi anunciado e preparado ao longo da Antiga Aliança, e aí se destaca, entre tantas, a figura do profeta Isaías. Nos últimos tempos um chamado forte e contudente é feito pelo profeta João, o Batista.

Hoje, o Natal de Jesus continua sendo anunciado e preparado, e é feito ao longo de um período chamado de tempo do advento.

Hoje "nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!". O "hoje" é a atualidade. É como se dissesse: 'A cada dia nasce para vós o Salvador'. É o novo entrando na história. E nasceu não para si mesmo ou para a sua família, mas sim para todos: "para vós". O nascimento colhe a todos, em qualquer tempo, lugar ou situação. Na figura dos pastores podemos divisar não só o povo judeu mas também todos aqueles que, mesmo ocupados com os seus afazeres necessários do dia-a-dia, acolhem o Cristo como centro determinante de sua opção de vida.

"Vamos a Belém, para ver a realização desta palavra que o Senhor nos deu a conhecer". A Palavra, o Verbo de que fala o apóstolo João, agora se torna carne, ou seja, veste-se da natureza humana, para gestar em ventre de mulher (Maria), nascer em tempo e lugar determináveis, para viver pisando o mesmo solo de seus conterrâneos, morrer e ressuscitar. Aqui se faz uma leitura deste trecho ao plano da liturgia eucarística: ouvir e conhecer a Palavra é o primeiro e fundamental passo; em sequência, achegar-se da Palavra realizada, e ver com os olhos da fé.

Nesta noite, assim como os pastores, somos convocados a ir até Belém, e vamos hoje, com os nossos pés litúrgicos, para inteirar-se da Palavra que nos é dada a conhecer de forma privilegiada na liturgia, e ver a Palavra realizada sob as espécies do pão e do vinho. E dialogar, posto que os pastores, quando viram o Menino Jesus, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino.

Mas, o Natal de Jesus gera compromisso. A Novidade anunciada precisa ser multiplicada: "Todos os que ouviram os pastores ficavam admirados com aquilo que contavam". Admirados, e diante do Mistério, o homem se cala, silencia: "Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração." Maria, mais do qualquer outro ser humano, fora tabernáculo do Verbo, que nesta noite se faz carne e habita entre nós.

E, por tudo, Deus há de ser louvado e glorificado na vida diária, motivando a tanto a mensagem do Papa Bento XVI: "O Menino, a quem, há dois mil anos, os pastores adoraram em uma gruta na noite de Belém, não se cansa de visitar-nos na vida cotidiana, enquanto como peregrinos nos encaminhamos para o Reino".


Feliz e Santo Natal!


Fonte da primeira imagem:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/1753_caravaggio/page5.shtml

Fonte da segunda imagem:
http://www.franciscanos.org.br/carisma/cartilha/07.php

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