domingo, 4 de maio de 2008

Triságio: aclamação trinitária

Triságio é uma palavra de origem grega (triságion), em latim trisagium, que faz parte da liturgia cristã [1]. Significa "três vezes santo".

O triságio encontra suas raízes lá no Antigo Testamento, no livro de Isaías, capítulo 6, versículo 3: "Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos, a terra inteira está repleta de sua glória." [2]

Na Sexta-Feira Santa, nos Lamentos do Senhor da Celebração da Paixão do Senhor (Missal Romano, páginas 262-263), encontramos traços que expressam o triságio:

"Deus Santo,
Deus forte,
Deus imortal,
tende piedade de nós!"

Na liturgia oriental, o triságio aparece no rito da palavra, na pequena entrada, como se pode notar da Divina Liturgia de São João Crisóstomo. O sacerdote recita a Oração do Hino do Triságio, e é concluída com o canto:

"Santo Deus, Santo poderoso, Santo imortal, tem piedade de nós! (3 vezes).
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre, pelos séculos dos séculos. Amém! Santo imortal, tem piedade de nós!
Santo Deus, Santo poderoso, Santo imortal, tem piedade de nós!"

A Divina Liturgia corresponde para nós, do rito latino, à Missa (celebração da Eucaristia).

E o triságio também está presente na Missa. Está, na parte denominada liturgia eucarística, ou mais especificamente no Prefácio (que é a primeira parte da prece eucarística), que se conclui pela aclamação do triságio (cantado ou recitado): Sanctus, Sanctus, Sanctus:

"Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!
O céu e a terra proclamam a vossa glória.
Hosana nas alturas!
Bendito o que vem
em nome do Senhor!
Hosana nas alturas!" [3]

O triságio, que deita raízes na liturgia judaica, aparece, documentado, em As Constituições Apostólicas (compostas no século IV), Livro VIII, Liturgia Eucarística: A Oração de Oblação, n. 12:27 - Introdução ao Sanctus: "Santo, Santo, Santo, o Senhor do universo; o céu e a terra estão cheios da sua glória, bendito és Tu pelos séculos. Amen" [4].

Inicialmente, o triságio, que é uma aclamação que provém de Isaías 6, 3, era lido em termos cristológicos (referente apenas a Cristo), como presente no Concílio Ecumênico de Calcedônia, realizado em 451, e, posteriormente, foi ampliada a sua compreensão e é lido em dimensão trinitária (referente ao Deus Trino: Pai, Filho e Espírito Santo).


[1] Dicionário de Liturgia, de Ricardo Pascual Dotro e Gerardo García Helder, tradução de Gilmar Saint'Clair Ribeiro, São Paulo, Edições Loyola, 2006, pág. 165, registra: "Triságio (do grego tris, três, e hagios, santo: três vezes santo): Aclamação de louvor trinitária. (...)"

[2] Bíblia Sagrada, tradução da CNBB, 2ª edição, 2002, página 862.

[3] Missal Romano, tradução da 2ª edição típica para o Brasil realizada e publicada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil com acréscimos aprovados pela Sé Apostólica, São Paulo, Editora Paulus, 6ª edição, 1999, página 405 (Rito da Missa Celebrada com o Povo).

[4] Antologia Litúrgica: Textos Litúrgicos, Patrísticos e Canônicos do Primeiro Milênio, recolha de textos, tradução e organização de José de Leão Cordeiro, Fátima (Portugal), Secretariado Nacional de Liturgia, n. 1615, pp. 433-4.


Fonte da primeira imagem:
http://www.centrotrinitario.com.ar/solemnidad%20santisima%20trinidad.htm

Fonte da segunda imagem:
http://www.altotaquari-mt.com.br/cidade/21%20anos%20048.jpg

2 comentários:

Anônimo disse...

O texto está muito bom e bonito, As explicações tb. Contudo falta a oração, contexto para essa aclamação: Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal, tende piedade de nós!.Daí ficaria mais completo.

Guedes disse...

Agradeço-lhe a visita e o comentário.


Abraço,
Guedes.