sábado, 17 de setembro de 2011

O leitor na Missa



Nos dias de hoje, o leitor está em cena por obra do Concílio Vaticano II (1962-1965), o evento de maior relevância na vida da Igreja, no século XX. Isso não quer dizer que o leitor estivesse desde sempre fora do cenário da Igreja. Ao contrário, nos primaveris tempos do cristianismo nascente, o leitor estava no centro da vida litúrgica - e como estava! Mas, por muitos séculos, foi colocado no limbo do esquecimento.

Típico leitor do cristianismo primitivo foi, por exemplo, Justino (século II d.C.), que legou para as gerações cristãs futuras a descrição da celebração eucarística, cuja moldura continua atual.

Modelo de leitor foi o próprio Jesus. Era sábado, Jesus estava em Nazaré. Como sempre fazia, ele entrou na sinagoga para participar da liturgia judaica. Jesus levanta-se para fazer a leitura das Escrituras, entregam-lhe o livro do profeta Isaías. Jesus abriu o livro  em Is 61, 1-2. Proclamou. Enrolou o livro e o entregou ao responsável. Sentou-se. Todos tinham o olhar fixo nele (Lc 4, 16-21).

Aí, com Jesus, estão presentes duas maneiras de comunicação: a verbal (leitura) e a não verbal (corporal). Dessa forma, ele conseguiu atrair para si as atenções, ou melhor, uma escuta muita atenta por parte da comunidade reunida ao que estava sendo anunciado.

A palavra proclamada lhe valeu a incomum atenção auditiva e visual da assembléia sinagogal,  porque sua comunicação foi plena, sem ruídos. A palavra proclamada (e por quem a proclamou) cativou a comunidade.

É requisito para o leitor a interiorização do texto a ser lido, com a captação do conteúdo da mensagem e da sua forma literária, e o treinamento em voz alta e pausada, de maneira a habilitá-lo a proclamar (do latim, pro + clamare = anunciar pública e solenemente diante de).

Feito isso, o leitor cuida da sua postura - a apresentação pessoal, o caminhar, sentar ou levantar, o escutar ou silenciar. São gestos do corpo que falam, que comunicam. Para tudo há momento, já diz o Eclesiastes (Ecl 3, 1-8).

A proclamação faz-se diretamente do livro litúrgico denominado lecionário, no ambão.

A espiritualidade do leitor se alimenta da própria Palavra e crescerá na medida em que vivenciar Jesus como paradigma (Lc 4, 16-21), Caminho, e recorrer às fontes da liturgia cristã. E também por esforçar-se em seguir as técnicas apropriadas de leitura em público.

 Na ordem de que o leitor é o primeiro a ter contato com a Palavra, ele se coloca como o primeiro destinatário, receptor da mensagem. Ao texto ele dá vida, e o anuncia sempre como novidade.

Afinal, passar de bom para excelente leitor.


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Fonte da imagem: http://www.nsrainha.com/interno/index.php?sid=456

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