quinta-feira, 7 de março de 2013

20 momentos mais importantes do Pontificado de Bento XVI



Particularmente, a viagem de Bento XVI ao Brasil foi o momento condutor que me estimulou a criar este blog. Com esta viagem, nasceu concretamente o blog e postei pela primeira vez, em 7 de maio de 2007, sob o título Bento XVI em visita pastoral.

Bento XVI, eleito Papa em 19 de abril de 2005, iniciou o seu pontificado no dia 25 de abril de 2005 e o encerrrou no dia 28 de fevereiro de 2013, às 20,00 horas de Roma (16,00 horas de Brasília).

Da vasta atividade do Papa Bento XVI durante os seus sete anos e dez meses de pontificado, destaquei alguns momentos (importantes todos o são) e, com a leitura que se faz a partir da declaração de renúncia, alguns (viagens apostólicas na Itália) até com possível conotação a ela. Tentei organizá-los cronologicamente.

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1. Início do ministério petrino. Na sua homilia da celebração da Santa Missa - para imposição do Pálio e entrega do anel de pescador para o início do ministério petrino do Bispo de Roma, Bento XVI assim se dirigiu a todos:

"Queridos amigos! Neste momento não temos necessidade de apresentar um programa de governo. Alguns aspectos daquilo que eu considero minha tarefa, já tive ocasião de os expor na mensagem de quarta-feira 20 de Abril; não faltarão outras ocasiões para o fazer. O meu verdadeiro programa de governo é não fazer a minha vontade, não perseguir ideias minhas, pondo-me contudo à escuta, com a Igreja inteira, da palavra e da vontade do Senhor e deixar-me guiar por Ele, de forma que seja Ele mesmo quem guia a Igreja nesta hora da nossa história. Em vez de expor um programa, gostaria simplesmente de procurar comentar os dois sinais com os quais é representada liturgicamente a assunção do Ministério Petrino; contudo, estes dois sinais reflectem também exactamente o que é proclamado nas leituras de hoje."

Tanto na mensagem de 20 de abril de 2005 quanto na homilia de 24 de abril, Bento XVI expressou que, no exercício do ministério petrino, sua vontade e suas idéias não estavam acima da luz de Cristo. "O meu verdadeiro programa de governo é não fazer a minha vontade, não perseguir ideias minhas, pondo-me contudo à escuta, com a Igreja inteira, da palavra e da vontade do Senhor e deixar-me guiar por Ele, de forma que seja Ele mesmo quem guia a Igreja nesta hora da nossa história" - afirmou o Papa.

Ou, como disse, na citada mensagem de 20 de abril de 2005: "Ao empreender o seu ministério o novo Papa sabe que a sua tarefa é fazer resplandecer aos olhos dos homens e das mulheres de hoje a luz de Cristo: não a sua, mas a verdadeira luz do próprio Cristo."

Bento XVI usou da sua experiência como professor que fora, para ensinar aos católicos o sentido dos sinais ou símbolos litúrgicos, e o fazia sempre que se lhe oferecia oportunidade.

Já fica claro, desde esses primeiros pronunciamentos, que Bento XVI conferiu realce ao ministério petrino no sentido de serviço - de um humilde servo da vinha do Senhor.

Ficheiro:WJT 3.JPG2. Viagem Apostólica à Colônia (Alemanha) por ocasião da XX Jornada Mundial da Juventude, realizado de 18 a 21 de agosto de 2005. Foi a primeira viagem fora da Itália, e, precisamente, uma viagem para o seu país natal. Esta viagem estaria a cargo do Papa João Paulo II, se não fosse a sua morte em 2 de abril de 2005.

Destaco alguns pronunciamentos que o Papa Bento XVI fez em Colônia, sempre relacionados à juventude, como, por exemplo, discurso na festa de acolhimento dos jovens, discurso à comunidade hebraica, discurso aos seminaristas, homilia da Santa Missa na Esplanada de Marienfeld.

Entre os vários temas presentes nos pronunciamentos, ainda ressalto a preocupação pastoral com a perda do sentido do Domingo - Dia do Senhor,  que, junto com o Sábado, é substituído pelo week-end ("fim de semana"). Neste aspecto nada melhor do que as próprias palavras do Papa na homilia da Missa na Esplanada de Marienfeld, Domingo (21 de agosto de 2005):

"É belo que hoje, em muitas culturas, o domingo seja um dia livre ou, juntamente com o sábado, constitua até o chamado "fim-de-semana" livre. Contudo, este tempo livre permanece vazio se nele não está Deus. Queridos amigos! Algumas vezes, num primeiro momento, pode parecer bastante incômodo ter que programar no domingo também a Missa. Mas se vos empenhardes, verificareis depois que é precisamente isto que dá o justo centro ao tempo livre. Não vos deixeis dissuadir de participar na Eucaristia dominical e de ajudar também os outros a descobri-la."

E muito mais pode ser conferido na programação aqui.

3. Carta Encíclica Deus Caritas Est. No primeiro ano do pontificado, no dia 25 de dezembro de 2005, o Papa assina a sua primeira encíclica Deus é amor. O apóstolo João, em sua primeira Carta já dissera que Deus é amor (1Jo 4,8). O Papa afirma: "Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo." A novidade, para começar, está em enfrentar o problema de linguagem que hoje assumiu o termo "amor".

4. Viagem Apostólica a München, Altötting e Regensburg (Alemanha, 9-14 de setembro de 2006).

Entre os muitos pronunciamentos, destaco a Aula Magna da Universidade de Regensburg, no Encontro com os Representantes das Ciências, em 12 de setembro de 2006, versando sobre fé, razão e universidade: recordações e reflexões.

Esta Aula ficou bastante conhecida por conta da errônea interpretação de trecho tomado isoladamente, fora do contexto, como ofensivo ao Islão.

O texto tem que ser lido no contexto de fé e razão, com citações históricas (e não citações próprias). Assim se referiu o Papa Bento XVI no início dessa parte da Aula Magna: "Tudo isto me voltou à mente, quando recentemente li a parte – publicada pelo professor Theodore Khoury (Münster) – do diálogo que o douto imperador bizantino Manuel II Paleólogo teve com um persa erudito sobre cristianismo e islão e sobre a verdade de ambos, talvez durante os acampamentos de inverno no ano de 1391 em Ankara."

Para mais e outros pronunciamentos (discursos ou homilias), conferir a programação aqui.

5. Viagem ao Brasil por ocasião da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe (9 a 14 de maio de 2007). Aqui, o Papa deixou a marca do seu lado pastoral.

Os objetivos da viagem estão na saudação e benção aos fiéis presentes (sacada do Mosteiro São Bento, em São Paulo, 9/7/2007, quarta-feira): abertura da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho e canonização de Frei Galvão.

Destaco o discurso no encontro com os jovens, homilia da Santa Missa e canonização de Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, discurso no encontro e celebração das vésperas com os Bispos do Brasil, discurso no encontro com a comunidade (Fazenda da Esperança), discurso na sessão inaugural dos trabalhos da 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe.

Na Fazenda da Esperança, Bento XVI, referindo-se à maldade daqueles que comercializam drogas, declarou:

"Vocês devem ser os embaixadores da esperança! O Brasil possui uma estatística, das mais relevantes, no que diz respeito à dependência química de drogas e entorpecentes. E a América Latina não fica atrás. Por isso, digo aos que comercializam a droga que pensem no mal que estão provocando a uma multidão de jovens e de adultos de todos os segmentos da sociedade: Deus vai-lhes exigir satisfações. A dignidade humana não pode ser espezinhada desta maneira. O mal provocado recebe a mesma reprovação dada por Jesus aos que escandalizavam os “pequeninos”, os preferidos de Deus (cf. Mt 18, 7-10)."

E muito mais pode ser conferida na programação aqui.


6. Motu Proprio Summorum Pontificum sobre a "Liturgia romana anterior à reforma de 1970", datado de 7 de julho de 2007, trata da licitude da celebração da Missa, ou celebração da Eucaristia, na versão do Missal Romano promulgado pelo Papa Pio V e novamente promulgado pelo Papa João XXIII, em 1962. O Motu Proprio, em tradução não oficial para o português feita pela Agência Zenit, pode ser lido aqui.

7. Carta Encíclica Spe Salvi sobre a Esperança Cristã, assinada em 30 de novembro de 2007.

Saliento esta passagem que chama a cada um à sua própria reflexão, posto que, como diz o Papa, "uma esperança que não me diga respeito a mim pessoalmente não é sequer uma verdadeira esperança".

"30. Façamos um resumo daquilo que emergiu no desenrolar das nossas reflexões. O homem, na sucessão dos dias, tem muitas esperanças – menores ou maiores – distintas nos diversos períodos da sua vida. Às vezes pode parecer que uma destas esperanças o satisfaça totalmente, sem ter necessidade de outras. Na juventude, pode ser a esperança do grande e fagueiro amor; a esperança de uma certa posição na profissão, deste ou daquele sucesso determinante para o resto da vida. Mas quando estas esperanças se realizam, resulta com clareza que na realidade, isso não era a totalidade. Torna-se evidente que o homem necessita de uma esperança que vá mais além. Vê-se que só algo de infinito lhe pode bastar, algo que será sempre mais do que aquilo que ele alguma vez possa alcançar. Neste sentido, a época moderna desenvolveu a esperança da instauração de um mundo perfeito que, graças aos conhecimentos da ciência e a uma política cientificamente fundada, parecia tornar-se realizável. Assim, a esperança bíblica do reino de Deus foi substituída pela esperança do reino do homem, pela esperança de um mundo melhor que seria o verdadeiro « reino de Deus ». Esta parecia finalmente a esperança grande e realista de que o homem necessita. Estava em condições de mobilizar – por um certo tempo – todas as energias do homem; o grande objectivo parecia merecedor de todo o esforço. Mas, com o passar do tempo fica claro que esta esperança escapa sempre para mais longe. Primeiro deram-se conta de que esta era talvez uma esperança para os homens de amanhã, mas não uma esperança para mim. E, embora o elemento « para todos » faça parte da grande esperança – com efeito, não posso ser feliz contra e sem os demais – o certo é que uma esperança que não me diga respeito a mim pessoalmente não é sequer uma verdadeira esperança. E tornou-se evidente que esta era uma esperança contra a liberdade, porque a situação das realidades humanas depende em cada geração novamente da livre decisão dos homens que dela fazem parte. Se esta liberdade, por causa das condições e das estruturas, lhes fosse tirada, o mundo, em última análise, não seria bom, porque um mundo sem liberdade não é de forma alguma um mundo bom. Deste modo, apesar de ser necessário um contínuo esforço pelo melhoramento do mundo, o mundo melhor de amanhã não pode ser o conteúdo próprio e suficiente da nossa esperança. E, sempre a este respeito, pergunta-se: Quando é « melhor » o mundo? O que é que o torna bom? Com qual critério se pode avaliar o seu ser bom? E por quais caminhos se pode alcançar esta « bondade »?"

8. Viagem Apostólica aos Estados Unidos da América e visita à sede da Organização das Nações Unidas (15-21 de abril de 2008).

Em todas as viagens, Bento XVI tem mantido encontros ecumênicos. Mas, nesta, os encontros ganharam mais corpo, mais ressonância nos meios de comunicação: Encontro com os representantes de outras religiões, no Centro Cultural Pope John Paul II em Washington, D.C., no dia 17 de abril de 2008 (quinta-feira); Encontro com a Comunidade Judaica, em 17 de abril de 2008 (quinta-feira), com a entrega da Mensagem à comunidade judaica na Festa de Pesah; Encontro com os representantes da comunidade judaica, na Sinagoga do Park East, Nova Iorque, em 18 de abril de 2008 (sexta-feira); Encontro Ecumênico, na Igreja de São José, Nova Iorque, em 18 de abril de 2008 (sexta-feira).

Bento XVI orou no Marco Zero como bem ilustra a foto abaixo. Um momento de reflexão e de espiritualidade.


Este blog teve a oportunidade de postar alguns momentos da passagem do Papa pelos Estados Unidos, assim posso destacar a matéria postada sob o título Abraçar uma cultura de justiça e verdade.

Entre as variedades de discursos, homilias, registro o Discurso de Bento XVI no Encontro com os Membros da Assembléia Geral das Nações Unidas, Nova Iorque, em 18 de abril de 2008 (sexta-feira).

E muito mais pode ser conferida na programação aqui.

9. Viagem Apostólica a Sidney (Austrália) por ocasião da XXIII Jornada Mundial da Juventude (12-21 de julho de 2008).

Para comunicar-se com a juventude, Bento XVI usou as mensagens via celular - SMS (short message service, em português "serviço de mensagens curtas"). Foi muito interessante!

O tema da Jornada foi: "Recebereis a força do Espírito Santo, que virá sobre vós, e sereis minhas testemunhas" (Act 1, 8). A centralidade da Jornada foi o Espírito Santo.

E muito mais pode ser conferida na programação aqui.

10. Viagem Apostólica à França por ocasião do 150º aniversário das aparições de Lourdes (12-15 de setembro de 2008).

Aqui quero destacar o Discurso no Collège des Bernardins, Paris, por ocasião do Encontro com o Mundo da Cultura, em 12 de setembro de 2008, e Homilia da Santa Missa no 150º Aniversário das Aparições, Prairie, Lourdes, domingo, 14 de setembro de 2008.

Para mais detalhes desta viagem, pronunciamentos (discursos e homilias), conferir a programação aqui.

11. Peregrinação à Terra Santa (8-15 de maio de 2009).

Estar na Terra Santa é manter o contato físico com tudo aquilo que lembra a presença de Jesus de Nazaré. Terra berço do cristianismo.

Bento XVI esteve em diversos lugares, participou de muitos encontros, visitas, celebrações, pronunciamentos e homilias. E muito mais pode se conferido aqui.

12. Carta Encíclica Caritas in Veritate sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade, assinada em 29 de junho de 2009.

Dela já cuidei, ligeiramente, em duas oportunidades: aqui e ali.

É a terceira e última Encíclica do pontificado de Bento XVI, conquanto haja rumores de que uma quarta Encíclica sobre a Fé estava em preparo.

Bento XVI confessa:

"Estou ciente dos desvios e esvaziamento de sentido que a caridade não cessa de enfrentar com o risco, daí resultante, de ser mal entendida, de excluí-la da vida ética e, em todo o caso, de impedir a sua correcta valorização. Nos âmbitos social, jurídico, cultural, político e económico, ou seja, nos contextos mais expostos a tal perigo, não é difícil ouvir declarar a sua irrelevância para interpretar e orientar as responsabilidades morais. Daqui a necessidade de conjugar a caridade com a verdade, não só na direcção assinalada por S. Paulo da « veritas in caritate » (Ef 4, 15), mas também na direcção inversa e complementar da « caritas in veritate ». A verdade há-de ser procurada, encontrada e expressa na « economia » da caridade, mas esta por sua vez há-de ser compreendida, avaliada e praticada sob a luz da verdade. Deste modo teremos não apenas prestado um serviço à caridade, iluminada pela verdade, mas também contribuído para acreditar a verdade, mostrando o seu poder de autenticação e persuasão na vida social concreta. Facto este que se deve ter bem em conta hoje, num contexto social e cultural que relativiza a verdade, aparecendo muitas vezes negligente se não mesmo refractário à mesma."

13. Visita à região dos Abruzos na Itália atingida por um terremoto. Em 28 de abril de 2009, Bento XVI esteve em Coppito, L'Aquila, e lá se encontrou com os fiéis e com os que prestaram socorro.


No discurso, Bento XVI fez menção ao Papa Celestino V (1215-1296), que renunciou ao pontificado em 1294. Sobre a urna dos despojos do Papa Celestino V, Bento XVI deixou o seu Pálio do dia do início do pontificado. Ou nas próprias palavras do Papa Bento XVI:

"Iniciei esta minha visita de Onna, tão fortemente atingida pelo sismo, pensando nas outras comunidades vítimas do terramoto. Todas as vítimas desta catástrofe, estão no meu coração: crianças, jovens, adultos, idosos, abruzeses e de outras regiões da Itália e também de diversas nações. A paragem na Basílica de Collemaggio, para venerar os despojos do santo Papa Celestino V, permitiu-me ver de perto o coração ferido desta cidade. Quis que fosse uma homenagem à história e à fé da vossa terra, e a todos vós, que vos identificais com este Santo. Sobre a sua urna, como Vossa Excelência recordou, Senhor Presidente da Câmara Municipal, deixei como sinal da minha participação espiritual o Pálio que me foi imposto no dia do início do meu Pontificado. Foi também muito comovedor para mim rezar diante da Casa do Estudante, onde muitas jovens vidas foram ceifadas pela violência do sismo. Ao atravessar a cidade, dei-me conta ainda mais de quanto tenham sido graves as consequências do terramoto."

Em português, o discurso à população de Áquila com a oração do Santo Padre pode ser conferido aqui.

14.  Carta Pastoral aos Católicos na Irlanda, datada de 29 de março de 2010.

O Papa Bento XVI, fervoroso combatente dos abusos sexuais (pedofilia) no meio clerical da Igreja Católica, iniciou escrevendo dura e incisamente: "Amados Irmãos e Irmãs da Igreja na Irlanda, é com grande preocupação que vos escrevo como Pastor da Igreja universal. Como vós, fiquei profundamente perturbado com as notícias dadas sobre o abuso de crianças e jovens vulneráveis da parte de membros da Igreja na Irlanda, sobretudo de sacerdotes e religiosos. Não posso deixar de partilhar o pavor e a sensação de traição que muitos de vós experimentastes ao tomar conhecimento destes actos pecaminosos e criminais e do modo como as autoridades da Igreja na Irlanda os enfrentaram."

Mas o Papa faz ver que a questão de abuso de menores não é algo específico da Irlanda ou da Igreja, com estas palavras: "Na realidade, como muitos no vosso país revelaram, o problema do abuso dos menores não é específico nem da Irlanda nem da Igreja. Contudo a tarefa que agora tendes à vossa frente é enfrentar o problema dos abusos que se verificaram no âmbito da comunidade católica irlandesa e de o fazer com coragem e determinação. Ninguém pense que esta dolorosa situação se resolverá em pouco tempo. Foram dados passos em frente positivos, mas ainda resta muito para fazer. É preciso perseverança e oração, com grande confiança na força restabelecedora da graça de Deus."

Bento XVI não esconde a desilução que muitos ainda sofrem: "Sei que alguns de vós têm dificuldade até de entrar numa igreja depois do que aconteceu."

Por fim,

ORAÇÃO PELA IGREJA NA IRLANDA


Deus dos nossos pais,
Renova-nos na fé que é para nós vida e salvação
na esperança que promete perdão e renovação interior,
na caridade que purifica e abre os nossos corações
para te amar, e em ti, amar todos os nossos irmãos e irmãs.

Senhor Jesus Cristo
possa a Igreja na Irlanda renovar o seu milenário compromisso
na formação dos nossos jovens no caminho da verdade,
da bondade, da santidade e do serviço generoso à sociedade.

Espírito Santo, consolador, advogado e guia,
inspira uma nova primavera de santidade e de zelo apostólico
para a Igreja na Irlanda.

Possa a nossa tristeza e as nossas lágrimas
o nosso esforço sincero por corrigir os erros do passado,
e o nosso firme propósito de correcção,
dar abundantes frutos de graça
para o aprofundamento da fé
nas nossas famílias, paróquias, escolas e associações,
e para o progresso espiritual da sociedade irlandesa,
e para o crescimento da caridade, da justiça, da alegria
e da paz, na inteira família humana.

A ti, Trindade,
com plena confiança na amorosa protecção de Maria,
Rainha da Irlanda, nossa Mãe,
e de São Patrício, de Santa Brígida e de todos os santos,
recomendamos a nós próprios, os nossos jovens,
e as necessidades da Igreja na Irlanda.

Amém.

15. Visita Pastoral a Sulmona (Itália) no dia 4 de julho de 2010. Esta visita pastoral se destaca pelo apelo que Bento XVI fez à figura do Papa Celestino V, conhecido como São Pedro Celestino.

Vale conferir a homilia do Papa Bento XVI na Concelebração Eucarística na Praça Garibaldi - Sulmona, no domingo, 4 de julho de 2010, lendo aqui.

16. Viagem Apostólica ao Reino Unido (16-19 de setembro de 2010).

Dentre tantos pronunciamentos, assinalo o Discurso no Encontro com as Autoridades Civis, no Parlamento de Londres, em 17 de setembro de 2010, e a Homilia de Bento XVI na Santa Missa com a beatificação do venerável Cardeal John Henry Newman, no Cofton Park de Rednal - Birmingham, no Domingo, 19 de setembro de 2010.

Toda a programação dessa viagem pode ser conferida aqui.

17. Viagem Apostólica à Alemanha (22-25 de setembro de 2011).

Aqui quero destacar a visita do Bento XVI ao Parlamento Federal no Palácio do Reichstag de Berlim, no dia 22 de setembro de 2011. E já havíamos postado a matéria Bento XVI discursa no parlamento alemão.

Essa visita de um Papa ao Parlamento Alemão é histórica. E o discurso de Bento XVI, em português, e vídeo podem ser conferidos aqui.

E mais detalhes dessa viagem podem ser conferidos aqui.

18. Carta aos Seminaristas, datada de 18 de outubro de 2010.

Nesta Carta, Bento XVI fala da sua vocação. Fala do Seminário: "O Seminário é uma comunidade que caminha para o serviço sacerdotal" - afirma o Papa.

E fala de Deus na liturgia: "Para nós, Deus não é só uma palavra. Nos sacramentos, dá-Se pessoalmente a nós, através de elementos corporais. O centro da nossa relação com Deus e da configuração da nossa vida é a Eucaristia; celebrá-la com íntima participação e assim encontrar Cristo em pessoa deve ser o centro de todas as nossas jornadas".

19. Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio Porta Fidei com a qual se proclama o Ano da Fé, datada de 11 de outubro de 2011.


O Ano da Fé é um desses tempos fortes dentro da Igreja. Iniciado no dia 11 de outubro de 2012, o Ano da Fé vai até 24 de novembro de 2013 - Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (A Festa de Cristo Rei).

Inaugurado o Ano da Fé 2012-2013, o Papa Bento XVI o enriqueceu com um ciclo de catequeses dedicadas ao Ano Fé, proferidas nas Audiências Gerais das Quartas-Feiras, cujos textos em português e vídeos podem ser conferidos aqui.

O Ano da Fé, a Campanha da Fraternidade-2013 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e a Jornada Mundial da Juventude são três eventos eclesiais que se comunicam entre si. O primeiro abrange todas as camadas etárias da Igreja. Os dois últimos privilegiam a juventude, mas congregam toda a Igreja. Entretanto, é sabido que em todos os eventos estão a família e a juventude.

20. Viagem Apostólica ao México e à República de Cuba (23-29 de março de 2012).

Aqui ganhou destaque na mídia o encontro entre Bento XVI e Fidel Castro. Entretanto, não se pode esquecer que esta viagem compreendeu a visita a dois países - México e Cuba, ambos com fortes raízes católicas.

Extensa programação pode ser conferida aqui.

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Os pronunciamentos do Papa Bento XVI, emitidos depois da declaração da renúncia, não escondem certa divisão no seio da Igreja hierárquica, individualismos etc. e que as coisas precisam ser retomadas ou reformadas:

Renúncia. Bento XVI fez questão de frisar a que serve a sua renúncia - para o bem da Igreja, como se lê, por exemplo, nesta passagem: "Nestes últimos meses, senti que as minhas forças tinham diminuído, e pedi a Deus com insistência, na oração, que me iluminasse com a sua luz para me fazer tomar a decisão mais justa, não para o meu bem, mas para o bem da Igreja . Dei este passo com plena consciência da sua gravidade e também novidade, mas com uma profunda serenidade de espírito. Amar a Igreja significa também ter a coragem de fazer escolhas difíceis, dolorosas, tendo sempre diante dos olhos o bem da Igreja e não a nós mesmos." (Audiência Geral, Quarta-Feira, 27 de fevereiro de 2013, na Praça de São Pedro).

Concílio Vaticano II. Bento XVI incentiva a aplicação do Concílio Ecumênico Vaticano II - concílio real deve ganhar espaço sobre o concílio virtual, com estas palavras: "Sabemos como este Concílio dos meios de comunicação era acessível a todos. Por isso, acabou por ser o predominante, o mais eficiente, tendo criado tantas calamidades, tantos problemas, realmente tanta miséria: seminários fechados, conventos fechados, liturgia banalizada... enquanto o verdadeiro Concílio teve dificuldade em se concretizar, em ser levado à realidade; o Concílio virtual era mais forte que o Concílio real. Mas a força do Concílio era real, estava presente e, pouco a pouco, vai-se realizando cada vez mais e torna-se a verdadeira força, que constitui também a verdadeira reforma, a verdadeira renovação da Igreja. Parece-me que, passados cinquenta anos do Concílio, vemos como este Concílio virtual se desfaz em pedaços e desaparece, enquanto se afirma o verdadeiro Concílio com toda a sua força espiritual. E é nossa missão, precisamente neste Ano da Fé, começando deste Ano da Fé, trabalhar para que o verdadeiro Concílio, com a própria força do Espírito Santo, se torne realidade e seja realmente renovada a Igreja. Temos esperança de que o Senhor nos ajudará. Eu, retirado, com a minha oração estarei sempre convosco e, juntos, caminhemos com o Senhor, na certeza de que vence o Senhor! Obrigado!" (Encontro com o Clero de Roma, Sala Paulo VI, em 14 de fevereiro de 2013).

Igreja. Bento XVI esclarece que a Igreja é de Cristo, com estas palavras: "Gostaria de vos deixar um pensamento simples, que me está muito a peito: um pensamento sobre a Igreja, sobre o seu mistério, que constitui para todos nós — podemos dizer — a razão e a paixão da vida. Deixo-me ajudar por uma expressão de Romano Guardini, escrita precisamente no ano em que os Padres do Concílio Vaticano II aprovavam a Constituição Lumen Gentium, no seu último livro, com uma dedicatória pessoal também para mim; portanto as palavras deste livro são-me particularmente queridas. Diz Guardini: A Igreja «não é uma instituição pensada e construída sob um projecto.... mas uma realidade viva... Ela vive ao longo do tempo, no futuro, como todos os seres vivos, transformando-se... E no entanto na sua natureza permanece sempre a mesma, e o seu coração é Cristo». Foi a nossa experiência, ontem, parece-me, na Praça: ver que a Igreja é um corpo vivo, animado pelo Espírito Santo e vive realmente pela força de Deus. Ela está no mundo, mas não é do mundo: é de Deus, de Cristo, do Espírito. Vimos isto ontem. Por isso é verdadeira e eloquente também outra famosa expressão de Guardini: «A Igreja desperta nas almas». A Igreja vive, cresce e desperta nas almas, que — como a Virgem Maria — acolheram a Palavra de Deus e a conceberam por obra do Espírito Santo; oferecem a Deus a própria carne e, precisamente na sua pobreza e humildade, tornam-se capazes de gerar Cristo hoje no mundo. Através da Igreja, o Mistério da Encarnação permanece para sempre presente. Cristo continua a caminhar através dos tempos e em todos os lugares." (Saudação de despedida aos Cardeais presentes em Roma, Sala Clementina, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013).

Peregrino. O Papa Bento XVI despede-se, agora apenas um peregrino, com estas palavras: "Sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra. Mas quero ainda, com o meu coração, o meu amor, com a minha oração, a minha reflexão, com todas as minhas forças interiores, trabalhar para o bem comum, o bem da Igreja e da humanidade. E sinto-me muito apoiado pela vossa simpatia. Unidos ao Senhor, vamos para diante a bem da Igreja e do mundo. Obrigado!"  (Breve Saudação aos fiéis da Diocese de Albano, Balcão Central do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013).


Há muito mais. Por exemplo, as catequeses das Audiências das Quartas-Feiras, de 27 de abril de 2005 a 27 de fevereiro de 2013, que acompanharam todo o pontificado de Bento XVI. E mais viagens e documentos.

A declaração de renúncia de Bento XVI foi (e continuará sendo), em si, talvez o maior e mais profundo de todos os momentos do pontificado. Não encontra paralelo na história recente da Igreja. É uma grande novidade. E o Papa disse

"Dei este passo com plena consciência da sua gravidade e também novidade, mas com uma profunda serenidade de espírito. Amar a Igreja significa também ter a coragem de fazer escolhas difíceis, dolorosas, tendo sempre diante dos olhos o bem da Igreja e não a nós mesmos."

Boa leitura!


Leia mais:

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Bento XVI deixa um legado cheio de altos e baixos


Fonte da primeira imagem:
http://www.news.va/pt/news/bento-xvi-renuncia-ao-pontificado-6

Fonte da segunda imagem:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornada_Mundial_da_Juventude

Fonte da terceira imagem:
http://www.fazenda.org.br/institucional/visita-papa.php

Fonte da quarta imagem:
http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=257771

Fonte da quinta imagem:
http://correio.rac.com.br/_conteudo/2013/02/capa/mundo/30004-celestino-v-unico-papa-a-renunciar-antes-de-bento-xvi.html

Fonte da sexta imagem:
http://www.annusfidei.va/content/novaevangelizatio/pt/gallery.html

Fonte da sétima imagem:
http://www.vatican.va/bxvi/omaggio/index_po.html

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