domingo, 17 de março de 2013

Francisco: o Bispo de Roma


Na primeira aparição por ocasião do anúncio habemus Papam (temos Papa), Francisco declarou ser o Bispo que o Conclave deu à Roma: "Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. [...] E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo... este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade.

Das suas breves palavras de saudação, na noite romana de 13 de março de 2013, quarta-feira, faço rápidas pinceladas. A saudação de Francisco dá um toque de novidade.

Bispo e povo. Esta inafastável simbiose constitui a Igreja de Cristo, da Igreja que está em Roma, da Igreja que está na África, nas Américas, na Ásia, na Europa e na Oceania. Sempre a mesma Igreja.

A Igreja, como O Povo de Deus ora revitalizado por Francisco, é conceito muito caro ao Concílio Ecumênico Vaticano II (cfr Lumen Gentium, capítulo II). E isso fica mais claro nesta recíproca caridade - um orando pelo outro: Rezemos sempre uns pelos outros. [...] peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração vossa por mim.

Este tópico, concluo com as palavras de Marcello Semeraro, da Pontifícia Universidade Lateranense, atualmente Bispo da Diocese Suburbicária de Albano (Itália): "A noção de povo de Deus teve o mérito indubitável de ajudar os cristãos na autoconsciência renovada e amadurecida da Igreja no Vaticano II." (Povo de Deus, in Lexicon-Dicionário Teológico Enciclopédico, p. 603).

Igreja de Roma preside a todas as Igrejas na caridade. Onde está o Bispo, aí está a Igreja. O Bispo de Roma dado pelo Conclave é primus inter pares, ou seja, primeiro entre iguais (e iguais ou pares são todos os bispos da Igreja).

O Bispo de Roma preside (do latim, prae + sidere = sentar-se antes, em frente) todas as demais igrejas particulares (dioceses) espalhadas pelo mundo inteiro. A Cátedra Episcopal de Roma preside as demais cátedras episcopais.

Essa evocação de Francisco traz à realidade o príncipio da colegialidade episcopal também de muito apreço pelos Padres Conciliares do Vaticano II (cfr. Lumen Gentium, capítulo III, em especial ns. 22 e 23). Com isso, prevê-se maior e frutuoso intercâmbio entre o Bispo de Roma e os demais bispos, sob signo da caridade, envolvendo as conferências episcopais.

Ao encerrrar este tópico, trago as palavra de São Cipriano (210-258), Padre da Igreja: O episcopado é uno e indiviso... Uno é o episcopado do qual cada bispo possui simplesmente uma porção" (De catholicae Ecclesiae unitate, 4, M. Semeraro, Colegialidade, in Lexicon-Dicionário Teológico Enciclopédico, p. 112)).

Por ora, vou ficar nessas anotações sobre as novidades da saudação de Francisco, o Bispo de Roma.


Fonte da imagem:
http://www.webdiocesi.chiesacattolica.it/cci_new/s2magazine/index1.jsp?idPagina=19040

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