A palavra liturgia, que se tornou familiar depois do Concílio Vaticano II (1962-1965), pertence à língua grega clássica. Os dois termos gregos: leitos (= público) e érgein (= fazer) dão origem à leitourgia (leit-o-erg-ia). Por sua vez, leitos é originário de léos, forma dialetal de laós (= povo). Érgein, também por sua vez, é um verbo fora de uso, porém que sobrevive no futuro érxoi e no substantivo érgon (= trabalho, serviço, obra).
Assim visto, liturgia se caracteriza por dois elementos: público (não privado) e fazer (ação).
Literalmente, liturgia significa serviço prestado ao povo, fundamentalmente sem objetivos particulares.
Na antiga Grécia, ou mais especificamente em Atenas, era o serviço feito por alguém de posses, de condição social elevada, a favor do povo. Algo destinado ao público (= povo, coletividade). Esse alguém o fazia espontaneamente, com liberdade, ou se sentindo no dever, como que obrigado a fazê-lo em razão da posição econômica ou social que ocupava na sociedade.
Mais tarde, ou mais precisamente na época helenista (helenismo), quer por leis, quer pelo uso ou pelo costume, o serviço passa a ser obrigatório por parte do cidadãos de posses, abastados, em favor do povo, da coletividade.
Eram tipos de liturgia, por exemplo, a realização de obras, como hospedaria para acolher forasteiros, construção de pontes, estradas; prestação de serviços, como a apresentação de coro no teatro; outros, como armamento de navios, promoção de jogos olímpicos, festas nacionais. E assim por diante.
Ainda mais tarde, sobretudo no Egito (fazia parte do mundo helênico), onde estava a cidade de Alexandria, por liturgia já se entendia qualquer prestação pública de serviço. E partir do século II antes de Cristo, na medida em que a religião tinha caráter preponderantemente público, a palavra liturgia, por extensão desse sentido, entra para o mundo religioso pagão para significar o serviço de culto (serviço cultual) prestado aos deuses por pessoas para tal fim designadas.
Estava preparado o caminho para ingresso do termo liturgia nas Escrituras Hebraicas, o que veremos n'outra oportunidade.
Fonte da primeira imagem:
http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/Grecia/ArquteturaGrega.html
Fonte da segunda imagem:
http://www.descobriregipto.com/biblioteca-antiga-alexandria.html
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