O Papa Bento XVI aprovou a ordenação episcopal dos presbíteros Paolo Xiao Zejiang e Giuseppe Li Shan, celebradas na China, respectivamente, nos dias 8 e 21 de setembro de 2007. Foram as primeiras ordenações episcopais depois da Carta do Santo Padre Bento XVI aos Bispos, aos Presbíteros, às pessoas consagradas e aos fiéis leigos da Igreja Católica na República Popular da China - Carta aos Chineses.
É sabido que a Santa Sé e a República Popular da China (China Continental) estão com as relações diplomáticas rompidas desde 1951. E uma das dificuldades - talvez a maior - para o restabelecimento das relações diplomáticas tem sido o caso da nomeação de bispos pelo governo de Pequim. A Santa Sé defende que a nomeação de bispos é ato de exclusiva autoridade do Papa.
Nesta parte - nomeação de Bispos vs. relações diplomáticas, reproduzo texto da já mencionada Carta aos Chineses:
"Nomeação dos Bispos
9. Como todos vós sabeis, um dos problemas mais delicados nas relações da Santa Sé com as Autoridades do vosso País é a questão das nomeações episcopais. Por um lado, pode-se compreender que as Autoridades governamentais estejam atentas à escolha daqueles que irão desempenhar o importante papel de guias e de pastores das comunidades católicas locais, vistas as valências sociais que — na China como no resto do mundo — tal função tem também no campo civil. Por outro lado, a Santa Sé acompanha com especial cuidado a nomeação dos Bispos, porque esta toca o próprio coração da vida da Igreja, enquanto a nomeação dos Bispos por parte do Papa é garantia da unidade da Igreja e da comunhão hi erárquica. Por este motivo, o Código de Direito Canónico (cf. cân. 1382) estabelece graves sanções seja para o Bispo que confere livremente a ordenação episcopal sem mandato apostólico, seja para aquele que a recebe: tal ordenação representa de facto uma dolorosa ferida na comunhão eclesial e uma grave violação da disciplina canónica.
O Papa, quando concede o mandato apostólico para a ordenação de um Bispo, exerce a sua suprema autoridade espiritual: autoridade e intervenção, que permanecem no âmbito estritamente religioso. Não se trata, portanto, de uma autoridade política, que se intromete indevidamente nos assuntos internos de um Estado e lesa a sua soberania.
A nomeação de Pastores para uma determinada comunidade religiosa é entendida, inclusive em documentos internacionais, como um elemento constitutivo do pleno exercício do direito à liberdade religiosa.[43] A Santa Sé gostaria de ser completamente livre na nomeação dos Bispos;[44] portanto, considerando o recente caminho peculiar da Igreja na China, faço votos de que se encontre um acordo com o Governo para resolver algumas questões relacionadas seja com a escolha dos candidatos ao episcopado, seja com a publicação da nomeação dos Bispos, seja ainda com o reconhecimento — para os efeitos civis, enquanto necessários — do novo Bispo por parte das Autoridades civis.
Enfim, quanto à escolha dos candidatos ao episcopado, mesmo conhecendo as vossas dificuldades a tal respeito, desejo lembrar que é necessário que sejam sacerdotes dignos, respeitados e amados pelos fiéis, e modelos de vida na fé, e que possuam uma certa experiência no ministério pastoral que os torne capazes de fazer frente à pesada responsabilidade de Pastor da Igreja.[45] Se por acaso numa diocese não fosse possível encontrar candidatos capazes para a provisão da sede episcopal, a colaboração com os Bispos das dioceses limítrofes pode ajudar a individuar candidatos idóneos."
Portanto, o presente ato de aprovação é um grande passo para o caminho da unidade do catolicismo na China. Poderá ser o preâmbulo de um sinal verde para a normalização das relações diplomáticas?
Recomposição do Mundo - A estratégia vaticana
Fonte da primeira imagem:
http://www.sintravox.com/Internacional/2151.html
http://www.sintravox.com/Internacional/2151.html
Fonte da segunda imagem:
http://tubaroes.com.sapo.pt/As_Sete_Maravilhas.html#Muralha
http://tubaroes.com.sapo.pt/As_Sete_Maravilhas.html#Muralha
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