Como prometera, Dom Redovino Rizzardo, Bispo da Diocese de Dourados (Mato Grosso do Sul), dá continuidade ao seu artigo anterior e aqui comentado (Como se furtava em 1655), agora focando-o na situação presente.
A estória é interessante. O próprio larápio, pivô da estória, fica assustado com tanta violência, com a malandragem, a falta de respeito e de tranquilidade (A gente não pode levar a vida tranquilamente)
A estória revela a cadeia, ou melhor, a rede em que os furtos se desenvolvem: um furtando o outro. E a lei do mais vivo, do mais esperto. O larápio se revolta contra o furto a ele mesmo aplicado por outro larápio, privando-o do gozo imediato da coisa furtada ou roubada (um carro novinho).
Para Bagulhinho, personagem da estória, o fruto do furto ou do roubo justifica seu direito de ser proprietário, como se deduz desta parte do diálogo:
Bagulhinho: «Como não era meu, doutor? O
dinheiro era meu, sim! O dinheiro era meu, pô! Eu o roubei, é meu,
fruto da minha falta de emprego».
A atividade de Bagulhinho era furtar ou roubar, e o fazia suando a camisa ou não. Era o planejamento que podia falhar, posto que acabou sendo furtado por outro.
Furtar ou roubar fora elevado por Bagulhinho à categoria de profissão. Se dele fosse furtado o que antes ele próprio já furtara ou roubara de outrem, ia imediatamente buscar seus direitos, consciente de que o exercício da sua profissão o autorizava a isso.
Dom Redovino Rizzardo, conclui seu artigo com as palavras de Ruy Barbosa (1849-1923):
Quem sentiu tudo isso na pele foi Rui Barbosa (1849/1923). Por quatro
vezes candidato à presidência da República – mas sempre derrotado por
ser mais honesto do que rico – desabafou no final de sua vida: «De tanto
ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto
ver crescer a injustiça, de tanto ver se agigantarem os poderes nas mãos
dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a
ter vergonha de ser honesto!»
Ao moderno crime sofisticado envolvendo pessoas de confiança e de conceito pertencentes à camada da alta sociedade ou dos escalões do Estado, aparentemente realizado sem violência física, denomina-se crime do colarinho branco, cuja definição coube ao sociólogo norte-americano Edwin Hardin Sutherland (1883-1950).
Leia, na íntegra, o artigo "Como se rouba em 2013", clicando aqui.
Fonte da primeira imagem:
http://bananasrepublic.blogspot.com.br/2011/11/supostos-crimes-do-colarinho-branco-no.html
Fonte da segunda imagem:
http://www.pimenta.blog.br/tag/crimes-do-colarinho-branco/
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