segunda-feira, 1 de junho de 2015

A presença e a ação do Espírito Santo na Liturgia



Presentemente, e até que a parusia se realize, a comunidade do Povo de Deus vive o Tempo do Espírito Santo, também chamado o Tempo da Igreja. É um tempo forte e profusamente marcado pela presença do Espírito.

O Espírito tem seu espaço desde a criação do mundo, eis que, como inscrito no Livro do Gênesis, o Espírito de Deus pairava sobre as águas (Gn 1,2).

Não é, pois, sem razão que o Concílio Ecumênico Vaticano II (Decreto Ad Gentes, n. 4; Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 6) afirma:

Não há dúvida de que o Espírito Santo já operava no mundo antes da glorificação de Cristo.

Há uma presença difusa do Espírito no mundo. Assim como o sol emana sua luz e calor para todos indistintamente, o mesmo acontece com a difusão dos dons do Espírito.  

É, na Igreja, que o Espírito marca necessária e prodigamente a sua presença. Na passagem do Evangelho de João (Jo 19,30), os biblitas veem a transmissão do Espírito de Cristo à sua nova criação, ou seja, à Igreja. 

Nesse sentido, o biblista Jacques Guillet, no clássico Vocabulário de Teologia Bíblica (Espírito de Deus - IV: A Igreja recebe o Espírito), conclui enfaticamente: 

Esse Espírito é o Espírito de Jesus: faz repetir os gestos de Jesus, anunciar a palavra de Jesus 4,30; 5,42; 6,7; 9.20; 18,5; 19,10.20), repetir a oração de Jesus (At 7,50s = Lc 23,34.46; At 21,14 = Lc 22,42), perpetuar na fração do pão a ação de graças de Jesus; mantém entre os irmãos a união (At 2,42; 4,32) que agrupava os discípulos em torno de Jesus.

Ainda com vista à continuidade da missão para a qual o Filho habitou entre nós, o Cristo solenizou, tornou público o envio do Espírito Santo, em Pentecostes, sobre os discípulos e, com eles e seus sucessores, permanecendo para sempre (cf. Ad Gentes, n. 4). 

É na liturgia que se evidencia a profusão do Espírito Santo, como bem explica o liturgista Pedro Fernandez (A Celebração na Igreja, 1):

Sem o poder do Espírito, seria impossível celebrar a liturgia; por isso as celebrações litúrgicas começaram em pentecostes. O Espírito é, em Jesus Cristo, constitutivo do culto cristão e da assembleia cultual da Igreja. Assim, o Espírito é uma pessoa em muitas pessoas.

Mais recentemente, Bento XVI, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis, reforça a presença ativa do Cristo na Igreja em razão da ação do Espírito, com estas palavras:

Portanto, é em virtude da ação do Espírito que o próprio Cristo continua presente e ativo na sua Igreja, a partir do seu centro vital que é a Eucaristia. (n. 12).

Como se constata, Cristo continua habitando entre nós, porque, ressuscitando, venceu a morte. Se venceu a morte, vivo está. Antes Jesus estava limitado pela assunção da nossa humanidade, agora, glorificado, seu corpo glorioso já não mais está sujeito às leis do espaço e do tempo.

As expressivas palavras da profissão de fé, pronunciadas pelo Papa Paulo VI, na conclusão do Ano da Fé celebrado por ocasião do XIX centenário do martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, enaltecem a presença e a ação do Espírito Santo:

Cremos no Espírito Santo, Senhor que dá a vida e que com o Pai e o Filho é juntamente adorado e glorificado. Foi Ele que falou pelos profetas e nos foi enviado por Jesus Cristo, depois de sua ressurreição e ascensão ao Pai. Ele ilumina, vivifica, protege e governa a Igreja, purificando seus membros, se estes não rejeitam a graça. Sua ação, que penetra no íntimo da alma, torna o homem capaz de responder àquele preceito de Cristo: "Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste" (cf. Mt 5,48).

Essas vivas palavras do Papa Paulo VI, tiradas da homilia da Solene Concelebração na conclusão do Ano da Fé (Domingo, 30 de junho de 1968, na Praça de São Pedro), ficaram conhecidas como o Credo do Povo de Deus ou Credo de Paulo VI.


Leia mais:

O Espírito Santo na Liturgia, por Pe. Gregório Lutz, cssp

Audiência de João Paulo II, Quarta-feira, 4 de novembro de 1998


Fonte da imagem:
http://paroquiaconceicaoeisabel.blogspot.com.br/2012/02/dimensao-pneumatica-da-liturgia.html

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