terça-feira, 28 de outubro de 2014

Deus não faz parte da política: um discurso que reflete o desapreço pelo Brasil religioso.


O Brasil é uma nação nitidamente religiosa, mormente cristã. Nasceu sob o signo da Cruz - Terra de Santa Cruz.

Com uma população já pouco acima dos duzentos milhões habitantes, 87% desse total é formada por cristãos. Não obstante esse percentual expressivo, sem levar em consideração outros credos, Deus foi alijado da política como se vê de recentíssimo discurso.

A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, inaugura-se sob a proteção de Deus, nestas palavras pétreas:

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

Vejamos. O discurso pronunciado pela Senhora Presidente da República, reeleita, logo que conhecido o resultado final da apuração (discurso este que se reveste de simbolismo por ser o primeiro encontro ou reencontro oficial com a nação depois do embate eleitoral), Deus passou ao largo. Não há no discurso uma só palavra a ou sobre Deus ou a um referencial simbólico religioso.

Dos cumprimentos apresentados, o povo brasileiro foi o lanterninha, o último. O protagonista da sua reeleição voltou, agora, a ter papel secundário. E isso se justifica: a eleição passou.

E mais: não há expressão alguma sobre o oponente vencido e as forças políticas de oposição.  Portanto, além da descortesia, não há disposição por parte de quem foi reeleita para a verdadeira união nacional.

Ao contrário, o discurso fomenta o confronto, ao afirmar:

Minhas primeiras palavras são de chamamento da base e da união.
O pomo da discórdia está plantado no discurso:

Meus amigos e minhas amigas, entre as reformas, a primeira e mais importante deve ser a reforma política.
Meu compromisso, como ficou claro durante toda a campanha, é deflagrar essa reforma. Que deve ser realizada por meio de uma consulta popular. Como instrumento dessa consulta, o plebiscito, nós vamos encontrar a força e a legitimidade exigida neste momento de transformação para levarmos à frente a reforma política.
Quero discutir profundamente esse tema com todo o Congresso e toda a sociedade brasileira. Tenho a convicção de que haverá interesses dos setores do Congresso, da sociedade para abrir uma discussão e encaminhar medidas concretas. Quero discutir com todos os movimentos sociais e da sociedade civil.

A candidata reeleita se sente com suposta autoridade para rediscutir aquilo que já fora rejeitado pelo Congresso Nacional, este, se não o rejeitasse, estaria condenado a um processo secundário na condução política da Nação. E reforma política não se impõe, goela abaixo, ao povo brasileiro, por decreto.

Deus foi afastado, esquecido, quer pelo conteúdo quer pela forma do simbólico discurso.

O Brasil das religiões, formado por cristãos, judeus, muçulmanos, espíritas e por religiões afro-brasileiras, é o grande esquecido, não faz parte do discurso e da prática política.


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Fonte da imagem:
http://www.grancursos.com.br/blog/constitucionalismo-antigo-ao-contemporaneo/

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