sábado, 7 de junho de 2008

Reflexões de um Bispo: Dom Clemente Isnard


"Reflexões de um Bispo sobre as instituições eclesiásticas atuais" é um pequeno livro, mas grande na profundidade do conteúdo. Apenas 40 páginas.

O livro é de autoria do conceituado liturgista Dom Clemente Isnard, OSB, Bispo Emérito da Diocese de Nova Friburgo, Rio de Janeiro, que, no dia 8 de julho de 2008, completará 91 anos. Publicado pela Editora Olho d'Água, com prefácio do Padre José Comblin.

Dom Clemente José Carlos Isnard, OSB, recebeu a ordenação episcopal em 25 de julho de 1960 e dois anos depois já participou do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965), desde a abertura até o seu encerramento. É uma das poucas testemunhas vivas que, como bispo, participou do Concílio Ecumênico Vaticano II.

Dom Clemente Isnard é identificado com a liturgia. O Papa Paulo VI o nomeou membro do Conselho para execução da Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia e depois membro da Congregação para o Culto Divino. Esteve à frente da Comissão de Liturgia da CNBB. Na qualidade de Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, Dom Clemente Isnard fez, em 25 de setembro de 1991, a Apresentação da versão brasileira da segunda edição típica do Missal Romano, ainda em uso no Brasil.

Toda essa experiência pastoral credencia Dom Clemente Isnard, aos noventa anos de idade, a tratar de temas sempre recorrentes entre aqueles que pensam a Igreja, renovada, a partir do Concílio Vaticano II. Satisfeitos estavam os padres conciliares, como se lê desta passagem do mencionado livro "Reflexões de um Bispo...": "Vê-se que Paulo VI no dia 8 de dezembro de 1965 estava plenamente satisfeito com os resultados do Concílio. E eu também. Parecia-me que se tinha feito tanta coisa que nada tinha sobrado por fazer" (pág. 24).

O Concílio Vaticano II foi esse grande acontecimento do Século XX, portador de esperança, de abertura e de liberdade na Igreja e para o mundo. Eis as expressões recorrentes para a dinâmica do Concílio: aggiornamento e retorno às fontes. E aqui me reporto, para a explicitação da aplicação desses termos ao espírito do Concílio, ao artigo "40 Anos do Concílio Vaticano II", de autoria de Dom João Wilk, OFMConv, Bispo Diocesano da Diocese de Anápolis, Goiás.

O pequeno livro "Reflexões de um Bispo..." focaliza temas considerados delicados, mas que devem ser pensados e repensados por cristãos maduros. E o Bispo Dom Clemente Isnard convoca: "Todo católico apostólico romano deve trazer sua modesta colaboração para o bem da Igreja, seguindo João XXIII, Paulo VI e os bispos do Concílio Vaticano II. Sem medo e sem hesitação" (pág. 4).

O fim é o "bem da Igreja". E, a meu ver, deve-se entender Igreja enquanto Povo de Deus, nos caminhos do Papa João XXIII, que convocou o Concílio Ecumênico Vaticano II, do Papa Paulo VI, que deu seguimento ao Concílio, o encerrou e que iniciou a sua colocação em prática. E como não poderia deixar de ser: dos Bispos do Concílio. E acrescento: obviamente, de todos os documentos discutidos e aprovados nas várias sessões do Concílio.

Em seu livro, Dom Clemente José Carlos Isnard, OSB, focaliza, entre outros, temas como:

. A importância da participação popular nas nomeações episcopais.

. O Celibato Sacerdotal.

. As ordenações femininas.

Por derradeiro, as palavras de Dom Clemente Isnard:

"Terminada a redação desse opúsculo, falei de seu conteúdo ao abade do Mosteiro. Ele não leu o livro, mas por ouvir falar de algo nele abordado, julgou de seu dever me prevenir de que essa publicação iria me trazer muitos sofrimentos, e até respingos sobre ele e o mosteiro" (pág. 37).

E, após questionar Que sofrimentos seriam esses?, o próprio bispo emérito Dom Clemente Isnard continua:

"Tenho certeza de que nesse opúsculo não há nada contra a fé católica. Pelo contrário, penso que embora ele arrisque para mim alguma contestação do superior (só tenho um superior que é o papa), enfrentarei isso com tranqüila consciência.

Caso eu optasse agora pela minha tranqüilidade, pela velhice com honra e consideração, eu estaria traindo minha vocação, a vocação que me trouxe ao mosteiro, que me fez amar a Igreja a ponto de renunciar a tudo por ela. Estaria sendo covarde" (pág. 37).


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Fonte da primeira imagem:
http://www.olhodagua.com.br/detalhes.php?sid=20190133928052008234349&prod=177&kb=1025


Fonte da segunda imagem:
http://calvariano.uniblog.com.br/247667/aniversario-de-dom-clemente-isnard.html


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