Há mais de 40 anos a missa, em latim, era, a grosso modo, notada e caracterizada pelo povo por estes elementos: sermão, consagração e comunhão.
O sermão, em português. O toque da campainha indicava o momento da consagração. Na hora da comunhão, o padre vinha até a mesa da comunhão (podemos dizer que era um grande genuflexório coletivo - ou uma espécie de cancela - que separava o povo do distante altar, do qual, de costas, o padre dizia a missa). Por essas razões, essas três fases eram notadas pelo povo.
E não podemos esquecer. Enquanto o padre dizia a missa, era comum muitos do povo rezarem, individualmente, o seu terço, e até porque grande parte do tempo se ficava de joelhos. O terço e outras rezas eram interrompidas quase só pelo toque da campainha na consagração.
Em geral, o povo não tinha participação ativa na missa.
Com essas características, não restava dúvidas de que era uma missa dita ou rezada pelo padre.
Sucede que, com o advento da Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, um dos documentos do Concílio Vaticano II (1962-1965), mudanças começam a mexer com as pessoas (algumas ficam pelo caminho, ou melhor, permanecem na Missa Tridentina), impulsionando-as a não ficar paradas, mudas na celebração da Missa, agora na língua do povo.
Com a abertura dada pelo Concílio, a literatura religiosa se expande e chega ao povo. E o mesmo sucede com a Bíblia.
Outros nomes se tornam conhecidos, quer pelo próprio Concílio ou pela Instrução Geral sobre o Missal Romano, quer pela expansão da literatura religiosa, tais como: Ceia do Senhor, Eucaristia...
O Catecismo da Igreja Católica, promulgado pelo Papa João Paulo II em 11 de outubro de 1992 (ns. 1328-1330), reconhece a existência de diversos nomes, e destaco estes: Eucaristia, Ceia do Senhor, Fração do Pão, Assembléia Eucarística (synaxis), Memorial, Santo Sacrifício, Santa e Divina Liturgia, Comunhão e Santa Missa.
E ainda outras designações: Sacramento do Altar, Santo Sacrifício do Altar, Sacrifício da Nova Aliança, Nova Páscoa, Páscoa de Cristo...
Os diversos nomes não querem, no entanto, dizer que há vários mistérios. Apenas revelam aspectos, faces do mesmo e único Mistério celebrado. Cada nome ou designação evoca a riqueza do Mistério ou Sacramento, e passa a designá-lo por inteiro.
Determinados nomes foram mais usados em tal e qual tempo e lugar. Por exemplo, Fração do Pão, Ceia ou Refeição do Senhor tiveram uso destacado nos primeiros cem anos do Cristianismo, aparecendo com bastante constância no Novo Testamento. Assembléia ou Sinaxe (synaxis) foi utilizado pelos gregos entre os séculos IV e VII.
O nome Eucaristia começa a ser usado entre o fim do primeiro século e o início do segundo século.
O Catecismo da Igreja Católica adota para o terceiro sacramento da Igreja o nome de Sacramento da Eucaristia. O Papa João Paulo II escreveu a Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja, datada de 17 de abril de 2003, e o Papa Bento XVI publicou a Exortação Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis sobre a Eucaristia, Fonte e Ápice da Vida e da Missão da Igreja, datada de 22 de fevereiro de 2007.
Nas três publicações adota-se o nome Eucaristia para o mesmo e único Mistério celebrado, em que comungamos o Corpo e Sangue de Cristo.
As designações mais usuais hoje são: Ceia do Senhor, Eucaristia e Missa. Parece-me que o nome Eucaristia tem mais densidade no contexto da celebração do Mistério em que comungamos o Corpo do Cristo.
Crédito da imagem do Papa: Reuters
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