Na santificada tarde de sexta-feira, o Papa e os bispos brasileiros celebraram as Vésperas da Liturgia das Horas, na Catedral da Sé, no centro da cidade de São Paulo. Bento XVI fez um discurso (homilia) dos mais contundentes até agora pronunciados.
Recomeçar a partir de Cristo em todos os âmbitos da missão, afirma o Papa.
Isso mesmo: recomeçar é o que a Igreja precisa no tempo atual. E recomeçar a partir do evento fundador: Jesus de Nazaré, o Cristo.
Tempos houve em que a Igreja esteve despreocupada com a evangelização contínua e profunda. Contentava-se com aquela ingênua catequese para a primeira comunhão, e só. Despreocupada porque todos se sentiam católicos e em tudo se respirava o catolicismo. Grande parte da população estava no campo. E a situação aqui, quer econômica quer social e familiar (grande família), favorecia a permanência de valores cristãos.
Tempos mudaram. Kant, filósofo alemão, diz que o homem atinge sua maioridade. Não necessita ser tutelado pela religião. A Revolução Francesa, com seu ideário de liberdade, igualdade e fraternidade, influenciou movimentos de emancipação política. A Razão, e tão somente ela, é deusa da vida. Deus sai do centro. Laicismo se opõe a sagrado (Igreja, clerical...). O Estado se define simplesmente laico (O Estado brasileiro é laico a partir da proclamação da República, em 1889).
É a modernidade. Que, no final, decepciona o homem na felicidade a ele prometida.
Pois bem, esse conjunto de coisas alterou aquele cenário do catolicismo que se reproduzia naturalmente pelo estímulo das condições culturais sem rivais da época. Aquela fé educada numa catequese ingênua se revelou débil para se sustentar, para fazer frente a essa nova cultura. O campo se esvaziou e a cidade inchou. Os valores cristãos cederam lugar aos apelos da vida urbana: consumista e utilitarista.
A população campestre que veio para a cidade, caindo em situação de pauperidade e sentindo a falta de um contato mais direto de alguém para auscultar suas ansiedades, pendeu para o segmento religioso que melhor lhe aprouve. E a isso se some que a população, fragilizada por aquela ingênua formação catequética, acabou por caracterizar que tanto faz seguir indiferentemente este ou aquele segmento religioso.
Casos há, porém, que a perda de fiéis se credita à ausência de padres nas cercanias das grandes cidades e nas pequenas cidades do interior.
Diante desse quadro, quer seja pelo laicismo da sociedade ou pela precariedade da evangelização, quer seja pelo fluxo migratório do campo para a cidade ou pelo insuficiente número de padres, quer seja pela ausência de um discurso atualizado e testemunhado ou pela mercantilização religiosa, importa à Igreja recomeçar a partir de Cristo. Como? Pela evangelização, segmentada na formação de ministros e na catequese continuada e aprofundada. Na vivência da fé por uma liturgia de qualidade. Na atitude de acolhimento que venha a permear tudo.
A respeito, afirma o Papa: “porque fé, vida e celebração da sagrada liturgia como fonte de fé e de vida, são inseparáveis”.
Nesse contexto, a posição de Bento XVI se afigura para além da modernidade: repor o homem, segundo seu intento, no caminho da felicidade.
Neste post, não enfocaremos todos os temas abordados pelo discurso. Fiquemos apenas com este:
Recomeçar a partir de Cristo em todos os âmbitos da missão, afirma o Papa.
Isso mesmo: recomeçar é o que a Igreja precisa no tempo atual. E recomeçar a partir do evento fundador: Jesus de Nazaré, o Cristo.
Tempos houve em que a Igreja esteve despreocupada com a evangelização contínua e profunda. Contentava-se com aquela ingênua catequese para a primeira comunhão, e só. Despreocupada porque todos se sentiam católicos e em tudo se respirava o catolicismo. Grande parte da população estava no campo. E a situação aqui, quer econômica quer social e familiar (grande família), favorecia a permanência de valores cristãos.
Tempos mudaram. Kant, filósofo alemão, diz que o homem atinge sua maioridade. Não necessita ser tutelado pela religião. A Revolução Francesa, com seu ideário de liberdade, igualdade e fraternidade, influenciou movimentos de emancipação política. A Razão, e tão somente ela, é deusa da vida. Deus sai do centro. Laicismo se opõe a sagrado (Igreja, clerical...). O Estado se define simplesmente laico (O Estado brasileiro é laico a partir da proclamação da República, em 1889).
É a modernidade. Que, no final, decepciona o homem na felicidade a ele prometida.
Pois bem, esse conjunto de coisas alterou aquele cenário do catolicismo que se reproduzia naturalmente pelo estímulo das condições culturais sem rivais da época. Aquela fé educada numa catequese ingênua se revelou débil para se sustentar, para fazer frente a essa nova cultura. O campo se esvaziou e a cidade inchou. Os valores cristãos cederam lugar aos apelos da vida urbana: consumista e utilitarista.
A população campestre que veio para a cidade, caindo em situação de pauperidade e sentindo a falta de um contato mais direto de alguém para auscultar suas ansiedades, pendeu para o segmento religioso que melhor lhe aprouve. E a isso se some que a população, fragilizada por aquela ingênua formação catequética, acabou por caracterizar que tanto faz seguir indiferentemente este ou aquele segmento religioso.
Casos há, porém, que a perda de fiéis se credita à ausência de padres nas cercanias das grandes cidades e nas pequenas cidades do interior.
Diante desse quadro, quer seja pelo laicismo da sociedade ou pela precariedade da evangelização, quer seja pelo fluxo migratório do campo para a cidade ou pelo insuficiente número de padres, quer seja pela ausência de um discurso atualizado e testemunhado ou pela mercantilização religiosa, importa à Igreja recomeçar a partir de Cristo. Como? Pela evangelização, segmentada na formação de ministros e na catequese continuada e aprofundada. Na vivência da fé por uma liturgia de qualidade. Na atitude de acolhimento que venha a permear tudo.
A respeito, afirma o Papa: “porque fé, vida e celebração da sagrada liturgia como fonte de fé e de vida, são inseparáveis”.
Nesse contexto, a posição de Bento XVI se afigura para além da modernidade: repor o homem, segundo seu intento, no caminho da felicidade.
2 comentários:
Foi o discurso mais incisivo, completo, complexo e intelectualizado dele até aquele momento em sua visita ao Brasil. Ficou mais de meia hora falando. Não escapou nenhum assunto: família, comportamento pessoal, laicismo, relativismo, questões sociais, política, coerência, doutrina social da igreja, emancipação humana etc..
Sem análises simplistas, apressadas ou preconceituosas, sem aqueles velhos e manjados clichês, ficou evidente que o Papa está muito acima da divisão progressistas X conservadores.
No mínimo, devemos parar e ouvir com atenção o que ele nos diz.
Gustavo.
O Papa Bento XVI não nomeia movimentos, teologias. O conteúdo do pronunciamento dele está para além das questões menores. Estas se superam pela busca da identidade cristã.
De acordo.Devemos agora, com mais calma, reler esse e os outros pronunciamentos do Papa. Eles são sábios e proféticos.
Abraço
Guedes.
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