Do livro do padre Álvaro Barreiro, SJ, tomo por empréstimo o título deste post.
No Tempo Pascal dão-se as aparições do Jesus ressuscitado, ou cristofanias. É o tempo em que se vai como que preparando o atual tempo da história da salvação, chamado tempo da Igreja, ou o tempo do Espírito Santo.
Era o primeiro dia da semana (equivalente ao domingo). Abatidos com a morte do seu líder, dois discípulos abandonaram Jerusalém. Talvez quisessem tocar suas vidas fora do centro político, econômico e religioso - Jerusalém. Dirigiram-se, então, para um povoado chamado Emaús, distante de Jerusalém uns dez quilômetros.
Todos os acontecimentos da semana anterior, sobremodo a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e os seus sofrimentos da quinta a sexta-feira, estavam frescos na cabeça dos discípulos. E, enquanto caminhavam, comentavam entre si esses fatos. E, naturalmente, a eles se juntou um viajante que acabou por interromper a viagem.
O evangelista Lucas descreve esse episódio dos dois discípulos, conhecido sob o título de Os dois discípulos de Emaús, ou Os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35) .
Neste tempo das aparições - Tempo Pascal -, a Igreja coloca a narração lucana em duas celebrações litúrgicas: eucaristia (missa) da quarta feira na Oitava da Páscoa (26/3) e eucaristia (missa) do terceiro Domingo da Páscoa (6/4).
"O itinerário da fé pascal" dos discípulos de então e dos de hoje passa pelo encontro com o Cristo - o viajante que, sem alarde, se junta a nós, para dar esperança, dar sentido à vida.
Sempre me fascinou essa maravilha de Os discípulos de Emaús. Nela, via e vejo como que a primeira Celebração Eucarística (Missa), em sua inteireza fundamental (liturgia da palavra e liturgia eucarística). Ou, como diz a Instrução Geral sobre o Missal Romano: "A Missa consta, por assim dizer, de duas partes, a saber: a liturgia de palavra e a liturgia eucarística, tão intimamente unidas entre si, que constituem um só ato de culto" (n. 28).
E ainda: o retorno dos discípulos a Jerusalém para unir-se aos demais bem define o sentido da celebração eucarística fazer um só corpo e um só espírito. E mais o ide da Missa coincide com o sentido do retorno: confirmar a alegre novidade; anunciá-la, não guardando só para si.
O livro "O itinerário da fé pascal", de autoria do padre Álvaro Barreiro, SJ, está plasmado em cima do texto Lucas (Lc 24,13-35), razão pelo qual a ele me reporto. O livro como que, trabalhando uma aparição do Tempo Pascal, ajuda a viver a espiritualidade deste kairós. É livro para ser lido e meditado não apenas no Tempo Pascal, mas a todo tempo, pois todo o tempo é tempo de escutar o Cristo, partir e repartir, retornar à unidade na fé, alegrar-se e anunciar.
Concluo com as palavras do padre Álvaro Barreiro, com perguntas, cujas repostas serão encontradas no decorrer do livro: "O relato da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús responde às perguntas que eram feitas nas comunidades contemporâneas do evangelista; perguntas que continuam a ser feitas em nossas comunidades: Por que Jesus ressuscitado, "o Vivente" (vv. 5.24), não se manifesta? Por que nossos olhos são incapazes de vê-lo? Por que nossos corações são lentos para crer?" [1].
Leia mais:
[1] Álvaro Barreiro, SJ, O itinerário da fé pascal: A experiência dos discípulos de Emaús e a nossa (Lc 24, 13-35), São Paulo, Edições Loyola, 4ª edição, revista e ampliada, junho de 2005, p. 16.
Fonte da primeira imagem:
http://www.vilakostkaitaici.org.br/texto_estudos_quevedo21.htm
Fonte da segunda imagem:
http://www.escoladeevangelizacao.com.br/redir.php?show=shopping.php
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